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Qual o seu sonho? Ele é impossível de se realizar? Bom, a bauruense Nayara Leite nem imaginava que um dia iria realizar o seu… mas ela está só a alguns passos de concretizar o que tanto almejou. Formada em Educação Física pela Universidade em Ponta Grossa (vestibular que ela passou em primeiro lugar, antes de terminar o ensino médio), mestre em Biologia Celular, também pela universidade do Paraná e doutora em Biologia Funcional e Molecular pela Unicamp, Nayara foi convidada a fazer o pós-doutorado em Harvard. Sim, convidada.

A jovem de 27 anos ia passar alguns dias em Boston, nos Estados Unidos, e viu a chance bater em sua porta. Ela aproveitou a ocasião para conversar com alguns professores da universidade de Harvard – considerada uma das melhores do mundo – visitou alguns laboratórios e, entre estes contatos, conseguiu conversar com o maior pesquisador em diabetes do mundo. “De tão bom que ele é, achei que nem iria responder”, comenta.

Mas, entre algumas entrevistas, visitas e palestras, Nayara conseguiu a vaga para cursar o pós-doutorado e foi convidada a estudar ao lado do pesquisador que tanto admira. Mas para isso realmente acontecer, a estudante precisa da ajuda da população, já que não tem dinheiro suficiente para as passagens e se manter o primeiro mês nos Estados Unidos.

Nós conversamos com a bauruense para saber como funciona a campanha online, detalhes de sua conquista e como ela está se sentindo, já que está tão perto de realizar algo que sempre sonhou. Confira:

Qual a sua formação?
Nayara: Eu fiz faculdade em Ponta Grossa. Prestei o vestibular no meio do terceiro colegial e já passei em primeiro lugar na faculdade de Educação Física de lá. Entendi isso como um sinal de Deus. Já que eu tinha passado em primeiro lugar, eu deveria seguir em frente e cursar esta faculdade. Mas, desde a graduação, eu comecei a me interessar mais na área de biologia, na parte da saúde. Tanto que, no segundo ano de faculdade eu fiz iniciação científica no laboratório de fisiologia humana e estudava diabetes e obesidade, com um projeto voltado ao exercício físico e os seus efeitos em pessoas com obesidade e diabetes. Depois que eu terminei a faculdade, eu prestei cursei mestrado em biologia celular também no Paraná e depois fiz o doutorado na Unicamp, na área de biologia funcional e molecular. O nosso laboratório aqui da Unicamp é um dos maiores de São Paulo envolvidos com o tema de obesidades e diabetes. Agora estou terminando o doutorado e defendo já esta semana.

Como surgiu essa oportunidade de ir para Harvard? Foi um processo seletivo muito difícil?
Nayara: A oportunidade foi algo que eu não esperava. O processo do pós-doutorado é diferente daqui do Brasil. Os professores anunciam as vagas e aí você se candidata para estas vagas. Eu fui visitar uma amiga que estava morando em Boston, nos Estados Unidos, onde fica Harvard, no final do ano passado. Como eu já ia para lá, eu aproveitei e mandei um email pedindo para visitar os laboratórios. Mandei para dez professores e tive duas respostas. Aí, eu fui e visitei os laboratórios, que são bem modernos, principalmente em relação aos nossos aqui do Brasil. Mesmo assim, os meus olhos não brilharam. Aí, um dia antes de eu voltar para o Brasil, eu pensei em procurar um professor que tem o melhor laboratório de pesquisa na área de diabetes. Mandei um email, mas sem esperança alguma. De tão bom que ele é, achei que ele nem iria responder. Mas ele me respondeu de uma forma que eu fiquei extremamente emocionada. Ele me tratou no email como se eu fosse uma pessoa muito importante, ainda mais que ele. Mas, como eu já estava voltando, não foi possível ir visitar. Aí ele sugeriu que a gente conversasse por Skype, porque ele queria conhecer o meu trabalho e eu tinha deixado claro no email que queria uma vaga no pós-doc. Confesso que fiquei muito ansiosa até esta conversa acontecer! Mas deu tudo certo e ele foi muito didático. Aí, no final, ele perguntou se eu não podia ir para lá e fazer uma entrevista pessoalmente, além de ministrar uma palestra para as pessoas do laboratório, para explicar o meu trabalho. Inclusive, ele pagou a minha passagem de ida e volta. Nossa, na hora eu até tremi de emoção!!! E aí eu fui no início deste ano e conheci todos os alunos dele. Foi uma experiência única! No último dia ele me fez uma proposta de projeto de pesquisa e eu aceitei. Depois, quando já estava aqui no Brasil, recebi um email dele me convidando a participar da sua equipe no pós-doc, a partir de janeiro de 2017. Quando eu recebi este email, eu fiquei sem ar!

E o que você irá fazer lá? Onde irá morar?
Nayara: O meu projeto de pesquisa será relacionado com o diabetes tipo I, que trata-se de uma doença autoimune, que geralmente acontece em crianças. Neste caso, o sistema imune destrói quase todas as células que são responsáveis por liberarem insulina, principal hormônio responsável por captar a glicose do sangue. Quando a pessoa não tem insulina, a pessoa não tem energia. A proposta deste professor é tentar criar uma célula que seja capaz de produzir a insulina e transplantar em humanos. O problema é que, quem é diabético tem o sistema imune que mata estas células. Por isso, a ideia dele é deixar que estas células fiquem invisíveis. Este é o meu projeto. E eu ainda não sei onde eu vou morar, só depois que eu estiver lá que saberei, pois me falaram que existem muitos anúncios falsos e o ideal é fechar pessoalmente. Então, nos primeiros dias, vou ficar na casa de um amigo de uma amiga minha, até já fechar o contrato.

E você ficará por quanto tempo?
Nayara: O meu contrato inicial é de três anos. Mas o professor já disse que, dependendo de como eu me sair na pesquisa e se ele achar que o meu trabalho foi efetivo, eu posso ser contratada por oito anos e ficar lá por muito tempo. Eu sinto que a ficha ainda não caiu, sabe? Ainda nem acredito que isto vai acontecer comigo. Eu já fiquei muito emocionada quando ele pediu para fazer a entrevista por Skype, depois ele pagou minhas passagens para eu estar lá… nem acreditava em tudo isso. Quando que eu ia imaginar que o melhor pesquisador na área de diabetes tipo 1 iria me convidar para estudar com ele? Não consigo nem descrever a emoção disso tudo. Ainda estou digerindo tudo, esta mistura de felicidade e nervosismo. Confesso que estou com um pouco de medo desta nova fase. Até porque eu sei que vou trabalhar muito! Mais do que estamos acostumados a trabalhar aqui no Brasil, já que os Estados Unidos são polo em descobertas farmacêuticas e há muita competição. Olha, confesso que pensando nisso tudo, me deu até vontade de chorar. Aqui no laboratório da Unicamp o clima é muito diferente; nós somos muito amigos e todo mundo se ajuda. Os problemas são resolvidos em conjunto. Tenho um pouco de medo disso tudo. Também estou assustada com o clima de Boston… lá tem até neve! Eu nunca vi neve… é algo muito diferente que também dá medo.

Você já estudou fora do país alguma vez?
Nayara: Sim, eu fiquei oito meses em Bruxelas, na Bélgica, fazendo parte do meu doutorado. Mas foi uma experiência muito diferente: primeiro porque eu tinha data para voltar e segundo que, lá em Bruxelas, eu fiquei com uma amiga que era daqui do laboratório da Unicamp. Então eu tive ajuda de uma pessoa que já estava totalmente adaptada. Mas acredito que esta experiência já irá me ajudar nesta nova fase.

E você está com dificuldades para se manter o primeiro mês, certo? Como a população de Bauru pode te ajudar?
Nayara: Sim, estou com dificuldade para me manter no primeiro mês, já que só recebo um mês após a minha chegada. Inclusive, a faculdade de Harvard não cobre as despesas iniciais. Por isso, estou tentando arrecadar dinheiro para pagar as passagens e aluguel. Sem contar que lá, quando uma pessoa aluga um apartamento, ele já precisa pagar dois meses adiantados, e a média – de um quarto muito barato – é de 800 dólares ao mês. Por isso, eu fiz uma campanha de vaquinha online. O link está disponível para todo mundo com todas as informações. Se eu bater a meta, eu recebo o dinheiro arrecadado; caso não dê certo, eu tenho que pagar 17% do valor para o site.

Estudar em Harvard é um sonho para muitas pessoas. Era o seu sonho? E o que você pode dizer para quem tem este sonho
Nayara: Nossa, é mesmo um sonho para muitas pessoas. E eu nunca imaginei que eu conseguiria isso um dia. Aliás, eu ainda não acredito…a ficha só vai cair quando eu estiver lá. Acredito que o problema de nós, brasileiros, é que sempre achamos que não somos bons como as pessoas de outros países. Eu falo isso por mim; era este o meu sentimento. Quando mandei o email para o professor, nem imaginava que ele iria responder. Mesmo assim, eu arrisquei. Por isso, a lição que eu tiro é que temos que estudar e nos esforçar muito para que sejamos competentes. E nunca devemos desistir de tentar, mesmo que o sonho pareça impossível. Acho que este é o maior conselho que posso dar para alguém: dê passos para a concretização do seu sonho. Todos nós somos capazes de realizar qualquer coisa. Ir para Harvard ainda é um sonho e foi muito difícil chegar até aqui; estudei muito. Mas acredito que qualquer um pode estar onde estou hoje. Precisamos acreditar em quem nós somos.

Para ajudar Nayara, basta acessar ao link: www.kickante.com.br/campanhas/

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