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Em 2009, ele deixou a diretoria geral da empresa para presidir o Conselho Administrativo do grupo. Nessa função, ficou mais fácil se afastar um pouco da burocracia e ter olhos para as responsabilidades sociais da empresa.

Nelson Paschoalotto tem 61 anos e nasceu em Guapiaçu, cidade localizada a 15km de São José do Rio Preto. É contador, advogado e fundou o que é, atualmente, o maior grupo privado empregador de Bauru.

Em uma entrevista exclusiva no saguão da empresa e cercado por funcionários, Dr. Nelson fala sobre a importância do primeiro emprego para o jovem, as dificuldades do início de carreira, investimentos na equipe do Basket Bauru e aponta, como cidadão, quais os pontos críticos da cidade.

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Como o senhor veio para Bauru?
“Eu nasci em Guapiaçu, perto de Rio Preto, e vim em 1986 para ser contador da Disbauto. Os sócios da empresa já eram meus amigos e precisavam de um contador. Eu já trabalhava com isso e aceitei vir em fevereiro de 1986, com 33 anos.”

Qual sua formação?
“Eu sou contador pela faculdade de Ciências Contábeis de Votuporanga e administrador por essa mesma faculdade. Eu fiz a faculdade de Direito aqui em Bauru. Comecei em junho de 1986 e terminei em junho de 1990. Uma colega minha do trabalho – Iara – levou os meus documentos e fez a minha inscrição. Depois eu fui fazer o vestibular e fui bem classificado.”

Como foi o início da carreira em Direito?
“Quando eu estava estudando, eu já pegava uns casos. Comecei a fazer audiências sem ser advogado. O juiz não perguntava e eu também não falava nada! (risos) Hoje é mais difícil, naquela época era mais tranquilo. Meu primeiro chefe foi o Samuel Garcia Alonso, um dos sócios da Disbauto. Também tinha o Daniel Garcia Alonso, um outro sócio da empresa. São meus amigos hoje em dia.”

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E como surgiu a ideia de ter um escritório próprio?
“Eu comecei a trabalhar para a Disbauto através do consórcio deles. Fazia busca e apreensão, além de cobrança. Depois que eu me formei, eu peguei mais alguns outros casos. Fiz essas ações e foram surgindo outras oportunidades. O primeiro escritório foi na edícula da antiga Disbauto. Um lugar pequeno e bem desconfortável. Hoje são vários prédios em Bauru, Agudos e Marília e mais de 20 bancos.

E a gente sabe que hoje a empresa do senhor é a primeira oportunidade para muitos jovens. Como surgiu essa ideia, essa oportunidade?
“Além de a gente dar a primeira oportunidade, a gente dá um curso, prepara o jovem para este primeiro emprego. O nosso trabalho de contatar o cliente, o colaborador precisa ter conhecimento com informática, falar razoavelmente bem e, por causa disso, começamos a contratar os jovens, a dar o primeiro emprego. Lógico que tem gente que está há 15 anos neste primeiro emprego! Mas muitos já ocupam gerência, conseguiram mudar de cargo. Como é o caso do Adriel (Faria) que hoje é nosso diretor de operações e começou cobrando há 12 anos.”

O senhor não é o tipo de empresário que tem medo de dar experiência ao jovem?
“Não, as pessoas precisam querer aprender, se comprometer com o trabalho da empresa, com o que a empresa faz. Tem sempre que persistir! Tem gente que quer ser gerente seis meses depois de empresa. Ele nunca vai ser gerente de lugar nenhum porque ele sai de uma empresa, e entra em outra sempre. A pessoa busca tanto imediatismo que acaba saindo do caminho certo. Daqui 20 anos, você vai ver este mesmo cara começando em outra empresa. Quem é gerente de uma grande empresa, tem 20 anos de empresa. Não dá para ser gerente de um dia para o outro.”

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E como é a função hoje do senhor na empresa?
“Hoje eu fico à toa, literalmente! (risos) Mas, apesar da minha carga horária ser menor, a minha responsabilidade é maior. Eu levanto mais tarde, vou embora mais cedo, mas tenho uma responsabilidade maior. São quase 8.000 pessoas! São milhares de famílias envolvidas, pessoas que vão receber o salário e vão pagar as contas, seu aluguel, sua água, sua luz. Pessoas que são arrimo de família. Essa responsabilidade social que era pra ser do governo, acaba sendo nossa. Com isso eu tenho mais responsabilidade, mesmo dedicando menos tempo.”

O atual presidente da empresa é Rodrigo Paschoalotto, seu filho. Como foi a transição dessa diretoria?
“Não, foi uma coisa que aconteceria naturalmente.Aconteceu que uma hora não dava mais para eu acompanhar tudo sozinho. Nem ele vai ficar eternamente no cargo. Ele já está há cinco anos, então, daqui a pouco, ele também vai sair. É tão estressante que pode acontecer com ele o que aconteceu comigo e ter a saúde prejudicada.”

Quando o senhor se afastou foi por causa de estresse?
“Não, foi um processo normal. Tem uma hora que você precisa deixar alguém assumir. Isso é normal, qualquer empresa faz isso. A Dilma é boa presidente? Então vamos deixá-la pra sempre. Não tendo eleição, a gente economiza até dinheiro! (risos) Mas não é assim que funciona. Se deixá-la no cargo, talvez no próximo ano ela não seja tão boa quanto é hoje.

O senhor há alguns anos, investe no basquete de Bauru. Como surgiu essa ideia?
“Há um incentivo fiscal por investir num esporte amador e como é um esporte agitado, ele combina com o nosso pessoal que também é agitado. Esse pessoal usa dois celulares e ainda consegue jogar bola! Eles querem extravasar. Então vão para a quadra e extravasam! E o basquete, como é um esporte amador, tem atletas mais focados, não estão deslumbrados como no futebol que já querem noitada, drogas.
Eu acompanho os jogos pela tevê porque lá mata a gente do coração! Lá existe uma pressão muito grande.”

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Qual sua rotina fora da empresa?
“Eu faço exercícios todos os dias, gosto muito de tevê também. Vejo noticiários, filmes e faço muita caminhada. Jogos em si, eu não pratico. Mas gosto de ficar à toa no final de semana, tomar minha cerveja ou meu vinho com os amigos e conversar. Durante semana, eu mantenho uma rotina. Gosto de acordar cedo, tomar café e almoçar no horário certo, fazer exercícios todos os dias. Já estou com a mesma fisioterapeuta há oito anos. Gosto de ter horário certo para fazer as coisas. Já tenho muitos problemas aqui! Imagina… são 8 mil pessoas. Acordo, olho no espelho e sigo em frente.”

Como o senhor vê o crescimento do grupo e da cidade nesses 15 anos?
“A gente tem sempre que prestar o melhor serviço possível. Manter a empresa, gerar emprego… mas não dá para garantir que, daqui 15 anos, a empresa vai estar o dobro de tamanho. Mas queremos fazer da empresa um lugar melhor para se trabalhar a cada ano. A gente já até ganhou 2 vezes o título das “150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil”, junto com grandes instituições como Bradesco e Itaú.

Sobre a cidade, eu acho que o Agostinho melhorou muita coisa na cidade, mas ainda tem muita coisa estrutural para melhorar. Como tirar os trilhos da cidade. Quando vai passar trem aqui de novo? Talvez, nunca. Mas se tirasse aquele entulho, daria para construir uma grande avenida ali. Bauru tem poucas avenidas também. Claro que tem a Nações que é uma grande avenida que atravessa a cidade, mas temos outras que param no meio do caminho, como a Duque que não atravessa a cidade. Eu deixo meu palpite como cidadão.”

O senhor é considerado um dos maiores empresários da região. Como se sente?
“A manutenção é sempre um problema. O difícil não é construir, é manter. Então é isso, tenho a preocupação de manter esses empregos, com o pagamento, da saúde de um ou outro. Às vezes eu fico sabendo de algum problema e me preocupo com isso. Eu fico preocupado com as crianças da creche, preciso sempre saber se elas estão bem assistidas. Fora as questões financeiras, as questões da empresa.”

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