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A rodovia Marechal Rondon (SP-300) liga São Paulo a Mato Grosso do Sul e representa um dos mais importantes corredores rodoviários do Estado de São Paulo. O trecho urbano de Bauru, que possui cerca de 12 km, quase que diariamente, nos horários de pico (das 7h às 9h e das 17h às 19h), fica congestionado. O tráfego nas horas-pico no trecho, segundo dados da ARTESP-Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo, chega a 5 mil veículos. Para se ter uma ideia da grandeza deste volume, ele corresponde a quatro veículos circulando a cada três segundos.

Até os anos 1990, a Rodovia tinha a geometria de pista simples, com acessos diretos a diversos bairros de Bauru. Após oito anos e nove meses do início das obras, o governo do estado entregou a duplicação dos últimos 320 km da rodovia. Ela foi duplicada em 640 km de extensão, desde Botucatu até a cidade de Castilho, na divisa com o Mato Grosso do Sul.

O trecho urbano da Rondon, via de regra, registra muitos acidentes que, em geral, são de pequena importância considerando a baixa velocidade do fluxo nos momentos de maior demanda. Os acidentes mais graves acabam ocorrendo fora dos períodos de pico. Os piores acidentes são aqueles que envolvem atropelamento de pedestres que cruzam a pista ou mesmo trafegam ao longo delas.

Para se ter uma visão mais clara sobre a probabilidade de morte em atropelamentos, a 32 km/h o risco de uma pessoa atropelada ir a óbito é de 5%; a 48 km/h, o risco sobe para 45%; e a 64 km/h, o risco chega a 85%. Considerando que a velocidade máxima permitida na Rodovia Marechal Rondon, no trecho urbano de Bauru, é de 80 km/h, no caso de atropelamento a esta velocidade, a probabilidade de morte é quase 100%.

Mas, afinal, o que está errado com o trecho urbano da Rodovia Marechal Rondon? A sua duplicação foi um acerto ou um erro? Evidentemente, quando a via era de pista simples a insegurança em por ela circular ou por ela cruzar era muito maior, porém o fluxo de veículos era bem menor. Com a sua duplicação, houve um grande ganho na acessibilidade regional e mesmo interestadual, acompanhado pelo aumento da população e da frota de veículos.

Bauru cresceu bastante em direção às zonas norte, leste e sudeste, sobrepondo o eixo rodoviário, fazendo com que o trecho urbano da rodovia ficasse encravado na mancha urbana da cidade, transformando um trecho rural de rodovia em uma autêntica via urbana, a avenida Marechal Rondon.

O grande problema deste trecho urbano é que ele acaba recebendo dois tipos distintos de usuários: os veículos de passagem e os veículos do tráfego urbano. O primeiro, por estar trafegando em uma rodovia há algum tempo, possui um comportamento característico de rodovia rural – a que não é urbana – com uma visão mais distante e maior velocidade, enquanto que, o segundo apresenta comportamento próprio de quem trafega por vias urbanas, com um olhar mais próximo e menor velocidade. Esse conflito entre os dois tipos de usuários é que provoca grande parte dos acidentes neste trecho da rodovia.

E qual deveria ser o procedimento para suavizar esses problemas? O ideal seria que, tal como desejado para os trechos urbanos de vias férreas, os trechos rodoviários deveriam ser deslocados para fora da zona urbana. No entanto, isto requer uma quantidade enorme de recursos e não se tem a garantia de que no futuro este novo trecho não venha novamente ser “abraçado” pela ocupação urbana.

A outra opção é a construção de marginais, dos dois lados da rodovia, que passariam a receber o tráfego urbano. A rodovia, propriamente dita, seria quase que totalmente ocupada por tráfego rodoviário, de passagem. Este trecho de rodovia teria um rígido controle de acesso/saída, sendo permitido em apenas poucos pontos do trecho em questão. Neste caso, uma boa proposta seria a construção de novas transposições da rodovia, em diversos pontos, como por exemplo, a interligação dos dois trechos da avenida Cruzeiro do Sul, que ficou sem continuidade após a duplicação. Ainda seriam necessárias transposições nas regiões do Bauru Shopping e Núcleo Gasparini.

Segundo dados fornecidos pelo governo do estado, em abril de 2015, gestões estavam sendo empreendidas junto à Concessionária para que a construção das marginais fosse adiantada de 2018, para início no primeiro semestre de 2016.

Há que se esperar que, mesmo com a grave crise econômica pela qual o país está vivenciando, Bauru receba este benefício, pois vem sofrendo com a falta dele desde o final da década de 1990, portanto, há mais de quinze anos. A esperança é a última que morre. A cidade merece uma solução para a sua avenida Marechal Rondon.

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