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Ellen Spanholo é publicitária e mora com os pais em Bauru

Você já ouviu falar da ‘geração canguru’? Cada vez mais comum, este nome é dado para classificar os filhos que não querem ou ainda não podem sair da casa dos pais. Como o caso da publicitária Ellen Spanholo, de Bauru, que não tem planos de deixar sua casa tão cedo.

“‘Nunca’ é uma palavra um pouco forte. Todo mundo adora ter seu canto, seu espaço, algo somente seu. Só digo, que por enquanto, estou bem na minha casa e não tenho do que reclamar. Afinal, não posso também me dar o luxo de ‘reclamar’, já que a casa não é minha”, afirma.

De acordo com o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, entre 2004 e 2013 a proporção de jovens de 34 anos que ainda estão na casa dos pais aumentou de 21,2% para 24,6%. Isso significa que um em cada quatro brasileiros nesta faixa etária ainda não está morando sozinho.

Segundo Adriana Serrano, psicóloga clínica e terapeuta que atua aqui na cidade, esta atitude está diretamente relacionada à condição econômica e não à maturidade, como muitos acreditam.

“Algumas décadas atrás, um(a) jovem que se formasse no Ensino Médio ou Técnico estava pronto(a) para encontrar uma colocação profissional que lhe dava condições ou de continuar seus estudos na universidade ou de sustentar a si mesmo e a uma pequena família. Esse cenário está muito diferente atualmente. E esse contexto sócio-econômico tem gerado uma mudança comportamental nas famílias de classe média, de forma geral, no sentido de acolherem seus filhos. É como se o momento de empurrar os filhotes do ninho para finalmente baterem as asas e aprenderem a voar estivesse sendo cada vez mais postergado”, afirma.

Assim como Ellen, o representante comercial Diego Martinello também não tem planos de deixar a vantagens de morar casa dos pais. “Até o momento, não pensei nisso. Sou uma pessoa muito tranquila, com costumes diários simples e com a velha rotina do trabalhador. Até o momento, tudo o que eu preciso tenho em casa – até uma certa mordomia e facilidade em tudo. Inclusive, meus pais dizem que estou certo porque não há necessidade de se aventurar por aí”, conta.

O papel dos pais
Segundo a psicóloga, não há problemas no fato de os pais ajudarem os filhos até que eles possam se colocar adequadamente no mercado de trabalho. Na verdade, o problema está no baixo nível de exigência que esses pais têm com seus filhos.

“Os filhos não precisam se comportar para merecerem o que têm, e não são desafiados a deixarem o ninho. Com isso, não desenvolvem comportamentos adaptados para viver fora do ninho e acabam ou ficando nele ou saindo e retornando logo em seguida, após terem seu casamento fracassado, perderem o emprego, entre outras situações. Ou seja, esses filhos não foram preparados para lidar com as dificuldades do mundo lá fora, preparação essa que não é possível vivendo dentro do ninho, fora do mundo onde essas dificuldades existem”, explica.

Para Adriana, o ideal é que esses pais exponham os jovens às dificuldades da vida para que desenvolvam meios de lidar com elas. “Jogá-los do ninho, sem treino nem aulas teóricas (nem dó!) para que aprendam a voar voando, como sabiamente fazem os pássaros. Como? Exigindo! Que trabalhem para cobrir as despesas da casa, que dividam as tarefas domésticas igualmente, que lidem sozinhos com as consequências de seus atos, enfim, que vivam não mais com a proteção dos pais pelos filhos, mas como adultos dividindo as responsabilidades de um lar. Afinal, é ótimo poder contar com o apoio da família num mundo cada vez mais competitivo, mas se esse apoio acaba por prejudicar o desenvolvimento do jovem em sua inserção à idade adulta, com certeza está bastante equivocado”, orienta.

Só vantagens?
Bruna Monteiro, estudante de design, mora com os seus pais em Bauru e está muito feliz com esta situação. A jovem disse que, por ainda estar na faculdade, não vê a necessidade de sair de casa e que o fato de estar perto dos pais é sempre bom – já que pode ajuda-los em tudo que precisam. Bruna ainda diz que a única desvantagem é a falta de privacidade. “ Acho um pouco ruim não ter privacidade – somente dentro do seu quarto com a porta trancada. Não podemos nos esquecer também que sempre temos que aceitar as certas regras e imposições deles. Não importa quantos anos você tem – se mora com os pais, o mínimo que você tem que fazer sempre antes de qualquer coisa é respeita-los”, diz.

Consultoria: Adriana Serrano, psicóloga clínica comportamental

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