Já parou para pensar como Bauru era antes de ser Bauru?

Luis Paulo Domingues é jornalista por formação e escritor por paixão. Ele nos traz a possibilidade de viajar em uma ficção histórica para conhecer o passado de Bauru.

Em entrevista ao Social Bauru, Luis contou detalhes da história do livro “Sonâmbulos Dotados de Visão“! Confira e fique curioso para saber detalhes de como foi Bauru antes de ser Bauru!

1. Como surgiu a ideia de lançar o livro?

Luis Paulo Domingues: Esse livro surgiu, porque, no ano retrasado, eu e uma equipe produzimos um livro chamado “Fronteira Infinita”. Ele é sobre índios, escravos e pioneiros em Bauru do séc XIX. Uma história de Bauru antes de ser Bauru, quem morava aqui, como eles viviam.

Tem um historiador muito importante aqui da região que é o Edson Fernandes e ele já tinha 15 anos de pesquisa. A gente juntou tudo, ele escreveu uma parte do livro e eu sou coator! Por ser um livro de lei de incentivo, ele está sujeito a muitas regrinhas, então a gente teve que arrumar um patrocinador e precisamos pedir uma readequação do projeto.

Aí, eu sentei no computador e falei: vou escrever uma história livre sobre isso! Porque o livro “Fronteira Infinita” é um livro acadêmico, cheio de referências. Mas, dessa vez, vou escrever um livro de aventura, suspense, até terror tem um pouco!

Inventei uma história em cima do outro livro! Dessa vez, quero fazer uma coisa que a pessoa possa abrir e se divertir. Posso colocar o que eu quiser e isso é uma coisa que um livro de história não permite! Em dois meses, eu escrevi e procurei alguém que pudesse fazer uma parceria, comigo e com a minha micro editora, e acabou saindo esse livro.

2. Por que o nome “Sonâmbulos Dotados de Visão”?

Luis: Porque a história que eu inventei, lembra a de um filme que eu assisti nos anos 70, de um cineasta alemão, em que todos os personagens do filme, segundo a lenda, atuaram hipnotizados. Lembrei daquilo e como a história da ocupação de Bauru foi uma história de desgraça, expulsando os índios. Tudo o que você pode imaginar de mais sórdido e terrível aconteceu aqui em Bauru.

Então pensei em algo bem satânico. Sonâmbulos, porque na história que eu inventei os personagens tinham que se “sonambolizar”, para enfrentar a floresta e conquistar essas terras.

Os personagens principais eu que inventei, mas eles dialogam na história com pessoas que realmente existiram aqui! Sonâmbulos, porque eles estavam “sonambolizados” e dotados de visão, porque era uma visão capitalista, a ocupação do território.

3. O que você aborda no livro?

Luis: Eu abordo suspense, terror e aventura, mas mostro uma postura crítica frente ao que aconteceu com os índios. O governo diz que os índios tinham que ser catequizados e entrar na sociedade pela parte mais “baixa”. E esses índios, que foram catequizados, viraram alcoólatras, porque perderam a referência de vida que eles tinham, acabou com a cultura e muitos viraram escravos.

O livro tem essa dimensão crítica. Nunca deram voz aos índios, todas as leis que o governo fez para proteger o índio, nenhuma funcionou, nem a Carta Régia nem as leis de terra. Tudo isso funcionou como “leis para inglês ler”.

4. Porque uma ficção histórica?

Luis: Eu tenho outros trabalhos de ficção, mas estava tão envolvido nessa questão que eu queria explorar, então fiquei imaginando e pensei que só uma ficção para dar conta disso.

Mas como eu queria escrever mais e entrar mais na história eu pensei que o livro de ficção seria melhor. Você tem a liberdade de dar vazão para o que você quiser e coloquei um monte de coisas que nem existem.

5. Você compara a história com o oeste americano, o que você quis mostrar com essa comparação?

Luis: O movimento de ocupação do oeste dos Estados Unidos aconteceu na mesma época da ocupação do oeste de São Paulo. O deslocamento para o oeste Americano e do estado de São Paulo foram muito parecidos. Foi exatamente igual, até as roupas eram iguais.

6. O que o leitor pode esperar do livro?

Luis: Pode esperar uma história de aventura e suspense, envolvente com crueldade e, ao mesmo tempo, usei toda a base histórica real. Você vai ter documentos históricos verdadeiros e vai ser, não uma história para te entreter, mas para informar sobre a história da região.

Quem ler vai entender como foi o movimento de ocupação, como as pessoas viveram em 1860, como foi desenvolvendo, como foi quando o café chegou e quem chegou. Então a pessoa pode esperar diversão e informação também!

7. Onde vai vender?

Luis: Esse livro pode ser comprado no site da livraria Spessoto, na página do Facebook do Universo Elegante Produção Cultural ou pode pedir inbox que eu entrego na casa da pessoa!

8. Tem planos para o futuro nessa área, pretende continuar escrevendo?

Luis: Tenho! O livro “Fronteira Infinita” sai daqui dois meses, que é um livro sério com uma baita pesquisa. Um livro acadêmico com pesquisas cartorárias de 15 anos do Edson Fernandes, onde encontram relatos, cartas e documentos de pessoas que moravam aqui.

Eu também tenho um livro infantil que fala da história de Bauru sobre essa mesma história. Fiz uma parceria e esse livro está sendo ilustrado, para vender para as escolas! Tenho um livro de ficção em produção também.

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