Segundo censos educacionais de 2017 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Brasil tem mais de 2,5 milhões de professores. Desse número, 2.192 milhões é da educação básica, enquanto 349.776 são do ensino superior.

Para comemorar o Dia do Professor, conversamos com Hortência Baffi de Carvalho, professora bauruense do ensino infantil, que conta para gente os desafios e alegrias de trabalhar diariamente com as crianças.

Por que você decidiu ser professora do ensino infantil?

Desde criança sou apaixonada pela primeira infância e tudo o que a envolve, desde a gestação até os primeiros sete anos. Apesar de já ter tido boas experiências com o ensino fundamental, esses primeiros anos de vida do ser humano, onde ele cresce, se desenvolve e se adapta em tão pouco tempo a esse mundo de uma forma perfeita, são umas das tantas coisas que me fez decidir ser professora da educação infantil.

Para você, é mais difícil lidar com crianças mais novas? O que muda?

Cada idade tem seus desafios e eles nunca acabam. Por isso não digo que é mais difícil ou mais fácil lidar com crianças mais novas. O que muda é que ser professora de educação infantil é um constante auto educar-se. Eles são puros e agem conforme nossas ações, imitam tudo ao seu redor. Minhas ações são minuciosas, a todo instante. Desde as palavras pronunciadas corretamente, até a forma que pego na colher para mexer o pão. Esse educar-se precisa ser verdadeiro. De nada vale eu apenas rever meus conceitos em sala, se saio de lá e sou outra pessoa, devo ser aquilo que almejo que meus alunos sejam. Pode parecer fácil, porém é o maior desafio de um professor de educação infantil.

Como é o seu dia a dia de serviço? Como é a rotina?

Minha rotina é flexível, cada dia da semana, eu executo uma atividade diferente, porém se percebo uma maior agitação ou algum ponto que devo dar mais atenção, faço o que é preciso para as necessidades das crianças serem sanadas.
Nossa sala de aula é uma extensão do lar, temos uma cozinha, banheiro, quarto e sala com brinquedos. Ao chegarem, as crianças brincam livremente em nossa sala, criando e imaginando muito, sem minha intervenção. Enquanto eles brincam, preparo um suco para nosso lanche, costuro, cuido de nossa sala, nunca estou sem fazer nada. Após o brincar livre, fazemos uma roda rítmica, conforme a época (estação) do ano que estamos, cantamos e dançamos com muitos movimentos.
Nossa rotina requer ritmo, estamos sempre em momentos de contração e expansão, é isso que as crianças pequenas precisam: ritmo, rotina, e bons exemplos.

Você já passou por alguma história engraçada com as crianças? Pode contar?

Todos os dias dou muita risada com eles, são puramente engraçados e verdadeiros. Cada dia uma piada ou uma associação engraçada. Preciso começar a anotar, pois são tantas que esqueço que renderiam um bom livro de comédia. Lembro-me de uma que aconteceu recentemente, um dos meus alunos fez uma associação entre o período integral da escola e o pão integral. Para ele, se estudamos em uma escola com período integral, significa que somos todos “pães”.

Para ser professora de criança mais nova é necessário ter um cuidado diferente com as ações, atitudes, o que se fala, etc?

Como já havia citado anteriormente, a minha postura é de extrema importância para as crianças. Eles estão muito abertos, imitam tudo! Devemos ter extremo cuidado com o que falamos e fazemos, tanto perto, quanto longe deles, pois eles sentem quem verdadeiramente somos e o que pensamos, eles são seres extremamente abertos e sensíveis.
Minha tarefa, enquanto professora de educação infantil, é educar constantemente; a todo momento devo rever minhas ações, as pronúncias de minhas palavras e meus pensamentos sobre determinados assuntos. Se fazemos algo que falamos para eles não fazerem, eles rapidamente nos repreendem. Essa é a nossa maior tarefa, ser aquilo que almejamos a nossos alunos.

No Brasil, você acredita que a profissão é pouco valorizada? Por que?

Infelizmente a minha profissão é pouco valorizada em nosso país, isso é uma tristeza. É engraçado que muitos dizem compreender sua importância, dizem nos admirar por saber lidar com cada criança, com individualidade em uma mesma sala. Eu acredito que ser professor é ser um artista. Nós fazemos o impossível por um ser que confiamos e acreditamos que será melhor do que nós. Muitos desanimam e deixam de acreditar na profissão pela pouca valorização e, realmente, não é fácil ser esse artista na educação sendo pouco valorizado e visto como coitados.

Por que você gosta da sua profissão? Qual a importância dela?

Eu gosto do que eu faço, pois vejo o incrível, o maravilhoso acontecer todos os dias. As crianças são incríveis e verdadeiras. Se você não gosta de criança, melhor nem chegar perto mesmo, pois há grandes chances de você se encantar por elas. São seres com personalidade, ritmo e visões diferentes, são ricos de vida e aprendizado. Acredito que uma das tantas coisas que irá transformar o nosso mundo é o caráter, a postura e a boa educação que damos às nossas crianças, coisas essas que são formadas na primeira infância.

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