Cleverson, jovem promessa bauruense, treina muito para conquistar bons resultados
Cleverson, jovem promessa bauruense, treina muito para conquistar bons resultados

O começo
Cleverson Pereira Júnior nasceu em Bauru no ano de 1998. O jovem sempre morou nas proximidades do Parque Roosevelt com a família. Muito ‘elétrico’ desde criança, não é surpresa que o menino, que adorava jogar bola na rua com os amigos, tenha encontrado no esporte a sua profissão.

Cleverson começou a praticar o atletismo com oito anos de idade quando entrou no projeto social Associação Comunidade em Ação Êxodo (ACAÊ). “A minha mãe me colocou no projeto por questões de trabalho mesmo. Ela tinha que ir trabalhar todos os dias e não dava tempo de cuidar de mim na parte da manhã”.

O projeto oferecia a Cleverson diversos tipos de esportes, como atletismo, futebol, vôlei, natação e atividades escolares. “Eu frequentei o ACAÊ até meus 11 anos de idade das 7h30 às 12h30 todos os dias”, conta.

A escolha pelo atletismo

Desde criança, Cleverson não conseguia ficar parado e tinha a necessidade de praticar sempre um esporte. Porém, o preferido não era o atletismo. “Eu gostava muito de jogar bola quando eu era pequeno, acho que o sonho de todo garoto é esse”, afirma o atleta. Por alguns anos, e com o apoio dos pais, o menino correu atrás do sonho de se tornar jogador de futebol. “Com o tempo eu comecei a pensar mais se era aquilo mesmo que eu queria para a minha vida e eu enxerguei no atletismo um futuro”, diz Cleverson.

Foi aí que Neto Gonçalves, o treinador, e a ABDA apareceram na vida de Cleverson. Eles tiveram papeis fundamentais na decisão do atleta em investir e continuar no atletismo. “Eu estava muito desanimado, pois a falta de apoio é constante para os atletas e foi o professor Neto quem me incentivou e me mostrou que eu tinha chances”, explica. Foi aos 13 anos que Cleverson decidiu que o atletismo seria parte essencial de sua vida. “Ali eu decidi que iria me dedicar realmente ao esporte e aos 14 anos eu fui federado e participei do meu primeiro campeonato brasileiro”, conta.

Educação e Família
“Meus pais nunca duvidaram de mim. Quando eu queria ser jogador de futebol eles me apoiaram. Quando eu vi no atletismo um futuro para mim, eles também me apoiaram”, diz Cleverson. Os pais do jovem enxergavam o atletismo como o melhor esporte para o filho que adorava correr desde pequeno.

A família é, inclusive, uma das maiores motivações de Cleverson. “Em muitas competições que eu fui mal ou em momentos que eu tive uma lesão grave, quem me deu todo o suporte foi a minha família, meu treinador e a ABDA”.

O atletismo mudou a vida do jovem e também a escola. O esporte abriu novas portas para ele, que hoje estuda em uma escola particular e dá muito mais valor aos estudos do que antigamente. “O esporte mudou tudo na minha vida. Ele me deu oportunidades e eu as agarrei. Comecei a dar valor para a escola mais do que antes, eu amadureci muito, preservo o meu físico e considero o atletismo meu trabalho”, explica Cleverson.

Para isso, o atleta precisou abrir mão de alguns eventos familiares, mas diz que a família entende. “Eu não convivo mais tanto com amigos e família, mas eles me apoiam, me dão força e sabem que faz parte do meu trabalho. E, apesar das dificuldades, eu fico muito feliz por tudo o que o esporte me proporciona. Eu conheci outra cultura, outro mundo, graças ao atletismo”, finaliza o jovem.

Profissional
Cleverson começou a competir profissionalmente aos 14 anos e desde o começo ele buscava mais. “No meu primeiro campeonato brasileiro, quando o professor Neto perguntou quais seriam nossas metas para o próximo ano, eu ainda era bem novo no atletismo, então eu falei que queria subir no pódio, ser igual o garoto que havia subido no pódio, queria ser o campeão brasileiro”, conta o atleta. A resposta de Neto Gonçalves? Ele incentivou Cleverson a batalhar por aquilo.

A partir de 2014, Cleverson começou a subir em pódios e não parou mais. Foi vice-campeão estadual mirim, subiu ao pódio nos torneios sub-16 e, naquele mesmo ano de 2014, conseguiu o tão sonhado título brasileiro sub-16. “Foi ali que eu vi o tamanho do meu potencial. Eu vi que o atletismo era o esporte que eu tinha escolhido e tinha dado certo”, explica Cleverson.

A partir disso, o atleta virou gente grande e começou a trabalhar em busca de mais títulos. “Eu estava treinando muito bem. No ano seguinte, eu fui vice-campeão brasileiro interseleções, fui campeão brasileiro no revezamento, terceiro colocado no brasileiro escolar”, conta o atleta.

Esse ano, o de 2016, será outro que ficará para sempre na memória do jovem. Cleverson já foi vice-campeão brasileiro nos 200 metros rasos e, claro, foi campeão mundial estudantil na Turquia pelos 400 metros.

Mas nem tudo são flores no atletismo. Além da eventual falta de apoio, muitas vezes, o salário também é um problema. “Para você garantir uma bolsa atleta, você tem que subir no pódio no campeonato brasileiro ou ficar entre os três primeiros no ranking geral brasileiro, mas o atletismo pode ser imprevisível e algum problema pode acontecer na competição”, explica Cleverson.

Então, nem sempre o salário está garantido. O atleta tem que manter resultados constantes, mesmo nas adversidades. Cleverson lamenta o que o governo interino tenta fazer. “O governo que assumiu o poder agora está ameaçando cortar o ‘Bolsa Atleta’ até de alguns que são olímpicos, os melhores atletas do Brasil. Eu penso: ‘se eles não recebem o valor que merecem, imagina nós da base?”, diz.

Campeão Mundial
A maior conquista do ano de 2016 de Cleverson foi, com certeza, o Campeonato Mundial Escolar. Disputado na cidade de Trabzon, na Turquia, por mais de 300 atletas, o jovem foi campeão dos 400 metros rasos na Gymnasíade, maior evento escolar do mundo. “Foi uma sensação indescritível ganhar essa competição. No momento que eu cruzei a linha de chegada, a minha ficha demorou a cair. Acho que ela só caiu dois dias depois, quando eu voltei para casa”, conta o atleta.

“A prova dos 400 metros é muito difícil, muito pesada. Os 100 metros finais são os mais difíceis e doloridos e o meu adversário, que era quem representava a cidade sede, estava cerca de cinco metros na minha frente. Foi nesse momento que eu coloquei na cabeça que dava para ser campeão”, conta o atleta. Cleverson buscou na raça e na vontade a força necessária para completar a prova e ultrapassar o adversário. Sem deixar o medo chegar, o jovem de 17 anos levou Bauru e o Brasil ao alto do pódio. “Foi um momento único que eu vou guardar para a vida inteira. Eu chorei muito, liguei para os meus pais e eles choraram junto comigo”, emociona-se.

O garoto já havia viajado para fora do país também em 2016 e graças ao atletismo. Mas a viagem de 15 horas para a Turquia foi novidade para Cleverson. “Há pouco tempo, eu viajei para o Uruguai, onde eu fui terceiro colocado nos 400 metros e vice-campeão nos 200 metros, que é minha principal prova”, explica. Já a viagem para a Turquia foi bem mais longa. “O título valeu mais do que todas as horas passadas no avião (risos)”, diverte-se.

Jovem, porém centrado, Cleverson é categórico na hora de escolher uma pessoa para dedicar os frutos colhidos. “Eu dedico ao meu treinador Neto”, afirma, “graças a ele, muita coisa mudou na minha vida. Ele é meu amigo, meu segundo pai”, conta. “Eu fico muito feliz dele ser parte da minha vida, da minha história. Tudo o que eu ganhei também é dele”, finaliza Cleverson.

Reconhecimento
Acostumado com uma vida tranquila e regada a treinos, as inúmeras entrevistas já dadas são novidade para o jovem atleta. “Eu ainda fico muito surpreso na questão da mídia, eu não esperava tanta procura, tanto interesse pela minha história e pela competição”, admite Cleverson.

Além da mídia, Cleverson também foi muito bem-recebido pela população bauruense por meio de uma cerimônia. “Muita gente pede foto e autógrafo! Muitas crianças também me falaram que eu sou o espelho delas e isso me deixa muito feliz, me marca e me motiva a continuar”, conclui o atleta.

O frenesi pode ser momentâneo, mas a marca que o jovem Cleverson deixou na história bauruense, prestes a completar 120 anos, é eterna. “Levar a cidade de Bauru para fora, conquistar um título inédito, que muitas pessoas desacreditavam por eu ser um atleta bauruense, e que o mundo viu… é uma honra muito grande”, afirma. “É uma felicidade muito grande conseguir trazer esse momento para a cidade com o aniversário tão perto”, conclui.

Futuro
“Acho que o sonho de todo atleta é ir para os Jogos Olímpicos”, afirma Cleverson. O futuro do jovem atleta parece reserva muito brilho. “Eu ainda sou novo, tenho 17 anos. Mas eu já coloquei na minha cabeça que eu sempre tenho que ter o sonho, o objetivo e ir em busca dele”, reitera.

O garoto tem consciência que deve ser um passo de cada vez. “Eu sei que eu ainda tenho os meus objetivos desse ano, não posso só pensar em uma provável Olimpíada em 2020, gosto de pensar de ano em ano”, afirma o atleta. O próximo objetivo de Cleverson é ser campeão brasileiro interseleções para conseguir uma vaga no sul-americano e continuar sonhando com um Pan-Americano em três anos e as Olimpíadas em quatro.

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