Atleta de Bauru é convocado para a seleção brasileira de karatê

karatê bauru
Foto: Arquivo pessoal

Fernando Tatemoto estava só à procura de um esporte para praticar, quando começou a treinar Karatê, em Bauru – e o atleta não imaginava que iria aprender tantas lições, conquistar grandes objetivos e se apaixonar tanto pelo esporte em tão pouco tempo.

“Somos os responsáveis pelas coisas que acontecem com a gente e só nós podemos resolver nossos problemas e mais ninguém. Treinar karatê traz resultados excelentes para a saúde, mas quando se pratica os ensinamentos do karatê, os resultados são diferentes, nos tornamos pessoas melhores para nós e para a sociedade”, afirma.

E Fernando teve mais uma surpresa e tanto com o esporte, recentemente. O atleta foi convocado para a seleção brasileira; algo que ele ainda não acredita que conquistou! “Até agora não caiu a ficha”, revela. Além de falar dessa oportunidade e o que isso irá acrescentar em sua carreira, Fernando ainda comenta como o esporte mudou o jeito que leva a sua vida e fala sobre falta de apoio e patrocínio na cidade. Confira:

Como foi ficar sabendo que tinha sido convocado para a seleção brasileira?
Fernando: Uma sensação sem igual. Sempre procurei treinar o karate-dô mais limpo possível, focando sempre em melhorar a minha técnica e aprender cada vez mais para poder ensinar a quem eu pudesse. Mas como sempre participei de competições, o foco também era chegar longe e ser reconhecido como atleta. Sempre me falaram que eu tinha potencial, mas nunca achei que chegaria ao nível de um atleta de seleção brasileira. No momento em que vi meu nome na lista de convocados, eu fiquei sem acreditar, sem reação, pois a emoção é muito grande. Acompanho a carreira de alguns atletas, tendo-os como ídolos e agora faço parte desta equipe, podendo representar o Brasil. Confesso que até agora não caiu a ficha; é um sonho que está se realizando.

karatê bauru
Foto: Arquivo pessoal

Você é bauruense? Já imaginou que um dia iria alcançar esse objetivo?
Fernando: Sou natural de Curitiba, mas moro em Bauru desde 1999. Desde quando comecei a treinar karatê sempre pensei que um dia poderia competir em alto nível, mas nunca se sabe quando vai chegar a oportunidade. Meus treinos sempre foram pra melhorar a técnica e os resultados vieram com o tempo, às vezes conseguia boas colocações; já em outras, não chegava nem perto do pódio. Mesmo estando entre os maiores hoje, ainda falta muito para conseguir me igualar a eles. A diferença técnica é grande, mas esta conquista é um estímulo enorme pra continuar treinando forte.

Quais competições você irá participar? Olimpíadas?
Fernando: O karate-dô ainda não participa das Olimpíadas, existe a tentativa de torná-lo uma modalidade olímpica, mas como precisa unificar as regras e existem muitas entidades com regras diferentes, fica difícil que se torne um esporte olímpico. A próxima competição será o Campeonato Sul-Americano da JKA (Japan Karate Association) que é a entidade pela qual fui convocado para a Seleção Brasileira. O foco maior, por enquanto, é no Sul-Americano, com o objetivo de um ótimo resultado.

E como foi o seu começo no karatê-dô?
Fernando: Comecei a praticar karate-dô quando fazia estágio na área de Educação Física no Sesc Bauru, em 2009. Como tinha que participar de atividades, comentei com meu Sensei, José Carneiro (professor de karatê e instrutor de atividades físicas, do Sesc Bauru) que gostaria de praticar alguma arte marcial e recebi o convite dele para treinar. Aceitei, comecei a me interessar e percebi que era disso que eu gostava. Desde então, comecei a treinar muitas vezes na semana e só pensava nisso todos os dias. Constantemente, o Sensei Carneiro me mostrava alguns vídeos ou contava histórias de grandes mestres que me faziam brilhar os olhos, mestres japoneses, alunos do criador do karatê shotokan (estilo que praticamos e mais praticado no mundo) e também da primeira associação de karatê no mundo, a JKA, Gichin Funakoshi. Tudo isso me encantava e fazia com que eu admirasse tanto esses praticantes que sonhava em ser como eles um dia. Tinha, tanto o meu Sensei quanto eles, como ídolos. E foi assim meu início dentro do karatê, sempre motivado pelo meu Sensei, imaginando chegar, um dia, próximo a esses grandes ídolos japoneses.

karatê bauru
Foto: Arquivo pessoal

Quais campeonatos já teve a oportunidade de participar?
Fernando: Já participei de alguns campeonatos paulistas da Federação Paulista de Karatê a FPK, de jogos regionais e abertos. Os últimos de que participei foram a Copa Paulista da JKA, em que fui campeão na modalidade Kata (formas de combate) e vice-campeão no Kumite (combate), Campeonato Paulista da JKA com 3º lugar no kumite em equipe, e o Campeonato Brasileiro da JKA que fiquei em 3º lugar no kata individual.

O que você aprendeu com o karatê?
Fernando: Aprendi que na vida sempre teremos problemas e que, independentemente do tamanho, eles devem ser resolvidos. Caso apareça um obstáculo pequeno, com o qual não consigamos lidar e seguir em frente, com certeza cairemos no obstáculo grande. Somos os responsáveis pelas coisas que acontecem com a gente e só nós podemos resolver nossos problemas e mais ninguém. Treinar karatê traz resultados excelentes para a saúde, mas quando se pratica os ensinamentos do karatê, os resultados são diferentes, nos tornamos pessoas melhores para nós e para a sociedade.

Você vive do esporte?
Fernando: Sim, dou aulas de karatê no Instituto Hitsuji que é do Sensei Jose Carneiro, no Colégio Espaço Criança e no projeto aberto à comunidade da Unesp Bauru. Como atleta ainda é difícil conseguir algo, pois o apoio aos atletas, em geral, é raro.

Como é a sua rotina de treinos?
Fernando: Treino seis vezes na semana: de segunda, quarta e sexta, treino no Instituto Shitei, com o Sensei Robinson Batista; de terça e quinta no Instituto Hitsuji Karate-dô Shotokan, com o Sensei José Carneiro e de sábado na Zanshin em Pederneiras, com o Sensei Wagner Pereira. Estou à procura de uma academia de musculação e de uma loja de suplementos que possam me apoiar para melhorar o rendimento. Entretanto, uma alimentação adequada e boas noites de sono são fundamentais. Os treinos começam a ser um pouco mais específicos com a proximidade das competições.

E aqui em Bauru você sente que o esporte é valorizado?
Fernando: Não, não temos apoio nenhum de empresas e muito menos da prefeitura. Nós que conseguimos fazer um ótimo trabalho com o karatê não temos espaço nenhum e quando temos, não conseguimos nenhum apoio. Como é considerado esporte amador e não é conhecido pelas pessoas por não ser olímpico, não tem reconhecimento nenhum, mas de qualquer forma quando conquistamos títulos é o nome da cidade que levamos nas costas. É vergonhoso e desanimador pra nós praticantes.

Agora que foi convocado para a seleção brasileira, qual o próximo objetivo?
Fernando: O foco nos treinos continua, vou treinar um pouco mais pra competição e tentar conseguir algum patrocínio e apoio, mas a ideia é continuar treinando o karatê-dô de que gosto, aquele que me fez conseguir tudo o que conquistei até hoje, aprendendo cada dia mais com meus professores e podendo passar aos meus alunos. A ideia principal do karatê-dô é essa, poder treinar para conseguir ótimos resultados nas competições, sem perder a essência da arte marcial, entender que somos e seremos sempre aprendizes e tentar melhorar a cada dia mais, não só como praticantes, mas também como seres humanos, pois isso a gente leva pra vida inteira.

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