Você, provavelmente, já deve ter ouvido falar em aurora boreal, fenômeno visual que ocorre as regiões polares e que pode ser vista a olho nu no período da tarde ou da noite. Agora, imagina você ter a oportunidade de ver bem de pertinho tudo isso? Foi o que aconteceu com os bauruenses Mirella Cabaz e Daniel Casal, que em dezembro de 2017 viajaram para Islândia (país europeu com mais de 330 mil habitantes) e tiveram a oportunidade de ver o fenômeno. Nós batemos um papo com Mirella, que está morando em Londres atualmente, e contou mais detalhes desta experiência inesquecível! Confira:

Mirella, essa é a primeira vez que você foi para a Islândia?
Sim, e foi um sonho realizado. Já havia pelo menos uns dois anos que tínhamos o sonho de conhecer esse país e fazer uma viagem no estilo mais aventureiro, cheio de natureza e finalmente em dezembro de 2017 rolou!

Você e o Daniel escolheram viajar para o local por causa da Aurora Boreal?
Não só por isso. Porque o país em si é tão lindo e surpreendente, que mesmo sem aurora vale muito a pena visitar. Mas, com certeza, viajamos nessa época do ano na esperança de vê-la e também para aproveitar o clima de Natal com direito à neve!

A viagem estava sendo programada há muito tempo?
Não. Existia o sonho, mas quando decidimos concretizá-lo faltava menos de um mês para a viagem. Na verdade, com a gente é sempre assim, decidimos nossas viagens bem em cima da hora, o que pode deixar muita gente nervosa, mas com a gente funciona. Como diz minha cunhada, com emoção é mais legal! Conseguimos casar nossas férias nos nossos empregos e começamos a conversar sobre os possíveis destinos de férias de inverno. Quando pesquisamos as passagens pra Islândia descobrimos que os valores eram bem acessíveis voando com a empresa Easy Jet, que há pouco tempo incluiu a Islândia como destino. Por ser uma companhia aérea com passagens a baixo custo, a quantidade de turistas vindo da Europa aumentou muito. E aí fizemos pesquisas em blogs e sites e confirmamos que dezembro é um dos melhores meses pra ver a aurora, porque além das muitas horas de escuridão, é um mês mais seco, o que aumenta a change de ter um céu aberto pra contemplá-la. Quando finalizamos a compra deu aquele friozinho na barriga, uma excitação mesmo, por saber que em poucas semanas estaríamos embarcando para um país desconhecido, inóspito, em pleno inverno, cheio de neve e muito, muito frio. Mas não era isso o que a gente queria, sair da zona de conforto e desbravar algo totalmente novo? E foi a melhor escolha que fizemos!

Foram quantos dias lá?
Inicialmente eram cinco, mas por sorte ganhamos mais dois dias e meio por causa da nevasca que caiu em Londres na semana em que estávamos na Islândia. Ironicamente, nosso voo foi cancelado não por causa da neve na Islândia, mas sim na Inglaterra! É bem raro nevar em Londres e naquela semana a nevasca causou o cancelamento de centenas de vôos nos aeroportos de Heathrow e Luton, esse último, o nosso destino de volta. Como só conseguimos reagendar o voo para três dias depois, aproveitamos pra conhecer novos lugares e de quebra vimos pra valer a tão sonhada aurora boreal!

A aurora boreal pode ser vista durante o dia todo, em todas as épocas do ano?
Ela só é visível no inverno, quando a quantidade de horas escuras é muito maior que no verão. No auge do verão na Islândia, o sol se põe à meia noite e renasce às 3h da manhã, então a change de ver a aurora é mínina, pois o céu nunca chega a ficar totalmente escuro. Já no inverno, que vai de dezembro a março, o sol nasce às 11h da manhã e se põe às três e meia da tarde, então, enquanto o tempo pra fazer passeios é curto, as horas noturnas podem ser preenchidas com muitas cores no céu. Mas ,como nos disseram logo quando chegamos, não vá à Islândia só pela aurora, porque você pode se frustar. Não é simplesmente ter muitas horas de escuridão que você vai conseguir vê-la. É preciso pegar o tempo firme, com céu estrelado, ter um acúmulo grande de plasma solar e estar no lugar certo e na hora certa, porque tem noites em que as luzes aparecem no sul do país, outras no norte. Portanto, vale contar com a sorte também. Pra facilitar essa caça à aurora, todos os islandeses indicam o mesmo site de meteorologia da ilha pra acompanhar, o Vedur. O site dá todas as informações de horário, local e intensidade da possível auroral boreal do dia e da semana. A escala no site vai de 0 a 9 em intensidade. E de 2 pra cima já é visível. Outra dica boa pra quem, além de encontrar a aurora também quer fotografá-la, é que se fotografar com ela de plano de fundo, o ideal é configurar a câmera manualmente e se munir de um tripé, pois a câmera do celular no automático não capta nada, fica tudo preto. A dica do Daniel é baixar bem a velocidade da câmera (pelo menos 5 segundos) e aumentar um pouco o ISO (pelo menos 1000). É preciso usar também o foco manual e desligar o estabilizador e ainda usar o timer pra que não haja nenhum movimento na máquina fotográfica, se não a foto sairá tremida. Enfim, é preciso conhecer bem o seu equipamento e ter uma dose extra de paciência, pois pra fazer a foto perfeita vai um certo tempo e a gente está falando sobre ficar exposto a um frio absurdo, com as mãos congelando.

E como funciona?
Li vários sites pra tentar entender o fenômeno e funciona mais ou menos assim: todos os dias, a toda hora, o sol manda para a Terra uma quantidade enorme de plasma solar, que são prótons, elétrons e neutrinos, ou seja, energia pura. Através do seu campo magnético, a Terra se protege, do contrário nem vida por aqui existiria. Esse acúmulo de energia é puxado para os polos do nosso planeta e quando essas partículas entram na atmosfera da Terra se colidem com vários elementos, que se tudo estiver favorável, aparecem para nós como forma de luzes verdes fluorescentes que dançam pelo céu, conhecidas no Polo Sul como Aurora Austral e no Polo Norte como Aurora Boreal, ou como se falam mais em inglês, Northern Lights. Quando elas aparecem podem durar minutos ou até horas.

Vocês conseguiram ver a aurora boreal todos os dias? Qual a sensação?
Não! Mas por incrível que pareça, dos sete dias de Islândia, vimos a aurora em quatro!!! No primeiro dia de viagem nevou bastante e ficou bem nublado. Mas já no segundo dia o tempo abriu e não fechou mais durante toda a semana. Foram dias e noites lindos com pores do sol e céu estrelado de emocionar. A primeira aurora já rolou na nossa segunda noite. E conseguimos vê-la no caminho do vilarejo de Vik para o nosso hotel que ficava numa fazenda a poucos quilômetros. Mas de tão ansiosa que eu fiquei ao vê-la bem na nossa frente, pedi muito para o Daniel parar o carro num acostamento da estradinha que eu imaginava ser seguro, mas que nem existia. Atolamos o carro em uns 20cm de neve e só conseguimos tirá-lo de lá com a ajuda de muitos canadenses e americanos que foram parando para nos ajudar. No final fica a história divertida pra contar, mas na hora foi bem tenso estar presa no meio do nada, de noite, com muita neve e temperatura negativa numa estradinha da Islândia. Ficamos muito chateados por termos visto a aurora mas não ter aproveitado, sabe? Na próxima noite a vimos também, mas estava bem mais fraca e parte encoberta por umas nuvens, então ainda não nos demos por satisfeitos. E nas duas últimas noites, mesmo com céu estrelado, segundo o site, o acúmulo de plasma solar era baixo e realmente, nada de aurora. Fomos pro aeroporto felizes com a viagem linda que tinhamos feito, mas sem uma boa contemplação da aurora. Quando nosso vôo foi cancelado e ganhamos mais duas noites na ilha, a companhia aérea nos levou para um hotel ao sul do aeroporto, ao lado do mar e de um farol. Inacreditavelmente o site Vedur indicava que era bem ali que a aurora daria a graça com intensidade 5! Foi então que fomos presenteados com a aurora boreal mais linda que poderíamos ter imaginado! Ficamos mais de uma hora na areia da praia contemplando aquela dança de luzes que ora subiam e desciam, ora desenhavam aspirais em tons de verde e lilás. A sensação é de uma gratidão enorme. De magia, de conexão com o todo. Você se sente pequenino em meio àquela imensidão do céu e tão grande por fazer parte do Universo, sabe? É energia boa demais! E pra fechar a viagem com mais um espetáculo, já dentro do avião voltando pra casa, logo que passamos a camada grossa de nuvens, pois o último dia acordou nublado, lá estava ela, a aurora dançando pela janelinha do avião, como o Daniel previa. A essa altura ele já tinha pegado as manhas da previsão! Avisamos os demais bancos e foi uma algazarra no avião! Até os comissários de bordo queriam sentar no assento do Daniel, que era o primeiro, pra vê-la. A grande maioria dos passageiros estavam na Islândia na mesma semana que a gente e não tinha visto a aurora em nenhum dia.

E quais os outros locais curiosos que vocês conheceram lá na Islândia?
Passeios inusitados e natureza exuberante estão garantidos nesse destino de férias! Nadamos na Blue Lagoon, uma piscina natural de águas termais enquanto nevava a -8°C. Conhecemos Reykjavik, a charmosa e colorida capital da Islândia, cheia de restaurantes e barzinhos animados. Fizemos o famoso Golden Tour, que passa por cachoeiras, parcialmente congeladas no inverno – o que deixa a paisagem ainda mais inacreditável -, crateras vulcânicas e gêiseres ativos, jorrando água quente do fundo da terra, inclusive vimos o inativo geiser que deu nome a todos os outros gêiseres do mundo, andamos por parques nacionais cheio de montanhas e neve. Visitamos o pequeno vilarejo de Vik e suas praias de areias negras. Depois conhecemos o incrível Jökulsárlón, um lago cheio de icebergs, e tudo isso fica só na parte sul da ilha. Quem for no verão, quando há mais horas de sol e/ou com mais tempo (no inverno precisa-se de duas semanas) consegue fazer a volta toda na ilha e conhecer lugares deslumbrantes mais ao norte. A dica é alugar um carro, como fizemos, porque dirigir pelas estradas da Islândia já é um super passeio! As paisagens são surreais de lindas! Fora a liberdade de fazer seu próprio roteiro, no seu tempo, parar na estrada pra apreciar uma paisagem, mudar de destino. No nosso caso reservamos hotel só para as duas primeiras noites porque queriamos sentir o lugar, sabe? E foi ótmo, pois nos permitiu criar um roteiro mais intuitivo e explorar locais que achávamos que inicialmente não teríamos tempo, enfim, personalizar ao máximo nossa viagem.

Valeu a pena viajar para o local?
Poxa, e como! Para os aventureiros de plantão, amantes da natureza e road trip, a Islândia é um lugar que não vai decepcionar! Foi o lugar mais lindo que já estive em toda minha vida e com certeza voltaria. Viemos embora com a bagagem cheia de gratidão! Valeu, Islândia!

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