Marina Wang - Coletivo Boitata
Ilustração: Marina Wang / Coletivo Boitata

Não tinha medo o tal João… I want to break free… Dizem que sou louco… dedos velozes trocando as músicas num botão que parece dar acesso a um dial infinito, pés incansáveis em pedaladas diárias quilométricas. Quem, em Bauru, nunca se assustou com o som rachado, alto e eclético que pode te encontrar em qualquer lugar da cidade? Já me deparei com a cena caminhando no Parque Vitória Régia, tomando uma cerveja com amigos na avenida Getúlio Vargas, esperando o ônibus no Centro, de manhã, de tarde, de noite, de madrugada.

No som acoplado à sua bicicleta toca de Almir Sater a Sepultura, de Billie Holiday a Pholhas. Já tocou até jingle de campanha eleitoral. Pouco importa a música, ela parece ser apenas a bandeira de um ato cívico.

Montado em seu Rocinante de rodas, o homem mais conhecido pelo singelo apelido de João Louco não tem hora ou local para aparecer, despertando curiosidade em alguns e desconforto em outros.

Quem é esse João? É João? O que pretende? Por que pedala? Para onde pedala? Gosta de exercícios físicos, é pago para rodar a cidade sobre sua bike, é uma alma carente querendo atenção, quer impor seu gosto musical a motoristas e transeuntes… pedala, João, pedala.

Esse pequeno e engenhoso filho-de-algo perdeu a razão, ou não, mas certamente, como todos nós, luta rotineiramente contra os seus moinhos de vento.

Se for aprovada a lei que tramita no legislativo bauruense e que pretende proibir som em altos decibéis emitidos por veículos (o que é ótimo, afinal a civilidade ainda tarda), deveriam ao menos incluir um parágrafo único: “Esta Lei não se aplica ao João Louco”.

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