Lenize Vargas (foto) se considera otimista e acredita que isso eleva sua autoconfiança
Lenize Vargas (foto) se considera otimista e acredita que isso eleva sua autoconfiança

Você se considera otimista ou pessimista? Psicólogos – e também os que se chamam de realistas – afirmam que o pessimismo é importante para o ser humano e que o otimismo em doses estrondosas pode ser nocivo. A conclusão que a psicóloga alemã Gabriele Oettingen chegou em seu livro “Rethinking Positive Thinking: Inside the New Science of Motivation” (Repensando o pensamento positivo: por dentro da Nova Ciência Motivacional, em tradução livre) é que o “otimismo cego” não obrigatoriamente motiva as pessoas, mas sim que cria uma impressão de condescendência.

O psicólogo bauruense Marcelo Gonçalves Rodrigues concorda. “Os perigos de um otimismo demasiado frente a uma realidade material injusta são o de legitimar indivíduos cegos numa vida cega adaptados para suportar o insuportável”, afirma. Marcelo ainda exemplifica o “otimismo cego” com religião e política. “São duas frentes especialistas em motivar o sujeito para não reclamar, não criticar, dar a outra face”, acredita, “o slogan ‘não pense em crise, trabalhe’, que recentemente se espalhou pelo país logo após o afastamento, serve de um modelo paradigmático bem tupiniquim de como um falso otimismo pode ser cínico e perigoso, pois busca silenciar e acomodar”, finaliza o psicólogo.

O estado pessimista é visto como um momento de reflexão, no qual as pessoas normalmente se isolam, refletem e questionam ações necessárias para superar problemas. O operador de back office Gabriel Bonini, que se considera um realista, acredita que uma pessoa otimista que sente dores não relata o problema, pois o pensamento positivo dela coloca a dor em estado de negação. “A fuga talvez seja um dos pontos e um dos problemas do pensamento positivo. Usamos o pensamento positivo para fugirmos do verdadeiro estado que nos encontramos”, acredita Gabriel.

Na contramão de Marcelo e Gabriel, Lenize Vargas acredita que o otimismo é importante para manter a autoconfiança da pessoa alta. “Eu me considero otimista porque, independente do que aconteça, tudo sempre funciona no final”, afirma ela. “Acredito que há males que vem para o bem. Todo mundo tem problemas e passa por dificuldades ao longo da vida, mas tudo tem que ser resolvido da melhor forma possível sempre acreditando que você tem o total controle da situação”, completa.

Como uma infinidade de coisas na vida, o segredo parece estar no balanço das duas situações. Lenize é uma clara otimista, mas não acredita que o otimismo dela seja cego. “Meu otimismo não é um exagero. Tenho plena consciência que algumas situações podem dar errado e de que ele pode também trazer muita decepção. Ainda sim, sempre penso no melhor desfecho”, finaliza.

Mas como encontrar esse equilíbrio? Para Marcelo, o primeiro passo é “admitir que algo não vai bem”. As pessoas, mesmo que muito otimistas, têm que compreender que problemas acontecem e, a partir disso buscar caminhos para resolvê-los. “Enxergar ou desejar alcançar a origem ou as determinações do estado de algo ruim, seja pessoal, político ou acerca do que ocorre no mundo, já seria um passo fundamental para modificar a visão, não negativa ou pessimista, mas acrítica de um problema. Isto é, superar um processo de alienação da realidade em que vivemos”, completa o psicólogo.

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