Todo mundo já comeu em um food truck ou já viu pelo menos um desses restaurantes móveis passando pela rua. Trazido a Brasil pelos nossos amigos, os food trucks têm o conceito de comida móvel e surgiu em 2008, em meio à crise econômica dos EUA. O conceito prático e moderno de restaurante caiu no gosto do povo com rapidez.

E, claro, o conceito de uma cozinha móvel atua até mesmo em Bauru. Na cidade, dois foods trucks matam a fome de quem por um bom lanche: Do Fundo do Bauru e Hamburgo Food Truck. Os donos, Pedro Henrique Carvalho e Aylla Kipper, contaram para a gente as vantagens e desvantagens de se ter um restaurante sobre quatro rodas.

Pedro Henrique, dono do Do Fundo do Bauru, era chefe encarregado em um restaurante em São Paulo quando começou a ver as primeiras movimentações dos food trucks nos eventos gastronômicos que aconteciam nas praças, estacionamentos.

Após se mudar para Bauru, Pedro tirou licença de feirante para, em seguida, evoluir seu negócio para um verdadeiro food truck.

“O food truck veio como uma evolução do negócio iniciado, já que com ele poderia abrir mais vezes na semana, ampliar o cardápio e servir comida boa pra muito mais pessoas”.

Já Aylla teve uma mudança drástica em sua vida profissional com os food trucks. Formada em Ciências Políticas, ela trabalhou por dez anos com relações governamentais em Brasília. Passando todas as horas do dia simplesmente para o trabalho, a dona do Hamburgo Food Truck não perdeu a oportunidade de se mudar para Bauru quando surgiu o convite.

Com a sua chegada na cidade em 2015, Aylla começou a se interessar cada vez mais em novas formas de empreendedorismo. “Comecei a vislumbrar os food trucks como um bom investimento, onde eu poderia desempenhar todo o meu potencial culinário, uma paixão adormecida e apenas colocada em prática em ocasiões com família e amigos, por um custo inferior ao aluguel de um ponto fixo”.

Para se jogar de cabeça nos food trucks, Aylla buscou uma formação gastronômica em São Paulo, especializando-se em hambúrgueres.

Bauru e os food trucks

Mas com toda essa novidade gastronômica, os food trucks vieram para ficar em Bauru? Na visão de Pedro, a cidade sempre teve uma forte cultura de comida de rua. O extinto lanchódromo, a Praça da Paz e o Fiu Fiu, sem contar o nome que remete a um lanche, são exemplos da força da gastronomia em Bauru.

food trucks bauru
FOTO: Facebook

Agora com os food trucks, o dono do Do Fundo do Bauru vê uma maior diversificação nos tipo de comida de rua que são servidas. Há para todo o gosto! Junto a isso, na visão de Aylla, houve um aumento no público. “Os food trucks buscam trazer a experiência de uma comida ‘gourmetizada’, preparada diariamente com ingredientes frescos e de primeira qualidade, não visando apenas a venda do produto final em si, mas também o desenvolvimento de uma marca sólida no mercado de alimentação”.

E os food trucks deram mais do que certo em Bauru! Mesmo com a disseminação desse conceito pela cidade, tanto Pedro quanto Aylla não viram uma queda no negócio com a chegada de concorrência.

“Apesar de dividirmos o público com hamburguerias de ponto fixo, trailers, restaurantes e outros trucks, eu acredito que o fator determinante para as vendas é a qualidade do serviço e da comida oferecida” – Pedro Henrique

Aylla acredita que há espaço para todo mundo, pois cada um tem seu nicho no mercado, e, se a escolha do food truck for eficiente, sempre haverá público.

Food Truck é gastronomia?

Tanto Pedro quanto Aylla têm formação e experiência gastronômicas, mas será que o conceito dos food trucks é mesmo visto como gastronomia? Quem responde essa pergunta é Richtier Gonçaves, coordenador do curso de gastronomia da USC, Universidade do Sagrado Coração.

Para o gastrônomo, os food trucks são mais um tipo de empreendimento culinário como qualquer outro tipo de restaurante. Não há uma visão preconceituosa dessa comida itinerária.

A única diferença está no fato de que os food trucks buscam vender comidas de fácil consumo, rápido preparado e com uma pegada informal. E da mesma forma como os food trucks não substituíram as comidas de rua mais tradicionais, Richtier também não acredita que eles irão substituir os restaurantes.

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FOTO: Facebook

“O público que procura um food truck busca coisas diferentes do que as pessoas que vão em um restaurante, por exemplo, para um almoço de negócios, jantar romântico, ou mesmo a vontade de comer um prato mais sofisticado sempre serão características de um restaurante. Já o food truck é algo mais informal, mas claro com uma comida também de boa qualidade. Então, pessoas que em um momento específico vão a um food truck, em outro podem ir em um restaurante, por isso vejo os dois como uma forma de complementação”.

Junto com o crescimento dos food truck também surgiu a moda das comidas gourmetizadas, termo esse que gera visões bem diferentes de quem trabalha com culinária.

Tanto Richtier quanto Pedro acreditam que o termo “gourmet” serve como forma de se agregar valor na comida sem motivo aparente. O coordenador do curso de gastronomia da USC ainda alerta que no Brasil esse termo é usado de forma errada, apenas para cobrar um preço elevado por uma comida simples.

Pedro aponta que os food truck que tentaram vender o conceito “gourmet” já não estão mais operando, pois a ideia original dessa comida itinerária não segue esse pensamento gourmetizado.

Contudo, Aylla ainda vê espaço no mercado da comida gourmet. Segundo a dona do Hamburgo Food Truck, “os food trucks buscam trazer a experiência de uma comida ‘gourmetizada’, preparada diariamente com ingredientes frescos e de primeira qualidade, não visando apenas a venda do produto final em si, mas também o desenvolvimento de uma marca sólida no mercado de alimentação”.

De uma forma ou de outra, é unânime o ideal de vender alimentos de qualidade e diferenciado.

Prós e contras dos food trucks

Mesmo com os sucesso dos Food Trucks, nem tudo são flores… ou hambúrgueres, nesse caso. Há muitas vantagens de investir em um food truck, mas também há desvantagens, e é necessário colocar os prós e os contras na balança antes de dar o pontapé inicial no empreendimento.

Por ter o ideal de comida rápida, o dono do Do Fundo Do Bauru vê a pressão de um preparo ágil e acelerado para atender o cliente no menor tempo possível como uma das desvantagens. A montagem perfeita também é algo que conta na hora de se preparar a comida em poucos minutos. “A logística é complexa, nada pode ser esquecido”.

Além disso, tanto Pedro quanto Aylla concordam que o clima é um fator que agrava o trabalho em um food truck. “Temos que estar o tempo todo por dentro das previsões do tempo, pois sem planejamento corremos o risco de perder toda uma produção por não poder abrir, amargando prejuízos”.

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FOTO: Social Bauru

Entretanto, as vantagens também se fazem presentes. Para Pedro, um dos pontos positivos é conseguir mostrar seu trabalho e conseguir servir um número grande de pessoas, inclusive em eventos e outras cidades. Ambos os donos de Food Trucks concordam que o contato direto com o cliente é ótimo, aproximando o público do cozinheiro de uma forma mais íntima.

Comida de rua é algo que sempre vai fazer parte do cotidiano das pessoas, sendo uma forma de unir família e amigos de uma forma mais descontraída. Pedro, o dono do Do Fundo do Bauru é categórico quando o assunto é Food Trucks.

“A comida conecta as pessoas. E nos trucks, o contato entre comensais e cozinheiros é ali, cara a cara. É muito sincero. Pra mim, comer nas ruas de uma cidade bonita em um dia gostoso é um charme. É democrático, barato, movimenta as ruas e transmite alegria”.

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