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Ilustração: Eduardo Gooda/ Coletivo Boitatá

Todo mundo já percebeu que Bauru está entupida de carros. Há algum tempo temos hora do rush e engarrafamento nas principais avenidas da cidade. O trânsito fica caótico. O que desencadeia outro problema: não tem onde parar o carro.

Dia desses fui a um evento social a noite e como era de se esperar, não tinha onde estacionar! Até que, depois de rodar muito, vi que muita gente estava parando o carro em um estacionamento de um supermercado que ficava perto. Fiz o mesmo.

Seria por pouco tempo, eu achei.

Umas duas horas e meia depois, o evento acabou e começou a cair uma chuva daquelas. Ninguém queria sair na chuva e todos ficaram no local aguardando para ir embora. Foi quando eu me dei conta de que passara das 22h e provavelmente o estacionamento do supermercado estaria fechado! Olhei por uma janela e vi o estacionamento vazio, nenhum carro e os portões fechados. Que ótimo!

Bateu aquele nervoso e sai do lugar de vestido, salto, bolsa e guarda-chuva – roupas superapropriadas para caçar meu carro! Desci escada e ladeiras até que cheguei em frente ao estacionamento, e lá estava meu carro, bonitinho na chuva, preso no estacionamento. Que ótimo.

Que desespero. Ligo para o guincho ou para casa chorando?

Tinha um boteco aberto na mesma calçada e resolvi ir lá perguntar se alguém tinha visto quem tinha trancado os portões. Um senhor disse que o supermercado tem vigia noturno, que fica dentro da loja, com entrada do outro lado do quarteirão em uma grande avenida de Bauru. Ele me orientou a ir até lá e chamá-lo, mas para isso eu teria que andar debaixo daquela chuva toda, a noite e no escuro.

“Fazer o quê”, pensei. Pior do que tá não fica.

E fui andando pela rua escorregadia, de salto, vestido e bolsa. Sendo que a região é perigosa e comum por assaltos, além de ficar bem próxima a um ponto onde ficam mulheres de programa, nem preciso dizer que todo carro que passou por mim buzinou. Para a minha autoestima foi bom até, mas a tensão e o nervoso eram tanto que se alguém me assaltasse eu deixaria levar tudo e pediria um abraço.

Chegando na frente do supermercado, os portões estavam abertos porque os funcionários estavam indo embora. Atravessei o estacionamento cheio de poças correndo, abanando os braços para que alguém me visse. “Moço, moço, meu carro é aquele que está parado no estacionamento de cima, posso tirar ele de lá?”. O funcionário disse que eu poderia sim, sem problemas, só teria que subir uma rampa de acesso, a pé. E foi eu fazer o caminho de volta naquele estilo, pronta para uma festa. Subi a rampa com a pressa e esperança de um corredor que chega na reta final de uma maratona.

E lá estava ele estacionado bonitinho, sozinho.

Atravessei ainda algumas piscinas que tinham se formado de tanta água (porque não era mais uma poça aquilo, dava para atravessar de braçada) e cheguei até meu carro. Sensação enorme de alívio. Exausta, molhada, acabada… mas de carro! Infelizmente nas últimas semanas eu fui vítima do caos no trânsito de Bauru. Felizmente sai ilesa, só que dessa vez sem carro.

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