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Tudo começou com uma coleção de rótulos de bebidas, já que o seu pai não permitia que ele juntasse maços de cigarros, como os seus amigos. Mas o tempo foi passando e André Fernandes aumentou cada vez mais a sua coleção. De repente, o empresário já tinha diversos bonés, rádios antigos, latas de cerveja, facas e placas de propaganda, entre outros objetos.

E foi assim, a partir de sua paixão por objetos antigos, que o empresário de Bauru decidiu abandonar a empresa da família e seguir seu sonho: ter uma loja de antiguidades. Primeiro, André abriu uma loja virtual, depois passou para uma loja física em Bauru e agora, a novidade, é a loja móvel da Mundo Retrô, que ele irá inaugurar na Feira da Bondade, no Recinto Mello de Moraes, este final de semana.

“As pessoas são naturalmente saudosistas e os objetos antigos têm o poder de trazer boas recordações do passado, de pessoas queridas”, afirma.

Nesta entrevista, André fala mais sobre a sua paixão por objetos antigos e as novidades da sua empresa. Já ouviu aquela frase: ‘Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida’ (Confúcio)? Pois ela define muito bem a história de André Fernandes. Confira o bate-papo:

Quando você começou a acumular objetos antigos? Sempre gostou?
André: Desde pequeno, nos anos 90 quando a moda entre a garotada era colecionar maços de cigarro, eu comecei a colecionar rótulos de bebidas – meu pai não deixou eu colecionar os maços. Então parti para os rótulos. No começo era chato, pois eu era o único garoto de 12 anos que fazia coleção de rótulos de bebidas, enquanto todos os outros faziam de maços de cigarro. Mas depois, com a facilidade que eu tinha para adquirir os rótulos, curtia bastante minha coleção.

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E quais os objetos que você já teve? Sempre colecionou de tudo?
André: A principal coleção que eu tive foi a de rótulos, depois dela tive de tudo… brinquedos, carrinhos de ferro, facas e canivetes, bonés, chaveiros, copos, garrafas de bebida, cartazes e placas de propaganda, bolachas de chopp, itens militares, rádios antigos, latas de cerveja, latas de alimentos antigas. Eu já colecionei de tudo, só maço de cigarro que não! (risos).

Quando você percebeu que podia trabalhar com isso?
André: Sempre soube que existia um mercado específico para esses itens, mas nunca tinha olhado para ele como uma fonte de renda promissora. Em 2011, meu irmão decidiu se desfazer da sua coleção de latas e eu acabei ficando com elas. Na época, eu já não tinha mais a minha coleção. Usei algumas latas para decorar o bar da minha casa e decidi vender o resto. Um amigo foi em casa e negociamos as latas, porém ele mostrou bastante interesse em outros itens que eu tinha na decoração da churrasqueira e do escritório de casa. Daí em diante eu comecei a ver o mercado e a minha coleção de forma diferente.

Você teve durante anos uma loja virtual, certo? Como surgiu a oportunidade?
André: Eu acompanhava alguns blogs e sites de antiquários do Brasil e do exterior, e comecei a ver que na minha coleção, eu tinha itens interessantes comparado com o que eles postavam. A ideia da loja virtual surgiu assistindo a esses programas de televisão fechada que falam sobre garimpeiros de antiguidades, restaurações e etc. E conversando com alguns amigos sobre o assunto, vi que era viável expor a coleção na internet.

Quais os produtos que você vendia nesta loja?
André: A maior parte da minha coleção ficava guardada em um barracão da família, em caixas e prateleiras. Para a maioria das peças, eu tinha um projeto específico. Na loja virtual, eu colocava os itens que eu não tinha mais interesse, aqueles que eu estava disposto a me desfazer.

E como surgiu a oportunidade de abrir uma loja física?
André: Quando eu levava a minha coleção para as feiras das pulgas que ocorre nos encontros de carros antigos, muita gente me perguntava onde era a minha loja, e eu explicava que não tinha e que eu fazia aquilo como hobby. Eu recebia muitos elogios pelos itens que tinha, e todos diziam: ‘ah, isso aqui tinha que estar em uma loja’. A ideia de abrir a loja física surgiu em 2011 também, junto com o site, mas ficou engavetada até esse ano. No início de 2015, eu tomei a decisão de que teria um espaço para expor melhor a coleção e, ao mesmo tempo, várias coisas positivas foram acontecendo para que eu concretizasse o projeto do Mundo Retrô de forma completa. A loja se transformou num ponto de encontro de entusiastas pelo assunto, todos os nossos produtos remetem ao passado, sejam a peças antigas até a linha de presentes e artigos de decoração – tudo remete ao passado ou ao colecionismo.

Ser empreendedor em uma loja virtual é muito diferente de ter uma loja física? Quais os desafios?
André: Não sei te explicar se existe uma diferença, o que posso dizer é que empreender na loja física me dá muito mais prazer que a internet. A internet eu sempre levei como hobby, é o meio que eu tinha e tenho de expor as minhas peças. Quando fechava uma negociação via internet, procurava ser o mais profissional o possível, cuidadoso na embalagem e pontual no envio. Sempre recebi qualificações positivas de meus clientes, às vezes até um e-mail de agradecimento, como uma vez uma senhora me mandou agradecendo e dizendo que o liquidificador de 1950 tinha ajudado a restabelecer a saúde da mãe dela de 82 anos, que voltou a fazer os quitutes com o eletrodoméstico que funcionava perfeitamente. Sem dúvida, a internet é uma excelente ferramenta, mas sempre achei o ambiente um pouco frio pra esse tipo de negócio. Já a loja física, mesmo sendo mais trabalhosa, é um ambiente mais prazeroso. Sem contar que estou com as minhas peças, a minha coleção e aqui eu conheço o comprador, converso com ele, descubro os motivos que o levam a ter interesse em uma determinada peça, sua história e faço novas amizades.

E agora você vai inaugurar uma loja móvel, certo? Como surgiu essa ideia?
André: Isso! Eu ia para os encontros de carros antigos com o meu fusca, e levava as antiguidades nele, juntava o útil ao agradável: o útil era passear com o fusca, uma verdadeira higiene mental, e o agradável era vender as antiguidades! (risos). Em alguns encontros, eu via alguns colecionadores chegando com ônibus ou caminhões preparados para isso, mas isso estava fora da minha realidade e caiu no esquecimento. Em janeiro desse ano, meu primo deu a ideia de eu usar uma ‘carretinha’ palco que tínhamos na empresa para esse fim. Então comecei a transformá-la para atender as necessidades do Mundo Retrô.

Ela vai estar presente em eventos? Como funcionará?
André: Ela participará das ‘feiras das pulgas’ nos encontros de carros antigos e em eventos diversos. O que eu fazia com o fusca, agora será feito com a carreta. Escolhi a XVII Exposição de Carros Antigos que ocorrerá nesse fim de semana 12 e 13 de setembro no Recinto Mello de Moraes, junto com a Feira da Bondade da Apae de Bauru, para inaugurar a loja móvel.

E quais os produtos que ela irá conter?
André: Eu não quero perder a essência do Mundo Retrô, a origem dele. Participar das ‘feiras das pulgas’ sempre foi um prazer, um hobby mesmo, e assim eu quero continuar com a loja móvel. Nela terei alguns itens retrô, algumas réplicas, mas a maioria será antiguidades, peças para restauração, verdadeiras raridades. Quem conhece uma’ feira das pulgas’, sabe que é possível encontrar um pouco de tudo nela e a loja móvel do Mundo Retrô não será diferente disso.

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E por que objetos antigos são tão fascinantes?
André: Acredito muito por causa da história dos objetos. As pessoas são naturalmente saudosistas e os objetos antigos têm o poder de trazer boas recordações do passado, de pessoas queridas. E hoje, o avanço tecnológico é muito mais rápido que há 30, 40 anos atrás. Por outro lado, as coisas duram pouco. Os objetos são feitos para durarem o tempo estimado para que outro objeto seja lançado para substitui-lo, e mesmo que ainda esteja novo, ele fica obsoleto, ultrapassado tecnologicamente. Se você olhar 30, 40 anos atrás, as coisas eram diferentes, eram feitas para durarem, além disso, era mais difícil de adquirir. Hoje você compra uma linha de telefone num chip de um vendedor de rua da empresa telefônica, dá até pra ter mais de uma linha em um mesmo aparelho celular. Um pouco mais de 40 anos atrás, você tinha que entrar em uma fila de espera para adquirir uma linha telefônica, ou alugar uma linha, e ter um telefone em casa, ou uma televisão era sinônimo de riqueza. Outro motivo é o design, atualmente, as empresas têm uma preocupação grande na tecnologia avançada, com um custo baixo de fabricação, o que faz as coisas terem sempre a mesma aparência. É só comparar na internet mesmo, você pega uma foto dos anos 60 ou 70 de uma avenida e compara com uma foto atual, é nítida a diferença, as opções de cores, as diferenças de design de um carro para o outro, era muito maior que as dos carros de hoje. E para os objetos menores é a mesma coisa.

Serviço
A loja Mundo Retrô traz peças de cozinha, móveis, ferramentas e iluminação, entre outros objetos.
Ela está localizada na Rua Julio Maringoni, 12-28, Vila Samaritana, Bauru.
Nos dias 12 e 13 de setembro, a loja móvel Mundo Retrô estará na XVII Exposição de Carros Antigos que ocorrerá no na Feira da Bondade da APAE, no Recinto Mello de Moraes.
Para saber mais, acesse: www.mundoretro.com.br
Facebook: www.facebook.com/mundoretrobrasil

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