O branco não é só um símbolo de paz que usamos no Ano Novo. Durante todo o mês de janeiro é feita a campanha “Janeiro Branco”, momento para se debater e discutir a saúde mental e emocional dos brasileiros.

Segundo estudos apresentados pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil tem experimentado um crescimento de problemas relacionados à saúde mental e emocional da sociedade.

De acordo com a mesma pequisa, 3% da população sofre com transtornos mentais severos e persistentes, mais de 6% apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas e 12% necessita de algum atendimento em saúde mental.

Por isso, a psicóloga bauruense Thais Mascotti, apoiadora do movimento “Janeiro Branco”, conta um pouco sobre os tabus das doenças mentais e a importância desse debate.

– Hoje, a saúde mental é uma pauta muito debatida, contudo, muita gente ainda acha que é “frescura”. O que fazer para conscientizar essas pessoas de que doenças mentais são sérias e podem ser fatais?

Ainda há muito o que ser feito para conscientizar as pessoas de que a saúde mental, psicológica e emocional, é tão importante quanto a saúde física. É possível trabalhar no sentido de prevenção ao invés de apenas lidar com os problemas quando eles já estão instalados.

Para uma maior conscientização seria necessário, entre outras coisas, de uma mobilização do nosso sistema político e econômico tanto na direção de investir no sistema de saúde, assim como na educação e em todos os outros setores.

Quanto mais discussões são feitas sobre saúde mental, psicológica e emocional e quanto mais as pessoas que trabalham e pesquisam sobre este tema se dispõem a falar sobre o assunto para esclarecer mitos, tabus e trabalhar na psicoeducação, mais as pessoas vão poder entrar em contato com informações embasadas cientificamente e se sentirem mais seguras para procurar ajuda, ou pelo menos para reduzir o preconceito e a banalização que ocorre com alguns termos da psicologia e psiquiatria.

– Na sua opinião, a sociedade atual tem influência negativa na saúde mental?

Todas as épocas, com suas respectivas normas, padrões, sistemas políticos, econômicos, sociais e culturais, influenciam positiva e negativamente na forma como a saúde mental individual e coletiva se constrói e é vista. Não existe uma resposta simples para esta pergunta, que pode seguir vários caminhos.

Na nossa cultura, somos ensinados que temos que evitar nossos sentimentos, pois demonstrá-los seria um sinal de fraqueza. Vivemos em uma dinâmica que não nos permite (ou deixa muito pouco espaço para) pensar e observar de forma crítica nossa própria vida, nossos sentimentos e pensamentos, quem dirá ter espaço para sermos sensíveis e refletir sobre a dor e sofrimento de outras pessoas.

Nossa vida segue em um ritmo rápido e, claro, buscamos soluções individuais rápidas. Seguimos sobrevivendo um dia após o outro e, quando nos damos conta, estamos adoecidos. Percebemos que nosso relacionamento não vai bem, que nosso trabalho nos estressa, que as noites já não são bem dormidas, mas temos resistência em buscar ajuda.

Infelizmente somos ensinados que tudo depende apenas de nós mesmos para mudar e isso não é verdade. É difícil perceber a influência política, econômica, social e cultural sob nossas ações do dia a dia, mas, por não enxergarmos, não significa que ela não exista. É importante ter clareza de que não vivemos dissociados do mundo externo.

E eu não culpo quem está imerso nessa rotina, somos bombardeados com esse tipo de mensagem e nos é exigido perfeição (ex.: “sua felicidade só depende de você”). Tudo isso sobrecarrega, gera ansiedade, estresse e acaba criando a sensação de que somos fracassados e incompetentes, quando na verdade a questão não é tão individual como pensamos.

– Qual a importância de discutir o assunto?

Discutir questões de saúde mental, psicológica e emocional é de extrema importância, pois quanto mais este tema estiver em evidência, mais chances de esta discussão gerar possibilidades de criação de políticas públicas que irão atingir a população de fato. Além disso, como dito antes, é importante discutir para quebrar tabus e esclarecer mitos e banalizações.

Janeiro Branco

Hoje, como já exposto pela psicóloga Thais, vivemos em contato com altos índices de violência, de criminalidade, de suicídios, de alcoolismo, de depressão, de ansiedade, de preconceitos e de outros outros estímulos que propiciam um estilo de vida adoecido, colocando me risco a saúde mental, comportamental e emocional das pessoas.

Por isso, a campanha de conscientização foi criada no mês de janeiro, pois, nesse período, as pessoas estão predispostas a pensar sobre suas vidas.

Então, fique atento às atitudes que podem estar prejudicando sua saúde mental:

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