Pense nos trajetos que você faz diariamente. É realmente necessário usar o carro ou a moto para ir de casa para o trabalho todos os dias? Será que não é vantajoso abdicar um pouco do conforto, pelo menos uma vez na semana? Quanto economizaríamos, se andássemos de bicicleta ou a pé? Seria viável em Bauru?

Esses são alguns questionamentos de quem já pensou em deixar o carro para usar um meio alternativo de locomoção. Não é fácil gastar energia pedalando ou andando por aí. Mas o esforço se faz necessário uma vez que diminui a poluição e aumenta a qualidade de vida das pessoas.

Hoje, dia 22 de setembro, é um dia para se refletir sobre o uso excessivo dos carros. O “Dia Mundial Sem Carro” é um movimento criado na França, em 1997, e logo se espalhou pelo mundo. O objetivo da data é propor às pessoas que dirigem todos os dias reverem a dependência que criaram em relação ao carro ou a moto. Sendo assim, o desafio é experimentar, pelo menos nesse dia, formas alternativas de mobilidade.

Viabilidade em Bauru

Se você já pensou em usar a bicicleta, por exemplo, como meio de transporte, se deparou com alguns obstáculos à sua frente. Vivemos em uma cidade com subidas íngremes e altas temperaturas, pontos negativos para os ciclistas e pedestres.

Outro ponto que se torna um problema é a cultura no trânsito. Ciclistas e pedestres são invisíveis aos olhos de quem enxerga pelos para-brisas e o respeito fica preso em meio ao congestionamento dos automóveis. O bauruense Isaac Loureiro utiliza a bicicleta como meio de transporte e conta o que já passou no trânsito como ciclista.

“Ao todo, pedalo aproximadamente 10 quilômetros por dia e é já foi mais complicado pedalar nas ruas em Bauru. Quando você tem zero experiência é difícil, mas depois, adquirindo um pouco de costume, facilita. Como ciclista, já passei por situações de tentativa de agressão e atropelamento proposital há alguns anos”, conta Isaac.

Pensando em uma cidade com trânsito ideal para os ciclistas e pedestres, perguntamos ao Doutor em Engenharia de Transportes, Archimedes Raia Jr., o que deveria mudar em Bauru. Para ele, o trânsito ideal não existe, efetivamente, mas aplicar uma lei de mobilidade sustentável melhoraria muito.

“A cidade precisa se adequar à Lei 12.587/2012, que trata da mobilidade urbana sustentável. Necessário implantar um programa, devidamente desdobrado em ações, visando à educação para o trânsito, promovendo uma sólida cultura de segurança. Isto produzirá comportamentos responsáveis e seguros, promovendo a segurança dos deslocamentos, principalmente, com relação aos modos mais vulneráveis: a pé e por bicicleta”, diz.

Bauruenses sobre rodas

Apesar dos obstáculos, alguns bauruenses ainda acreditam nos benefícios e pontos positivos dos meios alternativos de transporte. Daniel Amaral usou a bicicleta para trabalhar durante seis meses e, com a mudança, conseguiu até juntar dinheiro para viajar.

“Comecei a economizar dinheiro quando parei de fumar. A bicicleta surgiu para controlar a minha ansiedade e realmente fez diferença no bolso. Eu já tinha parte do dinheiro para viajar até Machu Picchu, o restante veio desses meses de pedal”, relembra.

Devido ao trabalho, Daniel voltou a utilizar o carro, mas conta que tentar compensar o uso. “Trabalho em uma sala comercial sem chuveiro e preciso visitar clientes, infelizmente não é mais possível utilizar a bicicleta. Mas, sempre que posso, compenso no final de semana pelo menos”, diz.

Já Isaac conta que além de economizar, ele aproveita a troca do carro pela bicicleta para fazer atividade física. Para quem está pensando em estacionar o carro de vez, a dica do ciclista é investir em equipamentos de segurança.

“Use capacete e luvas e pesquise sobre como pedalar na cidade (sinalização, preferências, etc). Tente se imaginar sempre no lugar do motorista sobre visibilidade, velocidade e dinâmica de trânsito, ajuda muito para prever problemas ou saber onde se posicionar melhor nas situações. Pedale, cada dia mais e mais longe”, sugere Isaac.

Bauru mais saudável

A bióloga Thais Lemos explica que a poluição do ar é a consequência mais preocupante do uso de carros, motos e utilitários. “Eles são responsáveis pela emissão de poluentes atmosféricos como o Monóxido de Carbono (CO), um gás sem cor nem cheiro, que quando no organismo se associa à hemoglobina, provocando dor de cabeça e redução da capacidade respiratória. Em altas concentrações, provoca asfixia e pode até matar”, diz.

Por isso, é importante que não só no “Dia mundial sem carro”, mas que em todos os outros dias do ano, o uso dos automóveis seja repensado. Segundo a bióloga, um dia inteiro sem carro nas ruas seria necessário para diminuir de forma expressiva a poluição do ar e traria ótimas consequências.

“Aproximadamente, 90% dos poluentes presentes no ar advêm dos veículos. Com o ar mais puro, as pessoas poderiam eliminar as matérias tóxicas presentes nos pulmões, o sangue seria mais bem oxigenado. Assim, a circulação sanguínea e o sistema imunológico seriam beneficiados. Além disso, com o ar menos poluído, as pessoas se sentiriam melhor, diminuindo o estresse”, afirma Thais.

Participe como puder

Mesmo que, para você, trocar o carro pela bicicleta no dia a dia seja inviável, há algumas ações que contribuem para diminuir a poluição do ar em Bauru. Confiras as dicas da bióloga Thais Lemos.

– Evite usar o carro para rotas curtas; dê preferência por ir a pé;
– Busque meios alternativos de locomoção quando possível, como a bicicleta, e até mesmo o transporte coletivo, que apesar de também emitir poluentes ao Meio Ambiente, pode locomover maior número de pessoas;
– Ofereça carona aos vizinhos mais próximos que vá a algum lugar perto do seu destino. Assim, ao invés de dois carros poluindo, teremos um só. Além disso, dividir o combustível fica mais viável financeiramente para ambos;
– Quando for comprar um veículo, observe os selos e as características de consumo. Os motores mais modernos são mais eficientes, consumindo menos combustível, poluindo menos o Meio Ambiente, além de terem melhor desempenho quando comparado aos projetos anteriores;
– Para os carros flex, opte por utilizar etanol. O álcool libera menos gases poluentes na atmosfera por ser derivado da fermentação da cana-de-açúcar. Comparado à gasolina, a queima do etanol produz em média 25% menos monóxido de carbono (CO) e 35% menos óxido de nitrogênio (NO) que a gasolina;
– Realizar inspeções periódicas nos veículos, observando o sistema de exaustão, escapamento e catalisadores. Estes itens são responsáveis pelo controle de ruídos e, principalmente, para o controle da emissão de poluentes.

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