A literatura de cordel é um gênero literário diversificado e pode ser encontrado em forma de contos, música e ilustração. Em setembro deste ano, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu o cordel como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.

Mas esse tipo de expressão poética faz parte da cultura brasileira há muito tempo. No Brasil, a literatura de cordel chegou no século XVIII, com os portugueses.

“O cordel é derivado da tradição oral. Isto é, surge da fala comum das pessoas, e também das histórias como contadas por elas. A tradição chegou ao Nordeste do Brasil e, ao longo dos séculos, adquiriu características próprias”, explica Antonio Walter Ribeiro de Barros Junior, professor de Literatura , Folclore e Cultura Brasileira.

Apesar das origens nordestinas, o cordel está disseminado pelo país e, inclusive, em Bauru. João Nicodemos A. Neto é poeta cordelista e, como ele mesmo disse, “me [de]morei em Bauru por alguns anos”. Na cidade, ele participou de diversos grupos de literatura e conta a importância do reconhecimento deste tipo de arte.

“[A literatura de cordel] tem uma história belíssima. Ela foi ferramenta de educação, alfabetização, informação e formação de características culturais muito específicas. Pra mim, representa isso tudo e ainda mais: um meio de expressão de ideias e conceitos que podem aproximar as pessoas e uma forma de arte”, diz.

João Nicodemos é cordelista

O cordel ainda continua ligado à educação. Aqui em Bauru, alunos da Escola Municipal Lídia Alexandrina Nava Cury aprendem e criam cordéis por meio de um projeto. Segundo o professor Antonio, esse trabalho é muito importante.

“Na nossa região, o cordel acaba sendo um trabalho de resgate folclórico. Na escola, a cultura é resgatada para mostrar o valor e é reproduzida pelos alunos como uma forma de expressão. Isso mostra a importância do resgate dessa tradição”.

Afinal, o que é literatura de cordel?

Reproduzido de forma oral, a origem dos cordéis remonta das cantigas de trovadores medievais. Eles comentavam as notícias da época, usando versos cantados, frequentemente de forma cômica.

Assim, quando a literatura de cordel se consolidou com características próprias, os poetas desenvolveram um modo de comercializar seus livros nos mercados e feiras livres. Eles montavam uma banca onde exibiam seus folhetos e para chamar a atenção, os poetas costumavam cantar em voz alta trechos dos poemas, contando dramas, tragédias, romances e sátiras.

No Brasil, inicialmente, quase todos os autores da literatura de cordel brasileira eram cantadores, explica o professor. “Estes improvisavam os versos na hora que estavam cantando, viajavam pelas fazendas, vilarejos e pequenas cidades do sertão”, esclarece.

Segundo o Iphan, o cordel trata-se de um fenômeno cultural vinculado às narrativas orais (contos e histórias de origem africana, indígena e europeia), à poesia (cantada e declamada) e à adaptação para a poesia dos romances em prosa trazidos pelos colonizadores portugueses.

Para conhecer o cordel

Quem quiser conhecer a literatura de cordel, a dica de João Nicodemos são os clássicos de Leandro Gomes de Barros, os poemas de Patativa do Assaré e J. Borjes.

Já o professor Antonio indica os estudos do Professor Câmara Cascudo. Outras indicações são: “Histórias de cordéis e folhetos”, de Márcia Abreu e a obra de Ana Maria de Oliveira Galvão “Cordel: leitores e ouvintes”.

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