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Um palavrão que é repetido 506 vezes. Consumo de drogas que vai do álcool ao crack. Muita nudez, com sexo para todos os lados. Se você se incomodou com estes detalhes, talvez “O Lobo de Wall Street” não seja indicado pra você. Recomendado apenas para maiores de 18 anos, o novo projeto do diretor Martin Scorsese é uma comédia que extrapola todos os limites. E é justamente por essa ousadia que vale a pena baixar a guarda!

Roteirizado a partir das memórias de um especulador da bolsa de valores de Nova York, o filme acompanha a vida de Jordan Belfort desde a década de 80. Entre golpes, crimes e picaretagens, ele vê seu pequeno escritório se tornar um grande centro de venda de ações. Com a riqueza, surge o vício em drogas, em sexo (na maioria das vezes com prostitutas) e a necessidade de escapar de uma equipe do FBI que investiga crimes financeiros.

Apesar de uma carreira construída principalmente com dramas, Scorsese se mostra muito seguro em “O Lobo de Wall Street” e com timing para a comédia. Enquanto algumas sequências são conduzidas devagar, dando tempo para compreender os acontecimentos que resultarão numa grande piada, em outras o diretor investe em rápidas tiradas visuais, em exageros que beiram a caricatura e em diálogos ácidos e diretos. Tudo isso sem esquecer características da sua filmografia, como a violência explícita.

A direção do elenco reforça a tradição de que ele consegue tirar o melhor dos atores. Leonardo DiCaprio, por exemplo, se entrega de forma tão intensa à loucura, ao deboche e ao nonsense do protagonista que cria o melhor papel da sua carreira. Não é a toa que o ator já ganhou o Globo de Ouro e é apontado como um dos favoritos ao Oscar. Como na maioria dos filmes de Scorsese, “O Lobo de Wall Street” conta ainda com uma galeria memorável de coadjuvantes, como o amigo vivido por Jonah Hill e a participação de Matthew McConaughey como tutor do protagonista, todos cativantes e com personalidades marcantes.

Censurado em vários países por causa dos excessos e acusado nos EUA de glamourizar a vida de criminosos (o que só mostra que muita gente não entendeu que o filme na verdade os ridiculariza), “O Lobo de Wall Street” só não é perfeito porque suas 3 horas de duração tornam a experiência um pouco cansativa. Indicada a cinco Oscars (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado), é pouco provável que esta loucura de Scorsese leve o maior prêmio da noite. Porém, é animador ver que um cineasta com quase 50 anos de carreira ainda tem disposição para sair da zona de conforto e provocar quem assiste.

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