O Aeroclube de Bauru, fundado em 1939, é um lugar muito especial para a cidade. Ali, aconteceram as primeiras atividades ligadas à aviação na cidade e, ainda hoje, o local é utilizado por planadores e jatos particulares. Seus prédios são tombados como patrimônio histórico da cidade, mas são poucos os bauruenses que conhecem o lugar e sua história.

Apesar de importante, o Aeroclube ocupa uma área extensa e suas atividades contemplam uma mínima parcela da população. Pensando nisso, a arquiteta Caroline Cataneli Melo fez um projeto de um parque no lugar do Aeroclube para o seu trabalho final de graduação.

A ideia não é acabar com a história que tem ali, muito pelo contrário. Caroline propôs um museu, usando os prédios tombados, aberto à população para apresentar a história do Aeroclube. Além disso, a pista por onde trafegam os aviões seria reutilizada como pista de caminhada. Outros pontos positivos são atalho entre a Avenida Getúlio Vargas e a Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, e a arborização que diminuiria a temperatura do lugar nos dias mais quentes.

Para saber mais detalhes, conversamos com a idealizadora do projeto. Confira:

– Como surgiu a ideia do parque?

Eu sou de São Paulo e faz 12 anos que moro aqui em Bauru. Quando eu cheguei na cidade, a primeira coisa que eu procurei foi um lugar para eu andar de bicicleta, porque eu morava muito perto do Ibirapuera, e eu sempre tive isso na minha cabeça, que seria muito bacana ter um parque aqui em Bauru. Quando fiz meu TFG (trabalho final de graduação), eu estava conversando com a minha orientadora e falei sobre essa ideia para ela, que adorou! Ela perguntou onde eu estava pensando em fazer o parque e eu respondi o Aeroclube. Ela achou polêmico e eu concordei (risos).

Na verdade, a gente ia integrar mais vida para o lugar, já que a orla da Getúlio já é pra caminhada e exercício físico, depois colocaram umas quadras ali, então dá pra sentir que eles estão tentando usar mais entrar aos poucos e usar aquela área aos poucos. Quando me mudei, o aeroporto ainda era ali e descia os aviões de porte grande. Depois o aeroporto foi para Arealva e ficaram só os planadores. Eu acho que os planadores é um marco de Bauru, que desenvolveu a cidade, porém, ali existe um vazio urbano. A cidade se desenvolveu em volta e aquilo ficou vazio. São poucas pessoas que usufruem do Aeroclube; de toda a população, apenas 10% usam lá.

Então o meu projeto foi dar mais vida ao lugar. Os hangares são patrimônios tombados, então como não pode mexer. Por isso, eu propus fazer um museu contando a história do lugar. Além disso, toda a área seria usada. A pista serviria para caminhar, andar de bicicleta e, em volta, seriam colocados mais parquinhos, quadra poliesportiva e muita árvore. O meu projeto pretende usar o espaço todo do Aeroclube.

Também fiz um aquário municipal, pois era exigência do projeto, o que não é uma ideia viável até que precise, mas serviria para estudo dos alunos do pessoal de biologia da Unesp. Saindo desse aquário, eu fiz uma marquise para acompanhar a estrutura do bar, que já existe, e fazer uma área mais voltada para a gastronomia dentro do parque. Assim o local teria funcionalidade o dia inteiro, pois um parque durante a noite fica muito abandonado e as pessoas ficam com medo de ir. Então, se você coloca uma função noturna, o espaço já fica movimentado e menos perigoso.
Uma parte importante do meu projeto foi ligar as avenidas Getúlio Vargas e Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, então iria indo do meio da Getúlio até o outro lado por meio do parque, sem precisar dar a volta toda, portanto, ajudaria as pessoas tanto para quem faz caminhada, quanto para quem trabalha ou para quem vai de um lugar ao outro. Essa ligação seria apenas para pedestres e bicicletas.

– Qual seria o principal objetivo?

Trazer vida para esse espaço urbano vazio que tem lá. O Aeroclube é uma muito importante para Bauru. Eu não estou me desfazendo do local, só que hoje ele está sendo pouco usado. então seria Minha ideia é fazer um reaproveitamento daquela área. Nada seria destruído, mas sim, reaproveitado, dando a devida importância que merece. Eu quero utilizar não só a lateral, como acontece hoje, mas o espaço como um todo. Trazer conhecimento para a cidade com o museu, mostrando como foi tudo partindo dali, a importância daquele lugar, do voo à vela e dos planadores. Acho que seria importante tanto para a cultura, quanto como área de lazer para a população e até para o clima da cidade.

– Você acha que seria importante um parque como esse para a cidade?

Eu acho que seria melhor para Bauru porque a gente iria ter uma nova área de lazer, acessível para todo mundo. Seria um novo polo de entretenimento na cidade, um novo lugar para fazer exercício, para passear, para relaxar, etc e está faltando isso na cidade. e a gente vai ter isso a partir do parque. Além disso, foquei muito na questão das árvores, uma questão que eu foquei muito, visando arborizar toda aquela região por causa do calor. Não é uma coisa fácil, mas é algo que poderia ser pensado para a cidade.

– É um projeto viável?

Você fazer um parque do começo é complicado, pois é um projeto caro e precisaria de um alto investimento, porém, traria muitos benefícios para Bauru. É um projeto caro, mas tem que partir de algum lugar. Nenhum parque é feito do dia para noite. O Ibirapuera, por exemplo, levou muitos anos para chegar no que é hoje. Se abrisse um parque no Aeroclube, ele seria muito utilizado. Tem que ter um ponto de partida. A primeira coisa é destruir o alambrado e depois ir colocando coisas, colocar uma quadra aqui, um caminho ali.

– Você se baseou em algum parque de outra cidade?

Eu me baseei no parque Ibirapuera em São Paulo que tem museus, quadras e também é um lugar para fazer eventos. Outro lugar que pesquisei foi o Central Park em Nova Iorque, pois além de ser um lugar gigante para fazer vários tipos de atividades, ele também é um parque para as pessoas relaxarem durante o horário de serviço ou no fim da tarde. Baseado nesses dois lugares, o parque no Aeroclube seria um parque de múltiplos sentidos.

– E o problema de trânsito causado por ter que dar a volta no Aeroclube? Ele seria contemplado no projeto?

O que eu pensei foi em asfaltar a rua que já existe atrás, porque aí você vai cair na Brisolla direto da Getúlio. Esse caminho já existe, mas é de terra, então abriria aquela rua dando uma alternativa e o parque ficaria exclusivo para pedestres.

– Você conversou com alguém da prefeitura? Apresentou o projeto para alguma autoridade?

Não conversei com ninguém, pois antes de propor um parque no Aeroclube eu tenho que falar o que eu vou fazer com as atividades que existem ali. No meu projeto, propus de a prefeitura doar um lugar mais afastado para o pessoal continuar as atividades do Aeroclube. Então, antes de propor a desativação, eu tenho que propor um lugar para ele ir, porque eu não quero acabar com o Aeroclube, eu acho incrível, muito legal.

Compartilhe!
Carregar mais em Geral
...

Verifique também

Gestão, saúde, artes e tecnologia: Senac Bauru oferece mais de 3.800 bolsas de estudo 100% gratuitas

Para quem busca novas perspectivas profissionais em 2024, o Senac Bauru concederá mais de …