Em março de 2017, a Câmara Municipal de Bauru aprovou a lei que regulamenta os parklets no município. No entanto, somente em fevereiro de 2018 registrou-se a implantação do primeiro dispositivo na cidade, na quadra 1 da rua Sebastião Lins, zona sul.

Mas o que são exatamente os parklets? Eles correspondem a áreas relativamente pequenas, primariamente dedicadas a estacionamentos de veículos nas vias públicas. Inicialmente, foram implantados na cidade americana de São Francisco, e eram (e são) vistos como uma oportunidade de se promover espaços públicos qualificados, hoje, escassos nas grandes cidades.

No Brasil, os parklets foram originalmente construídos na capital paulista ainda em 2013. Eles estão no centro do debate sobre a ocupação dos espaços públicos pelas pessoas e não pelos automóveis, tentando-se transformar a cidade em um espaço melhor para a convivência das pessoas.

A crescente prevalência do automóvel, da velocidade, da poluição sonora e atmosférica no ambiente urbano fazem as vias, os espaços públicos se tornarem um imenso mar de espaço não devidamente apropriado pelos cidadãos, que são a verdadeira razão de ser das cidades. Elas foram e devem ser construídas e mantidas visando o bem estar do ser humano e não das máquinas. Porém, na era do automóvel, nestes espaços públicos as pessoas passam a ser “elementos indesejáveis”, que atrapalham a livre movimentação dos veículos.

Considerando este pressuposto, o parklet é considerado como sendo uma intervenção urbana que promove a reflexão do espaço público e favorece seu uso de forma democrática. Eles disponibilizam às pessoas que se deslocam pelo espaço urbano locais que permitem descansar e conviver.

Os pedestres, na maioria das cidades, principalmente as maiores, têm cada vez mais seu espaço diminuído e minimamente atrativo, sendo pouco convidativo à caminhada. Não raro, os passeios públicos e as calçadas são estreitos, com pavimentos de qualidade sofríveis (quando existem), sem o adequado sombreamento, com ocupação irregular, não oferecendo às pessoas as condições previstas nas Leis de Acessibilidade e de Mobilidade Sustentável.

Estes espaços urbanos, outrora locais de convivência, lazer e descanso das pessoas, se tornaram espaços de medo, insegurança, perigo etc. A chegada dos parklets nada mais é do que a tentativa de se devolver parte do espaço ocupado pelos veículos motorizados às pessoas, tornando esses espaços mais propícios ao seu uso primeiro: pelas pessoas.

Nestes espaços podem existir bancos, floreiras e vasos, locais para estacionar bicicletas, coberturas ou guarda-sol etc. Há uma grande variabilidade de concepções de parklets, dependendo das cidades e países nos quais eles são implantados.

De maneira geral, os parklets são construídos pela iniciativa privada, mas nada impede que o poder público o faça ou mesmo incentive que terceiros se encarreguem de tornar os espaços lindeiros às suas empresas mais agradáveis e que atraiam seus clientes.

Os parklets e suas derivações podem ser encontrados, além do Brasil, nos Estados Unidos, Canadá, Holanda, Dinamarca, Irlanda etc.

Em Bauru, essa ideia parece ainda não ter sido disseminada. Os parklets poderiam ser implantados, principalmente, nas vias mais importantes e movimentadas, tais como a avenida Getúlio Vargas, Ruas Araújo Leite, Antônio Alves, Rio Branco, Gustavo Maciel, Virgílio Malta, Gerson França e muitas outras. Os cidadãos e, principalmente, os empresários não descobriram ainda a capacidade que estes equipamentos urbanos possuem de atrair e criar empatia entre as empresas comerciais, de serviços, de lazer, escolas, e os cidadãos.

Acredita-se que o poder público poderia melhor vender esta ideia e fomentar o seu crescimento, ajudando a nossa Bauru a tornar-se uma cidade mais moderna, humana e melhor de se viver.

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