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Ilustração: Eduardo Gooda / Coletivo Boitatá

Quem conhece Bauru, sabe que a cidade é literalmente sem limites. Sem limites principalmente para acontecimentos estranhos e que, ocasionalmente, vão parar em rede nacional. Mas acredito que é esse o grande charme da cidade-sanduíche: situações constrangedoras que deixam qualquer cidadão envergonhado, mas ao mesmo tempo, com um leve orgulho de fazer parte das bizarrices do interior de São Paulo.

São tantos fatos mirabolantes ao redor de Bauru que é até difícil enumerar. Mas vamos começar com a explosão da Nações Unidas. Sim! Em 1973, em uma sexta-feira 13 – parece piada, mas não é – o presidente Geisel fez uma pequena visita à cidade. O que ele não esperava é que a avenida iria explodir sem mais nem menos. Imagina a loucura do povo nesse momento! Mas, como estamos falando de Bauru, muito se engana quem acreditou em um atentado contra o presidente. Não, não. Na verdade foi um caminhão-tanque que derrubou combustível na Octávio Pinheiro Brisolla e foi parar lá na Nações. E o pior de tudo: a culpa da explosão foi de um cigarro aceso. Agora sim, veja bem, estamos falando de Bauru.

E o que falar das celebridades que deixaram Bauru famosa? Até Pelé veio parar por aqui. Edson Celulari. Grupo Sereno (aposto que desses, você não lembrava). Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro. Políticos que vinham conhecer a “Casa da Eny” (você entendeu o que eu quis dizer). Pois é, minha gente, Bauru não é tão ruim quanto parece, não. Olha quanta coisa boa veio parar por aqui. Mas o mais legal mesmo da cidade-sanduíche são as lendas urbanas. Aposto que você, se cresceu em Bauru desde sempre, já ouviu falar na união do Wal-Mart com o Bauru Shopping. E também tenho certeza de que já ouviu as histórias de “bandidos” no Wal-Mart que raptavam crianças para roubar os órgãos e vender no mercado negro. E as seringas de AIDS que eram espalhadas nas cadeiras do cinema? Muita maldade reinava por aqui, pelo visto. E o apagão nacional de 1999? Dizem que esse blecaute ocorreu por causa de um raio caído aqui na cidade. Boa parte do país ficou sem energia por um tempo e, pasmem, de onde veio a origem do problema? Bauru. Mas o triste mesmo é que não houve raios naquele dia. O problema foi a redução da segurança e da manutenção da subestação da CESP. Não foi raio não, foi desleixo. Coisas de Bauru.

Mas a principal atração da cidade é o Bauruzinho. Aquele monumento histórico que foi parar no Jornal Nacional porque alguns estudantes sem nada melhor pra fazer resolveram levar o Bauruzinho embora. Isso foi um bafafá tão grande que o Brasil inteiro ficou sabendo do furto. Coitado do Bauruzinho. Depois do seu resgate, ele mora lá na rodoviária e caiu no esquecimento do povo. E quando você acha que Bauru não terá mais nenhum monumento incrível, em 2013 surge a estátua da liberdade da Havan. E é claro que isso gerou uma revolta nos cidadãos, dizendo que “onde já se viu, aquela estátua gigantesca acabando com a imagem da nossa linda cidade”. Houve até abaixo-assinado online para remover a estátua. Houve revolta, houve frustração. E houve também muita piada, muito riso e muita palhaçada. A revolta da estátua da liberdade foi parar no UOL como uma das matérias mais lidas da semana. Bauru sendo Bauru, pessoal. É isso aí. Só que lá no fundo, no fundo, todo mundo sentiu vontade de visitar a Havan para tirar uma fotinho com o monumento. O Instagram está aí para provar minha teoria. Como não sentir orgulho de fazer parte dessa cidade? Apesar dos pesares, Bauru tem seus enormes defeitos, mas também tem boas qualidades. Nasci e cresci aqui e posso dizer que não é de todo mal. No fim das contas, é divertido. Mais divertido ainda é contar pra todo mundo: “lá na minha cidade, eu encontrei o prefeito na balada”. Quem nunca?

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