Marcus Cirillo é natural de Agudos e há dois anos mora em Bauru. Formado pela USC em 2012, em Artes Cênicas, ele descobriu uma uma paixão: Stand-up Comedy, espetáculo de humor apresentado, normalmente, por apenas um comediante em pé sem uso de acessórios, cenários ou outro recurso teatral.
A paixão virou profissão, Cirillo viaja o Brasil com seu show “Riso com Farofa” há quatro anos. Este ano, o humorista foi selecionado entre 28 pessoas para participar do “Prêmio Multishow de Humor de 2017”, programa da Globosat que dá voz à novos humoristas do País.
Nós, do Social Bauru, conversamos com o comediante de 26 anos sobre o início da carreira, seus sonhos e planos. “2016 foi o melhor ano da minha vida, profissionalmente falando, cresci muito e 2017 já começou sensacional com essa noticia”.
Saiba mais:
Você se considera um humorista ou um ator?
Eu me considero um endividado, mas também um ator que se tornou humorista. Eu me formei em Artes Cênicas pela Usc, em 2012 e, nesse tempo, descobri o Stand-up e me apaixonei. ‘Foi amor à primeira piada’.
E quando começou a sua paixão pela arte? Como percebeu que tinha este talento?
Senta que lá vem história. Sempre gostei muito de comédia. Sou fã incondicional do Jim Carrey. Desde adolescente, fazia vídeos para o Youtube, mas tudo caseiro. Percebi que era o palco que queria pra vida quando fui a Lençóis Paulista, em um evento com um mágico palestrante motivacional, e o ajudei a fazer uma mágica, em um número engraçado do show. Na base do improviso fui brincando, fazendo caras e bocas e as 600 pessoas presentes caíram na gargalhada. Eu me senti tão à vontade que não queria mais sair de cima do palco. Não sei se é talento, mas o meu jeito, hoje, veio de criação. Meus pais me criaram sempre em um ambiente bem-humorado. Meu pai é minha inspiração.
Quais as suas experiências no ramo da arte?
Já escrevi, dirigi e produzi um média metragem chamado “O Azarado” em 2010. Acho que foi aí que tudo começou pra valer. Atuei em vários filmes produzidos pelo pessoal de Rádio e Tv da Unesp, já participei do Programa do Raul Gil e desde 2012 rodo esse ‘Brasilzão’ com meu Circuito de Comédia Stand-up (www.facebook.com/risocomfarofa) que criei rodando 32 cidades do interior paulista, norte do Paraná e sul do Mato Grosso do Sul… Ah, e na escola era campeão em desenho livre. Acho que de arte só isso mesmo (risos).
E por que você decidiu participar do programa “Prêmio Multishow de Humor”?
Quis arriscar! Na verdade, vivo sempre arriscando. Cada show é um risco novo que a gente corre. Ainda bem que a maré tá boa agora e os riscos vem dando certo. Tirando uma semana de azar que tive no final do ano, em quatro dias bati o carro, fui assaltado, chegou uma conta de água de R$422 em casa e fui a um barzinho e uma moça me pediu uma cerveja, achando que eu fosse o garçom do lugar! #quefase.
Como foi a seleção? Foram muitas etapas?
Foi uma única etapa, em São Paulo, com uma câmera filmando de frente no palco de um teatro completamente vazio, não fosse a presença dos diretores do programa ao lado olhando para os monitores. Foi isso. Bem ruim de fazer, até porque a câmera não ri e todo mundo sabe o quão ruim é você contar uma piada e não ter ninguém rindo. Fica um baita ‘climão’ pesado. Os próprios diretores, antes do teste, avisaram que eles ali seriam os únicos presentes e não poderiam rir. Mas na minha vez quando terminei a minha participação lá, olhei para eles e eles estavam rindo, isso já me deu uma animada. A diretora fez algumas perguntas pra mim sobre meu trabalho e fui dispensado. Aí ficou a agonia de vários dias até sair o resultado de quem iria entrar. No total, foram dois dias de seleção para os humoristas do estado de São Paulo, ou seja, mais de 50 participantes. Acho que entraram só quatro, se não me engano.
E o que sentiu quando viu que tinha passado?
Senti uma leve falência dos órgãos (risos). Demorou um pouco para a ficha cair, mas explodi por dentro enquanto a produtora do Rio falava por telefone comigo. Mandei áudio no grupo dos amigos e família gritando igual um idiota, falando que passei! Mas a melhor reação foi a do meu pai que só mandou alguns ‘joinhas’.
As gravações já começaram?
Não, as gravações serão no Rio de Janeiro, de 21 de janeiro a 5 de fevereiro. Serão etapas eliminatórias e em cada programa um participante é eliminado. Teremos que fazer músicas, esquetes e personagens. Vou ter que me virar lá.
Você é do interior e trabalha com a arte, humor. É possível viver da arte, mesmo em uma cidade pequena?
Sim! É possível fazer de tudo em qualquer lugar, basta se empenhar nisso. Larguei meu trabalho pra viver de comédia: eu era concursado na prefeitura de Agudos com um bom salário e meu pai quase enfartou. Mas em 2012 meti a cara e criei com um amigo, que na época se apresentava junto comigo, um Circuito de Comédia “Riso com Farofa”. Hoje, fazemos shows mensais ou bimestrais em cidades que chegam a ter só 15 mil habitantes e, mesmo assim, os shows sempre lotam. Lógico que não é fácil e dá bastante trabalho, mas se fosse fácil não teria graça. Sempre trago dois comediantes diferentes comigo e fazemos turnês por várias cidades toda semana. Dessa forma, quem já foi pode ir de novo que o show será sempre com elenco diferente. Cada show é um novo show.
Já pensou em desistir? O que te faz continuar com este sonho todos os dias? E qual o seu maior sonho?
Se um dia eu desistir, estarei preparado porque meu pai até hoje me manda mensagem avisando de concurso que tá abrindo da Sabesp! (risos). Falando sério agora… quem nunca? Já tive minhas ‘bads’ (mus momentos). Momentos dificílimos, calotes, shows vazios, pessoas que entram em nossas vidas prometendo o céu e a terra, você acredita e quebra a cara (e o bolso também). Já pensei em desistir sim. Mas aí vem uma maré de boas notícias e te reanimam pra vida. Dizem que comediante é depressivo e tem tendência ao suicídio. Por enquanto, eu estou vivendo a fase endividado mesmo. 2016 foi o melhor ano da minha vida, profissionalmente falando, cresci muito e 2017 já começou sensacional com essa notícia de que entrei para o programa. Bauru pode esperar mais novidades, já que em breve estarei abrindo, com dois sócios de Botucatu (Renato e Igor), o primeiro Comedy Club do Centro-Oeste Paulista. Não sabemos o nome que daremos ainda, mas talvez colocarei Carrossel Comedy Club e finalmente poderei falar que sou o ‘Cirillo do Carrossel’.
Humoristas bauruenses
Além de Marcos, outro comediante de nossa cidade que também participou do programa “Prêmio Multishow de Humor” foi Límerson Morales, de 28 anos.
O jovem participou das seleções e chegou até a final do programa no ano passado. Ex-morador de Curitiba, Límerson se formou em direção teatral e se aprofundou nos trabalhos como diretor e autor. E foi no sul do país que o humorista estabeleceu parcerias fundamentais e aprendeu os mais diversos procedimentos para lidar com suas palavras. Foi lá também que ele apresentou cerca de oito peças que escreveu e dirigiu.
Para o Social Bauru, ele comentou sobre sua participação no programa da Globosat: “Competição de fato nunca foi o meu forte, embora a experiência tenha sido inesquecível e eu evidentemente quisesse muito ter continuado”.
Confira a entrevista completa que o Social Bauru realizou com Límerson, no ano passado.