Bruna Salto é uma das pessoas que vive esse dilema aqui em Bauru

Bloquear ou conversar? Ignorar ou perdoar – eis a questão? Para algumas pessoas sim, este é um verdadeiro dilema, sobretudo em tempos modernos, com as facilidades das redes sociais e dos dispositivos móveis. Quando o namoro chega ao fim é só bloquear a pessoa das redes sociais que tudo fica mais fácil, não é mesmo? Nem sempre; nem para todo mundo.

Foi por causa de questões como estas que a bauruense Bruna Salto, com MBA em Marketing Estratégico, decidiu escrever uma crônica despretensiosa em seu Facebook pessoal. Em seu texto, ela diz: “Estou te bloqueando no Whats! Sim, eu disse isso. Disse sem pensar… Disse com um tom de ameaça, de raiva, de revolta. Bloqueei, pois toda conversa insistia em cutucar um assunto passado, assunto que machucava, que doía, que me deixava triste, nervosa, tensa… Um assunto que eu queria apagar, finalizar, ‘bloquear’. Mais do que isso, bloqueei porque eu queria me policiar. Sim, eu preciso de limites, regras e de direcionamento. Meu lado emocional é dominante e isso me faz tomar atitudes impulsivas que colocam em evidência todas as minhas fraquezas, medos e sentimentos. Ah esses sentimentos que ficam visíveis! Como me assusta ser tão transparente assim… Clico para mandar uma mensagem nova e aparece o alerta: ‘Você quer desbloquear essa conversa?’ ‘Bruna, menos! Seja racional… Tente ser menos emoção!’ Paro e penso: ‘Se bloqueei teve um motivo'”.

Ela, que tem o hobby de escrever crônicas desde os 16 anos, como forma de desabado para situações do dia a dia, decidiu escrever este texto a partir de um dilema próprio e só publicou para ajudar outras pessoas. Após a publicação, Bruna comenta que recebeu recados de muitas pessoas que enfrentaram o orgulho e a dor, e que acabaram procurando pessoas ‘bloqueadas’ em suas vidas. “Quando eu terminei o texto, eu pensei: ‘Caramba! Devem ter várias outras pessoas passando por uma situação parecida com a minha…’ Publiquei na minha conta do Facebook imaginando que alguns amigos iriam se identificar e pensar na situação que estavam vivendo. Se eu ajudasse pelo menos uma pessoa a tomar coragem de retomar contato com alguém distante, eu já estaria com a minha missão cumprida. Inesperadamente, a repercussão foi bem maior do que eu esperava. Tive feedbacks de várias pessoas contando que driblaram os seus medos e mandaram um ‘Oi, lembra de mim?’ para amigos, familiares e relacionamentos que acabaram bloqueando no passado por algum motivo”, conta.

Para a Patrícia M. Silva Sonvezzo, psicóloga de Bauru, as redes sociais e os dispositivos móveis são grandes facilitadores da comunicação mas, também, podem ser prejudiciais ao relacionamento: “o problema é quando as redes sociais são usadas de forma errada, ou seja, como única fonte de interação e entretenimento. Vale lembrar que o diálogo é uma das bases de sustentação para qualquer tipo de relacionamento”.

Diálogo em primeiro lugar
Apesar de já ter recorrido ao recurso do bloqueio nas redes sociais algumas vezes, o assessor de imprensa, escritor e reikiano, Rodrigo Carvalho, sempre prefere optar pela conversa para resolver qualquer problema. Ele afirma que deixar situações mal resolvidas em sua vida é sempre um grande problema e que esquecer a raiva e manter o espírito livre é sempre o melhor caminho.

“Acredito que muitas pessoas não têm mais o hábito de cultivar o diálogo. Inclusive, acredito também que a falta de um diálogo saudável é a causa de uma série de problemas que poderiam ser facilmente resolvidos ou que poderiam ser tratados de uma maneira mais inteligente. Muitas pessoas canalizam suas energias na vingança ao invés do perdão. No entanto, esse é um grande erro, porque toda a raiva, mágoa e ódio concentrados retornam para elas mesmas, ou seja, a vingança faz um mal ainda maior para quem a pratica”, afirma.

Bruna também acredita que conversar é a melhor saída – lição que aprendeu depois de muitos erros em sua vida. “Hoje, aos meus quase 32 anos, prefiro tentar conversar. Acho que aprendi errando bastante que a vida é muito curta para nos afastarmos daqueles que realmente nos fazem bem e são importantes. Mas é aquilo que comentei na crônica: bloquear nos apps é algo muito simples e fácil… Mas tirar as pessoas do nosso coração e das nossas lembranças é quase impossível. Quando alguém é realmente importante e especial para nós, temos que batalhar, vencer nosso orgulho, ouvir e entender o outro lado, só assim será possível recomeçar e criar uma nova chance de ter a pessoa em nossas vidas”, afirma.

Fora das redes sociais
A psicóloga diz que o diálogo fora das redes sociais deve ser sempre estimulado, sobretudo pelo pais, que precisam estar de olho, desde cedo, no que os filhos fazem na Internet. Para ela, o diálogo é a maneira que treinamos algumas habilidades fundamentais, como a busca por informações, os respeito à opiniões distintas e é quando aprendemos a expressar os nossos sentimentos. “A meu ver, hoje temos infinitamente mais acessos à pessoas, conhecimento, cultura, informação de todos os tipos e gêneros porém, nada substitui o contato e o convívio real entre pessoas. Enquanto seres humanos precisamos, e muito, dessa interação e troca. O que se percebe é que, para pessoas que deixam a vida real de lado e se envolvem mais com a vida virtual, podem se tornar mais ‘rasas’, o que pode gerar sim uma dificuldade em manter contatos mais próximos e repertórios pessoais mais aprofundados de diálogos”, conclui.

Consultoria: Patrícia M. Silva Sonvezzo, Psicóloga Clínica Cognitivo Comportamental Especialista em Psicologia do Emagrecimento, Coach Profissional e Pessoal, Coach de Emagrecimento e Fundadora do Programa de Emagrecimento PsicoMagri.

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