Ana Cristina Satiro de Souza cresceu entre a cidade e a fazenda, mas foi em 1984 que sua história com o café começou.

A mudança para Bauru, ainda criança, veio com o trabalho dos pais, focado no grão, “naquela época meus pais atuavam na produção e comercialização do café torrado nos mercados de todo centro-oeste”, relembra Ana Cristina.

Hoje em dia, ela é gestora de negócios e projetos da Fazenda Dinamérica que, até pouco tempo atrás, comercializava o Café Nice.

À frente dos negócios da família há apenas três anos, Ana Cristina têm feito a diferença com seu trabalho. Ela colocou a produtora entre os 100 melhores cafés do Brasil, no concurso “Florada Premiada” promovido pelo 3 Corações em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).

Apesar de ter entrado para a cafeicultura sem uma razão específica, a bauruense trabalha ativamente para fortalecer o movimento feminino no agronegócio.

Dessa forma, ela participa do Bella Donna Café, marca focada na valorização e divulgação da mulher na cafeicultura. As edições são periódicas e contam com cafés produzidos por mulheres e suas estórias. Ela se apresentou na edição de setembro e conta, “o café me motiva e me movimenta”.

Diante dessa história, nós conversamos com a Ana Cristina para saber um pouco mais sobre a fazenda, o café e a relação com Bauru. Confira!

– Vocês estão entre os 100 melhores cafés do Brasil, como foi receber a notícia?

Uma alegria! Esta notícia ratifica o difícil trabalho construído ao longo do ano. Não é fácil ser agricultor, estamos expostos diariamente às intempéries ocasionais, variações do mercado. Além disso, temos uma indústria a céu aberto e sem muros ou cercas elétricas para nos proteger da escuridão da zona rural. Mas, ainda assim, acreditamos no potencial do café da nossa região e investimos nossos recursos e suor todos os dias para tirar da terra o melhor grão.

Estar entre os 100 melhores produtores nos mostra que estamos no caminho certo e nos dá força para continuar.

– Quais vocês acreditam que seja o diferencial do café? Por que foram escolhidos?

O café do Centro-Oeste Paulista – Região de Garça, tem características bastante específicas e pouco conhecidas. Nosso café é muito procurado pelo mercado externo e pouco conhecido internamente.

Apresentamos no concurso um micro lote de café especial com características sensoriais de bebida encorpada, com acidez equilibrada e aromas de frutas vermelhas e amêndoas, com um agradável e prolongado aftertaste de chocolate.

Você nasceu em Bauru?

Não, nasci em São Paulo, capital. Meus pais mudaram para Bauru em 1984 onde moramos até 1992. Cresci entre o Colégio São José, a Luso, o Ballet Vitória Régia e, nos finais de semana, na fazenda.

Tive uma infância privilegiada entre o campo e a cidade, mas o leite era sempre o direto da vaca.

– Você retornou há três anos. Por que tomou esta decisão?

Voltei para Bauru em busca de qualidade de vida. Acabei encontrando minha raiz e descobrindo uma profissão que nem sonhava.

Hoje atuo na produção e comercialização do café crú e me formei degustadora profissional de café. O café me ensinou, principalmente, que preciso e devo aprender ainda mais. Afinal, o trato com o café pede mais e mais técnica, além de disciplina, sempre!

– Há quanto tempo sua família está no ramo da produção de café?

Meu pai sempre trabalhou com terra, fosse comercializando ou produzindo. Mudamos para Bauru quando ele focou a produção de café em Duartina, naquela época meus pais atuavam na produção e comercialização do café torrado nos mercados de todo centro-oeste.

– Você entrou agora para os negócios da família, certo? Por que tomou essa decisão? O que motivou?

Sim, a entrada para o Agronegócio é recente sim. Sempre observei distante, com admiração e respeito, o trabalho dos meus pais no campo limitando meu contato às férias e aos passeios na fazenda.

Entrar para a cafeicultura não foi um movimento calculado, retornei para Bauru, faz três anos, em busca de qualidade de vida e boa educação para os meus filhos. Aos poucos a proximidade com a produção de café ocupou todo meu dia, dominou meus pensamentos e estudos e passei a ter o café correndo nas veias.

Entrei sem um motivo específico e, hoje, não sairia por motivo algum do café. O café me motiva, me movimenta.

– Qual o nome da marca?

O Café Nice é nossa marca de café torrado, mas atualmente, não está sendo comercializado. Concentramos nossa comercialização uma etapa anterior, na venda do café beneficiado e crú.

Assim, 90% da produção de café é exportada para o mercado europeu, principalmente para a Itália e Espanha. Os 10% restantes são cafés especiais com venda direta para torrefações, cafeterias e consumidores exigentes que apreciam um bom café e torram em casa.

– Onde está localizada a fazenda?

Concentramos nossa produção em Garça, Gália e Duartina. O trabalho de pós-colheita e escritório ficam em Gália. Diariamente me desloco de Bauru para estas cidades, trabalho e retorno para Bauru. Aqui é minha casa.

– Com quais partes da produção exatamente vocês trabalham?

Estamos em toda cadeia cafeeira – temos um viveiro onde produzimos as nossas mudas; implantamos toda plantação com tecnologia de irrigação e GPS, colhemos tudo com máquinas e secamos todo café com uma Unidade de Tratamento de Ar (UTA).

Essa unidade nos dá velocidade e, principalmente, qualidade de secagem sem que o café fique no chão e exposto ao tempo. Beneficiamos toda produção na própria fazenda e de lá, os sacos com o café seguem direto para o exportador.

Temos um laboratório de provas onde controlamos a qualidade da bebida de todos os lotes e podemos, com isso, selecionar os melhores grãos para concursos.

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