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Você já imaginou como seria se o aeroporto de Bauru fosse diferente? Pois foi exatamente isso que João Gabriel Felder, estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Sagrado Coração, fez como trabalho de conclusão de seu curso. Durante um ano, João pesquisou, estudou e trabalhou muito em cima daquilo que acreditava: projetar algo muito diferente do que temos hoje na cidade. Mas ele afirma que cada madrugada perdida valeu a pena! Em entrevista ao Social Bauru, o estudante comentou sobre o projeto e quais as mudanças que imaginou para transformar o aeroporto em algo sustentável, melhor aproveitado e mais útil para todos. Confira:

 

Por que você decidiu fazer este projeto?
João Gabriel: Decidir o tema do trabalho foi muito difícil. No começo do curso eu queria fazer um resort, mas quando foi chegando mais perto da decisão, eu percebi que buscava outra coisa. O aeroporto, por exemplo, tem uma importância sócio-econômica muito grande, já que gera muitos empregos e muita renda para a cidade. Um exemplo que eu usei no meu trabalho foi o aeroporto de Atlanta, nos Estados Unidos. Esta cidade tem um pouco mais de 600 mil habitantes e tem o maior aeroporto do mundo. Não se todos sabem, mas eles não são medidos por tamanhos e sim por capacidade; então é o maior em número de pessoas que passam por ele anualmente. E,exatamente pelo fato do aeroporto funcionar tão bem lá, é que Atlanta se transformou uma das dez cidades com a melhor economia do planeta! Mas uma coisa interessante é que este aeroporto é muito diferente do de Nova York ou de Londres, por exemplo, que são aeroportos dos destinos finais das pessoas. No caso deste, ele é um de transferência, ou seja, se você vai viajar para determinado lugar, você acaba fazendo uma escala em Atlanta. E, caso elas precisem ficar lá por alguns dias, existem alguns hotéis no próprio aeroporto. Por isso escolhi este tema, pois trata-se de algo que iria ajudar a cidade de Bauru, já que as pessoas não precisariam sair daqui e ir para outras cidade. No interior, o mais movimentado é do de Ribeirão Preto, seguido de São José do Rio Preto, Marília e depois Bauru. Mas analisando os aeroportos destas cidades – tanto Ribeirão quanto São José do Rio Preto – são aeroportos próximos da cidade e isso impossibilita o crescimento e desenvolvimento do aeroporto. Se um dia for necessária uma ampliação, o aeroporto não tem para onde crescer. Diferentemente do que acontece em Bauru. Ele tem área de crescimento e esse foi outro ponto crucial para a escolha deste tema no meu trabalho – ele é um aeroporto com muito potencial.

 

Demorou quanto tempo para finalizá-lo?
João Gabriel: Eu penso neste projeto desde dezembro do ano passado e iniciei as pesquisas em março deste ano. E olha, não foi um trabalho fácil – de forma alguma! Tiveram até alguns momentos de arrependimento, mas logo pensava que era isso que eu queria para mim. Eu sempre quis me desafiar cada vez mais porque é assim que o ser humano cresce; quando ele faz algo além do que ele sabe fazer.

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Como foi esse processo e como você realizou a pesquisa?
João Gabriel: O meu orientador me ajudou muio nisso. A princípio nenhum outro orientador queria pegar o meu tema por conta de ser tão complexo e tão grande. Este é o primeiro TCC de arquitetura de USC relacionado ao aeroporto. E o processo foi muito longo, árduo, mas, se eu tivesse que escolher novamente, escolheria este projeto mais uma vez. Foi um processo muito enriquecedor. A pesquisa também foi muito interessante. Para eu entender como é um terminal de um aeroporto, eu precisava saber como tudo começou. Então, a partir disso, eu pude seguir com a pesquisa porque foi uma evolução muito grande que passamos. Temos um pouco mais de cem anos de aviação e tudo evoluiu demais! De aviões básicos, nós passamos para aeronaves incríveis que fazem coisas que a gente nunca imaginou.

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Ele é um projeto viável? Você chegou a entrar em contato com as autoridades?
João Gabriel: Quando a gente vai desenvolver um projeto de trabalho de conclusão de curso, a gente tem sempre que pensar no que seria ideal. Financeiramente falando, eu diria que o projeto sofreria alterações para ser viável. Até porque ele faz uso de materiais mais caros por conter traços de um aeroporto sustentável. Mas é um projeto viável sim. Funcionaria de uma forma muito inteligente. Mas eu não cheguei a entrar em contato com as autoridades; porém seria algo muito interessante. Se todo mundo soubesse a importância e a vantagem de implantar um aeroporto mais inteligente e que funcionasse com uma qualidade melhor, este aeroporto já existiria há muito tempo.

 

Na descrição do evento da sua banca no Facebook, você escreveu que “não foi um projeto barato (tanto psicológico como financeiro)”. Por quê?
João Gabriel: Um processo de arquitetura em si é uma coisa viciante; assim que começa a desenvolver, você não quer parar. Você acaba perdendo um pouco até da qualidade de vida em função do projeto. Perdi muitas madrugadas! Eu sentava às 22h para começar a fazer um desenho e, quando eu dava conta, já eram 5h e tinha visto passar! Perdi a conta de quantas vezes isso aconteceu. E em relação ao financeiro é que a apresentação de um projeto de arquitetura é bem cara. As impressões precisam ser boas e a maquete envolve materiais de um custo elevado.

 

Você acha que falta iniciativa da população bauruense em projetos como este?
João Gabriel: Eu acho que em Bauru nós temos muitos lugares com potencial de serem mais… não digo bonitos, porque a beleza não é fundamental, mas que precisam ser enriquecidos com novos sistemas de aproveitamento. E eu acredito que a iniciativa da população é muito baixa. Nós temos lugares na cidade com potencial muito bons, como o Parque Vitória Régia, que poderia ser ótimo, mas é cheio de problemas. Acho que a população devia ‘vestir mais a camisa’ da cidade. Uma coisa que eu reparo muito é que em Bauru ninguém gosta muito de fazer algo e, quando alguém resolve tomar uma atitude, todo mundo fala mal. Claro que a gente não consegue agradar todo mundo, mas as pessoas precisam participar mais.

E você está feliz com o resultado?
João Gabriel: Sim, estou muito contente e vivi experiências que eu nunca mais vou esquecer na vida. Costumo dizer que arquitetura para mim não é um trabalho e sim um lazer.

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