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Quando Luíza Peres tinha apenas seis anos de idade, sua família recebeu uma notícia que veio como uma bomba: a menina estava com câncer no rim direito, conhecido como Tumor de Wilms. “Nossa, o chão se abriu! Foi muito inesperado. Ela tinha seis anos, estava crescendo saudável, nunca tinha apresentado nenhum sinal. De repente, teve uma dor de barriga forte e veio o diagnóstico de câncer! Foi tudo intenso e rápido! Recebemos a notícia no meio do corredor do hospital, da pediatra dela, já acompanhada do cirurgião. Eles deram a notícia e falaram: ‘vai lá no quarto prepará-la que ela entra em cirurgia daqui duas horas’. Sentimos muito medo, desespero e pânico. Eu e o Alexandre, meu marido, sentamos ali mesmo no chão e choramos desesperados. Mas logo tivemos de nos refazer o susto e levá-la para o centro cirúrgico”, conta Rose Araújo, mãe de Luíza.

Mas, mesmo com a cirurgia inesperada, quimioterapia e todo o tratamento que ela teve que passar, Luíza não desanimou e surpreendeu a todos com sua força e garra pela vida. “A Luíza deu uma grande lição pra gente. Como ela não entendia direito o que estava acontecendo e nem tinha dimensão da doença, quando não estava passando mal era como se estivesse tudo normal na vida dela. Ela brincava o dia todo, dava risada, encarava a vida de peito aberto. Só ficava triste quando passava mal e quando tinha de ir ao hospital. Isso me dava muita força e me fazia pensar que em nenhum momento eu poderia ficar abatida e pensar no pior. Sempre me policiava para estar bem, para que ela não sentisse meus medos e angústias. Ela foi muito forte sempre. Enfrentou não só a doença, mas todas as consequências dela, como ter de ficar isolada nove meses em casa sem contato com outras crianças, sem passeios, sem festas, sem a escola”, relembra sua mãe.

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Uma verdadeira lição!
Para Luíza, a única parte ruim disso tudo foi ter que raspar o cabelo; fato que aconteceu logo no início do tratamento. “Eu senti vontade de chorar, porque quando uma criança fica carequinha, ela não quer que ninguém veja que ela está sem cabelo. Quando coloca peruca até se sente melhor, porque parece que tem cabelo de novo. É boa a sensação de sentir o calor do cabelo na cabeça de novo”, conta a menina.

E foi por isso que, esse ano, Luíza decidiu cortar o cabelo – que já estava bem comprido de novo – e doar para uma instituição poder fazer perucas para pacientes com câncer. “Decidi doar para fazer uma peruquinha e ajudar”, revela. Além de fazer a doação, Luíza frequenta o hospital em datas especiais e já participou da entrega de lenços para pacientes com câncer e, recentemente, entregou presentes para quem ainda está em tratamento.

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“Hoje, tudo é motivo de agradecimento a Deus!”
Para os pais de Luíza, tudo é motivo de comemoração em sua casa e a maior lição que tiveram foi dar valor aos pequenos detalhes do dia a dia. “A gente ainda corre muito e acho que poderíamos ter mais tempo juntos para relaxar e curtir a vida. Mas sempre estamos juntos à mesa para as refeições e gostamos de olhar para as oportunidades de modo diferente. Quando você passa na linha divisória entre a vida e a morte, você entende o valor de cada minuto. Você não imagina a minha felicidade em vê-la entrar na escola todos os dias! Ela ficou um ano sem estudar e isso me corroía o coração. Hoje tudo é motivo de agradecimento a Deus! Todos nós podemos estar bem hoje e amanhã ser acometido de algum problema que limite nossa vida, seja uma doença, um acidente, uma perda… Então, temos a certeza hoje que não podemos desperdiçar as oportunidades da vida. E isso não quer dizer viver altas aventuras e ter uma vida superlativa. É saber curtir e viver todas as nossas emoções, até mesmo as mais difíceis, pois são elas que vão formar a nossa existência”, diz.

E para quem está passando por isso também, Luiza tem um conselho: “Tem que acreditar que um dia ele vai conseguir melhorar, vai sair do hospital. Pense em coisas boas sempre, nunca pense no ruim. Isso ajuda porque dá confiança que vai sair dali. Nada é para a vida toda. Chega uma hora que tudo acaba, tem um fim. Se você ainda não consegue acreditar na vitória, peça ajuda de um amigo ou parente.” Assim fica difícil não obedecer, né?

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