André Simonetti é bauruense, figurinista e um dos participantes do trabalho que poderá representar o Brasil no Oscar. É dele o figurino do longa Que horas ela Volta?, que estrou recentemente nas telonas e é sucesso de crítica e público.
Dirigido por Anna Muylaert, o filme mostra a relação de uma família de classe média alta com a doméstica interpretada por Regina Casé. Até agora, o filme já venceu o principal prêmio na mostra Panorama, realizada em Berlim, e o prêmio Sundance, nos Estados Unidos, pelas atuações de Regina Casé e Camila Márdila, que faz sua filha no longa.
Nós conversamos com André para saber mais sobre este trabalho, sua trajetória e a relação com a cidade de Bauru. Confira!
Você assina todo o figurino do filme ‘Que horas ela volta’?
André: Quando me convidaram para fazer o figurino do filme me disseram que a Regina Casé tinha sua personal stylist, mas tinham muitos outros personagens interessantes pra eu vestir. Os patrões (pai, mãe e filho), as amigas da ‘Val’ (Regina), sua filha (a maravilhosa Camila Mardila, que ganhou prêmio de melhor atriz em Sundance junto com a Regina) e muitos outros. Então, topei na hora!
Como surgiu essa oportunidade?
André: Já fiz muitos trabalhos com a produtora do filme, a Gullane, como a série para a HBO chamada ‘Alice’, além de filmes, como o ‘Chega de Saudades’ que ganhei o prêmio de melhor figurino pela Academia Brasileira de Cinema.
O que você levou em conta para compor os personagens?
André: Para o personagem que é o pai e um artista, fui pesquisar esse universo com os meus amigos artistas plásticos. Para a mãe, ligada em moda, o universo fashionista. As amigas da ‘Val’ (Regina Casé), todo universo das empregadas e a filha, fui investigar como poderia ser essa garota, pernambucana, que estuda, quer prestar vestibular em São Paulo e corre atrás dos seu sonhos. Busquei uma imagem simples, sem afetações, de uma garota forte e lutadora.
Foram quantos meses de trabalho (na produção e finalização)?
André: Foram mais ou menos dois meses de produção e dois meses de filmagem. Uma correria!
Qual o sentimento de ver o resultado nas telonas?
André: Nossa, é sempre uma alegria imensa!
E o que sentiu ao receber a notícia de que o filme irá representar o Brasil no Oscar?
André: Muito bom pra ajudar a divulgar o cinema brasileiro não só fora do Brasil, mas aqui dentro também. Acho que é um filme muito importante, que retrata um novo Brasil, de uma garota que não se acha nem melhor (como a patroa), nem pior (com a mãe empregada), só quer batalhar pelo seu espaço.
Como começou o seu trabalho como figurinista?
André: Comecei como assistente de figurino, e depois fui fazer meus próprios trabalhos com figurinista.
Quais os outros trabalhos que você pode destacar?
André: Estou nessa área desde 1994. Então, como assistente, participei de Carandiru, Domésticas e A dona da História, entre outros. Já como figurinista, eu fiz Cidade Baixa, A casa de Alice, Chega de Saudades, Super Nada, Reflexões de um Liquidificador, Meu país e Jogo das Decapitações, entre outros.
E você é de Bauru, certo? Qual a relação com a cidade?
André: Sim, sou de Bauru, e como minha família mora na cidade, estou sempre aí. Ainda mais agora que eu estou super envolvidos com o “Espaço Cultural Leonidas Simonetti” dentro da 94FM. Atualmente, o espaço está com um circuito lindo de exposições. Convido todos a irem visitar, é gratuito!
Se pudéssemos na cidade como uma mulher, qual o melhor figurino para ela?
André: O melhor figurino para cidade seria, em primeiro lugar despir, tirar todos os letreiros e outdoors (como fez São Paulo) que enfeiam demais a cidade. Depois, vesti-la, plantando muitas árvores para a cidade ficar bonita e fresca! Não tem roupa ou jóia que seja mais bonito do que uma árvore imensa!