Começo de ano é tempo de mudar ou, pelo menos, tentar. Algumas práticas demandam tempo, por isso, a melhor maneira de começar é aos poucos. Levar uma vida mais saudável é um exemplo de mudança que acontece gradativamente e ela pode começar pela forma como você come.

Fundado em 1986, por Carlo Petrini, o “Slow Food” é um movimento que tem como princípio básico prestar mais atenção na forma de se alimentar. Traduzido ao pé da letra, significa comer devagar, focando no exercício de se alimentar e prestando atenção no sabor da comida deixando de lado um pouco da correria do dia a dia.

Depois de décadas introduzidos no “American Way of Life”, de consumo desenfreado, alimentos enlatados e redes de fast-food, as pessoas têm se conscientizado que essa forma de viver acarreta alguns malefícios para a saúde, já que o nosso corpo reage ao nosso modo de viver e ao que comemos.

Por isso, começar a mudar o jeito de se alimentar é um grande passo para ter uma vida mais saudável. Esse é um dos princípios básicos do Slow Food: o prazer da alimentação feita com alimentos naturais que saem da horta e, não mais de latas, e que respeite tanto o meio ambiente quanto os produtores.

Além do prazer de comer bem, o movimento defende a responsabilidade socio-ambiental e o processo de cozinhar respeitando as culturas e tradições de uma boa receita. Cortar os alimentos, cozê-los, sentir o cheiro dos temperos fazem parte do processo de conscientização da alimentação, já que se participa de todas as fases até a melhor parte que é saborear.

Segundo o site do Slow Food, o movimento acredita ser “bom, limpo e justo: é como o movimento acredita que deve ser o alimento. O alimento que comemos deve ter bom sabor; deve ser cultivado de maneira limpa, sem prejudicar nossa saúde, o meio ambiente ou os animais; e os produtores devem receber o que é justo pelo seu trabalho”.

O movimento se tornou uma associação internacional sem fins lucrativos em 1989 e atualmente conta com mais de 100.000 membros e tem escritórios na Itália, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido, e apoiadores em 150 países.

Rodrigo Trovarelli é chef e proprietário do restaurante Balaio de Krishna e adepto ao Slow Food. O bauruense tem planos de criar uma célula de convívio do movimento em Bauru e conversou sobre isso e mais curiosidades sobre isso:
Se interessou pelo movimento e quer algumas dicas para começar a comer devagar? Olha o que o Rodrigo nos contou:

– Como podemos começar essa prática?

Nos dias de hoje, quando adquirimos ou consumimos algum gênero alimentício, seja ele qual for, não pensamos muito no seu processo produtivo, quem o produz e sua origem. Nossa cultura, muitas vezes, nos faz pensar que o alimento vem do supermercado, quando na verdade o supermercado nada mais é que apenas um entreposto. Esta falta de conexão com a vida e os seus processos produtivos acaba por criar uma espécie de alienação. Isso nos torna cada vez mais dependentes de processos industriais e do mercado financeiro.
Uma boa forma de iniciar esta prática é apreciar o momento da refeição. Ficar longe do celular e reservar um tempo para perceber as sensações provocadas pelo alimento que está ingerindo. Além disso, escolher alimentos orgânicos,  livres de agrotóxicos e aditivos. Essa postura é uma boa escolha para ter mais qualidade de vida.

– Qual a importância do Slow Food para o corpo e a saúde?

Ao fazer escolhas pelos alimentos regionais, orgânicos e frescos, você vai ingerir o seu potencial nutritivo máximo. Alimentando-se de maneira consciente, você passa a trocar quantidade por qualidade. No movimento do Slow Food, o corpo passa por um processo de desintoxicação e consegue absorver mais facilmente as vitaminas e minerais dos alimentos ingeridos.    

– Quais os benefícios que o Slow Food traz para a vida das pessoas?
Equilíbrio, saúde, paz, disposição e muita alegria! Além de uma grande sensação de liberdade e independência.

– Esse movimento tem a parte consciente que trata da ecologia e da agricultura. Como podemos fazer parte disso?
O Slow Food é um contra-movimento dessa indústria que visa mais o lucro que a qualidade. É um movimento que busca resgatar a agricultura mais rudimentar, que produza alimentos mais saudáveis de maneira ecológica e orgânica a um preço justo.
Mas, para que essa mudança se torne cada vez mais viável, depende de nós partir para a ação! Fortalecer a agricultura local, dar condições para que o pequeno agricultor permaneça na terra e solicitar aos supermercados da região que comprem de produtores locais. Tudo isso é o início de uma transformação sustentável para a cidade.

– Quais as dicas para quem quer começar?
Comece! É mais simples do que parece!
–  Destine o tempo do almoço para o almoço, ou seja,  desligue o celular e equipamentos eletrônicos e almoce em um local calmo e agradável;
– Procure consumir produtos orgânicos, frescos e de nossa região;
– Compre direto do produtor;

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