Ele tem apenas 17 anos e foi aceito no MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, universidade referência em todo o mundo. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, o bauruense Allan Costa conquistou essa vaga dormindo bem todos os dias, dedicando-se à capoeira, frequentando festas com os amigos e levando uma vida normal.
“Eu nunca tive uma rotina de estudos. Tudo bem que uma semana antes das olimpíadas que eu participei, eu estava desesperado! (risos). Mas nunca tive uma hora certa no dia para estudar. E quando eu entrei no terceiro ano do ensino médio, eu pensei: ‘não quero uma faculdade que não me permita fazer outras coisas, como a capoeira que eu tanto gosto’. Então eu sempre tentei manter todas as atividades ao mesmo tempo em que estudava e tentei ser mais equilibrado. Se eu tinha uma aula sobre a Guerra do Paraguai, eu estudava em casa, ouvia músicas da época e assistia filmes sobre o assunto. Você tem que transformar o estudo em uma coisa boa, divertida, não uma obrigação”, conta.
A recompensa por tudo isso veio no dia 14 de março. Allan teve a resposta de que tinha sido aprovado na faculdade americana com um pacote repleto de bexigas e papéis coloridos, recebidos em um horário em que todos os números coincidiam com o Pi – proporção numérica que mostra a relação entre o diâmetro e o perímetro de uma circunferência. “Isso é bem MIT, né?”, comenta o estudante.
Atualmente, o MIT é um instituto líder em pesquisas sobre ciência, engenharia e tecnologia. Apesar da grande concorrência e da importância da universidade, Allan ainda não decidiu se irá se matricular e estudar nesse centro de pesquisas. “Lá eu recebi bolsa quase integral e foi incrível ter sido aprovado, mas ainda estou analisando outras propostas”, revela.
A dúvida surgiu porque Allan passou em outras faculdades renomadas: duas no Brasil (UFSCAR E UFRJ), uma na Califórnia (universidade onde o aluno troca de sede, a cada seis meses, e estuda em outros lugares do mundo) e outra em Nova York com sede em Abu Dhabi.
“No futuro, eu quero trabalhar com pesquisas e todas elas incentivam essa área. Por isso ainda estou em dúvida e vou procurar saber mais sobre elas. Na próxima semana eu irei conhecer a faculdade da Califórnia, a convite deles. E há duas semanas uma representante da universidade de Abu Dhabi veio na minha casa para conversar comigo, com os meus pais e explicar melhor sobre a universidade. Lá fora é tudo muito diferente do Brasil. Por exemplo: quantas pessoas vêm de Abu Dhabi para Bauru?”, brinca Allan.
Nada é impossível
“A vontade de entrar no MIT surgiu ao longo do Ensino Médio. Mas o MIT é uma coisa muito distante da nossa realidade, então eu não tinha exatamente esse sonho. Não foi uma coisa que eu sempre quis. Eu só sabia que não queria fazer faculdade aqui porque sempre tive muita vontade de fazer pesquisas. Gosto de engenharia genética, biotecnologia e são áreas que não são valorizadas aqui. Foi aí que eu comecei a enviar currículos para faculdades no exterior. E, por mais que eu tivesse muita vontade entrar no MIT, eu não tinha tanta certeza de que entraria”, revela.
Allan conta que o processo de admissão nessas universidades é totalmente diferente do vestibular prestado aqui no Brasil. O estudante teve que fazer três provas, sendo a terceira destinada a estrangeiros, que prova que o aluno domina a língua falada na universidade.
“No Brasil você é julgado pela sua nota. Tudo o que você fez nos últimos três ano vira apenas um número. E é esse número que determina se você vai passar na faculdade. Aqui é assim. Mas lá fora não. Você tem várias redações para fazer, você precisa de cartas de recomendações dos professores, você pode incluir atividades que você já fez e olimpíadas que já participou. Uma das redações que eu fiz, por exemplo, foi sobre a capoeira que eu pratico. E eu pude escolher esse tema e escrever. E eu acho que a capoeira tem tudo a ver com tudo isso, porque ela não ensina a lutar contra a vida, mas a dançar com a vida. Então, nesse processo, você é considerado como um todo e não só um número”, diz.
Segredos do sucesso
Para Allan não existem milagres e sim muito esforço. Para chegar onde está hoje, o menino pesquisou muito sobre a área que queria estudar, participou de Olimpíadas de matemática e biologia ao redor do mundo e, o mais importante: sempre esteve interessado em aprender.
“Eu acho que não é a escola que faz o aluno e sim ao contrário. Por mais que seja difícil, é possível ele conseguir, se estiver interessado. O meu ensino médio, por exemplo, foi incrível! Eu viajei para cinco países por causa das olimpíadas e terminei sendo aceito no MIT. E tudo isso eu consegui sem deixar de fazer nada na minha vida. E eu acho que o Brasil tem que repensar o sistema de ensino. Afinal, é melhor ter robôs ou seres humanos em uma faculdade?”, finaliza.