Karen Dolorez agora se dedica ao streetart
Karen Dolorez agora se dedica ao streetart

A maioria das pessoas cresce ouvindo um roteiro de vida que inclui escola, natação, uma aulinha de alguma coisa ali, outra daqui, estuda, estuda ,estuda, agora casa, não esquece dos filhos. Ouvem também coisas como “aprende um instrumento aí”; “estuda pro vestibular”; “passa na faculdade”; “você tem 18 anos, ainda não sabe o que quer da vida?”. É nessa pressão que muitas pessoas escolhem um curso sem ter muitas certezas, afinal, como decidir o resto da vida com apenas 18 anos?

Nas incertezas também mora a coragem para mudar aquilo que já não agrada tanto. Karen Dolorez, formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade do Sagrado Coração, se mudou para São Paulo e começou a questionar tudo o que fazia: do trabalho à alimentação. “Eu acho que nada está quase certo na nossa vida nunca. Não somos acostumados a nos perguntar de fato o que queremos e se queremos. Muitas vezes escolhemos qualquer faculdade apenas para riscar da lista e trabalhar de qualquer coisa, sem saber se temos habilidade e vontade pra isso”, afirma.

Após trabalhar como designer por aproximadamente oito anos, Karen entendeu que ela não precisava estar dentro de uma empresa com carteira assinada. Ela podia procurar outros meios que trariam a ela uma maior leveza. Em meio a mais uma crise profissional, Karen voltou a praticar o crochê como hobby. O hobby virou meio de expressão pessoal e a expressão virou trabalho. Uma mudança um tanto quanto inusitada, mas uma arte também um tanto quanto única.

“Essa escolha não foi tão racional. Eu sentia falta de fazer algo que pudesse me expressar mais e usar mais minha criatividade”, conta Karen. Os crochês da artista não são comuns, eles fazem parte de um conceito de arte de rua que retrata temas políticos e sociais, como o feminismo. “Acho que as escolhas aparecem naturalmente quando paramos pra escutar o que sentimos de verdade. A partir daí não tem como se arrepender”, é categórica.

O caso de Renata Leite é um pouco diferente. Ela é formada em jornalismo, mas deixou de exercer a profissão para cursar pedagogia. Renata continua em uma área considerada “padrão”, mas a mudança veio já depois de uma vida estabelecida com 18 anos de trabalho na Editora Alto Astral, um bom salário e ótimo cargo. “Há alguns anos eu estava infeliz porque meu cargo de liderança foi se distanciando do que eu mais valorizava no trabalho, que era ajudar as pessoas, e fui exercendo essa função de forma muito indireta”, conta.

Outro fator determinante para a escolha de Renata é o tempo com os filhos. “Eu sempre tive vontade de dar aulas, mas isso ficava em segundo plano. Fiz mestrado em Comunicação, mas nunca procurei as universidades porque a maioria das aulas é ministrada à noite e isso reduziria o tempo precioso com meus filhos”, explica. Foi aos 40 anos que ela decidiu cursar a amada Pedagogia e realizar o sonho de trabalhar com crianças.

Quem também desistiu da carreira de jornalista foi Adriana Serrano. Ela passou no vestibular com apenas 16 anos depois de estudar e correr atrás de tudo o que haviam prometido a ela. “Veio a formatura, o trabalho valorizado, cobrindo economia e política em São Paulo, sendo cada vez mais requisitada para cobrir pautas importantes, fazendo amigos, contatos… E esperando a felicidade chegar”, conta Adriana. “Eu cumpri as regras, fiz o que disseram. E onde ela estava?”, questiona.

Quando Adriana perguntou a si mesma o que ela queria foi que ela decidiu que era hora de parar. Saiu de São Paulo, voltou para Bauru, continuou no jornalismo, mas agora tinha a companheira psicologia. “A Psicologia parece que emana de mim, está em tudo o que eu vejo, na educação dos meus filhos, no meu casamento, nas minhas amizades, me traz respostas para minhas dúvidas existenciais. Agora eu trabalho com o que sou, com o que lapidei de mim”, explica.

Muitas outras pessoas também fazem parte desse carrossel que não para de girar nunca e exige tomada de decisões que, nem sempre, são as corretas. A coragem não é simplesmente largar tudo, é refletir antes e agir sem pressão. “Eu sugiro começar a nova atividade junto com a antiga, para você não sofrer com a ansiedade de que nada dará certo”, aconselha Renata.

É importante também rever gastos e planejar mudanças, mas deixe a intuição falar também. “Acho que nada do que é forçado funciona, as coisas precisam fluir como água, naturalmente”, diz Karen. No final, é a felicidade de cada um que está em jogo. “Felicidade não é um presente, é uma conquista. Uma conquista muito particular, que está dentro de cada um de nós. Ela é resultado do nosso diálogo com a nossa história, com as nossas expectativas, com as possibilidades que o mundo oferece, com nossos desejos mais profundos. E é real”, conclui, a agora psicóloga, Adriana.

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