Helcio Ribeiro faria 102 anos neste ano
Helcio Ribeiro faria 102 anos neste ano

Há exatamente 102 anos, em 11 de abril de 1915, nascia o bauruense Hélcio Pupo Ribeiro, filho de Jotó Pupo Ribeiro e José Ribeiro da Silva, este ex-presidente e fundador da Sociedade Beneficente Portuguesa e ex-Vice-Cônsul de Portugal em Bauru. Tal como seu pai, Hélcio amava as artes, a música e os livros. Atribuía ao pai, que “tocava bem flauta e já era um músico preocupado com a qualidade da composição, de modo que ele sempre procurava melhorar o repertório”, o seu despertar para as artes.

Teve como formação a Contabilidade, mas foi na docência sobre as artes na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Fundação Educacional de Bauru e UNESP que se realizou como um professor autodidata, devidamente reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação. Hélcio gostava que se referissem a ele com professor Hélcio. Foi autor de vários livros: História da Arte (1969), Artes Industriais (1985), Encontro com o Barroco Mineiro: o Aleijadinho (1972) e Caminhos da Cultura (1997).

Em 1980, foi homenageado pela Câmara Municipal de Bauru com o título Cidadão Benemérito, pelos relevantes serviços prestados à cultura de Bauru. Em 1983, foi eleito membro da Associação Paulista de Críticos de Arte e Membro Honorário da Academia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil. A partir de 1994, passa a produzir e apresentar, na Rádio UNESP, o programa “Audições Amigos da Boa Música”.

Em 1980 teve seu nome incluído no Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos, como professor, crítico de arte e historiador. Foi membro da Academia Bauruense de Letras, e eleito para presidí-la na gestão 1996-97.
Foi cultor da música erudita e popular brasileira e colaborador de diversos jornais. Fundou, em 1943, o Clube Amigos da Boa Música, o qual dirigiu até 2002, completando quase duas mil audições semanais, quando veio a falecer. O Clube tem continuidade até os dias atuais através do entusiasmo e dedicação de Cláudia Siscar, discípula do professor.

Ao completar 56 anos de audições do Clube, escreveu Roberto Fernandes Santarcangelo, no Jornal da Cidade (10.08.2000), “fiquei feliz em participar desta história de entusiasmo e coragem, conduzida por um rosto adornado com sorriso e um semblante radiante e que trabalhava para que todos os presentes pudessem ver com os próprios olhos e não através dos olhos dos outros”.

Seu grande amor pelas artes atraíram-no a muitas viagens aos Estados Unidos e Europa, com o intuito de visitação a igrejas históricas, museus, galerias de arte, etc. Sua máquina fotográfica registrava tudo e, posteriormente, o material produzido ilustravam suas aulas, palestras e audições. Em sua residência mantinha audioteca e biblioteca sobre artes e música.

Hélcio possui um “valor intelectual de que Bauru tanto se orgulha, com uma primorosa incursão pelo mundo das artes industriais, assunto que domina com invulgar proficiência, graças ao seu reconhecido tirocínio – fruto de persistente dedicação e longa militância didático-profissional”, escreveu Jarbas Basílio, um dos membros-fundadores da Associação Bauruense de Letras.

Para o poeta Eusébio Guerra, criador do slogan associado a Bauru, “Cidade Sem Limites”, sobre Hélcio afirmava peremptoriamente que “é uma das mais fortes e expressivas personalidades que conheço”. Olegário Bastos, médico e amante das artes, assim se referia a Ribeiro: “um respeitável autodidata, um tremendo idealista, querido e amado pelos seus incontáveis admiradores e amigos”.

Hélcio faleceu em 1º de setembro de 2002. Denise Stump, membro do Clube assim se expressava à época: “A música era tudo na vida dele e ele fez da sala de sua casa um templo da cultura em Bauru, sem nunca pedir contrapartida. Era uma pessoa única”. Walter Mortari, artista plástico bauruense, afirmava que “para Hélcio, a música era concreta, tinha corpo e ele cuidava como se fosse um filho”. Ao falar da perda do marido, Irma Murino, profetizava, “agora ele colocará a música lá no céu”.

Ao se rememorar os 102 anos de nascimento deste bauruense ilustre, admirado, reverenciado e reconhecido por todos os que tiveram o privilégio de com ele conviver, fica a constatação de que o município ainda não rendeu a Hélcio as homenagens que lhe seriam devidas. Com a morte, há 15 anos, deste que foi considerado como um dos maiores conhecedores das artes e música erudita no país, há que se fazer lembrar e conhecer um pouquinho da história deste ícone da musica e das artes às novas gerações.

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