Por que isso, por que aquilo? A fase dos porquês é um desafio para quem tem crianças pequenas em casa. Essa, é uma fase de descoberta, acontece por volta dos dois anos de idade e dura cerca de três anos. Carlos Eduardo Cândido é pedagogo e explica que, nessa fase, a criança faz muitas perguntas porque está desenvolvendo o pensamento e começa a conceituar as coisas.

Eles são pequenos cientistas! Por isso, segundo Carlos, é um momento em que as crianças percebem vários estímulos e usam a comunicação para perguntar em excesso.

Tudo começa com situações simples, como por exemplo, a criança observa o cabelo do avô e da avó e nota que a cor é branca, daí ela compara a cor com o próprio cabelo dela, ou com do pai ou da mãe e quer saber a razão dessa diferença. Então ela pergunta ‘por que a cor do cabelo da vovó é diferente?'”, relata o pedagogo.

Descobrindo o mundo

É nesse período de descobertas que a criança aprende que existem limites e regras. Portanto, além de compreender o mundo e construir pensamentos, a fase dos porquês agrega para a vida em sociedade da criança.

Para o profissional, quanto mais vamos envelhecendo, mais perdemos a habilidade de perguntar. Assim,  as coisas, cada vez mais, vão sendo explicadas pela cultura ou pela ciência.

“Tudo isso é muito importante, mas não podemos perder o nosso espírito de ‘pequeno cientista’ para pensar e questionar a nossa própria vida pessoal, profissional e amorosa”, completa Carlos.

Atenção pais, paciência!

As crianças, nesta fase, pedem ajuda para solucionar enigmas! Portanto, é fundamental que o adulto esteja pronto para a possibilidade de, vez ou outra, frustrar essas crianças, visto que elas precisarão de respostas reais.

O psicólogo Marlon Fernando esclarece que precisamos entender que, para a criança, nada existia antes de seu nascimento.

Dessa forma, quando ela começa a tomar consciência da existência de mundos anteriores e posteriores à sua existência, ela começa a perceber o “eu” e o “outro”. Com isso, ela começa a depositar em seus pais todas as angústias de ter que lidar com o desconhecido.

“É como se projetasse neles [pais] o desejo de que supram todos os seus faltantes! Esse é o vazio do ‘não saber’, sendo também um meio de fortalecer os vínculos de confiança com os pais. No mais, não podemos deixar de considerar a particularidade de cada uma dessas crianças, o que torna a questão um tanto quanto subjetiva”, completa o psicólogo.

Essa fase tem relação com os dois anos?

Marlon responde que a fase dos porquês e os dois anos de idade podem ter relações. Isso, porque a criança está em uma fase de descobertas em que lida com momentos de angústia do não saber, do aprender e das frustrações.

“Freud usava um termo que gosto bastante ‘a majestade – o bebê’. O termo ilustra aquele bebê que tudo pode, mas que, conforme vai ganhando anos de vida, começa a ter que lidar com os ‘nãos’ dos pais e, posteriormente, da sociedade, o que pode desencadear determinados conflitos”, aponta Marlon.

Mãe, por quê?

“Mamãe, por que as nuvens são brancas?”, “mamãe, por que a barata voa?”, essas são algumas das perguntas que a Marina de três anos faz para a mãe dela, Mariana Formenti Rodrigues Mendes.

Para a bauruense, não é fácil, mas tem que ter paciência! “É uma pergunta atrás da outra! Algumas delas nem sabemos responder com tanta certeza, como já aconteceu diversas vezes”, revela Mariana.

A mãe ainda conta que a fase dos porquês da Marina começou por volta dos dois anos e que lida com muita paciência, respondendo da forma mais clara possível. Como professora de educação infantil, isso não foi novidade para Mariana, por ter que lidar com as perguntas todos os dias. Mas, ainda assim, como mãe é diferente!

“As perguntas surgem em qualquer horário e momento, até nos mais inoportunos. Ela pergunta ‘mamãe por que aquele menino usa óculos?’, na frente da outra criança e às vezes gera situações embaraçosas. Enquanto que, como professora, é apenas no horário escolar”, diz a mãe.

São muitos porquês

Além da pequena Marina, Mariana ainda é professora de 20 crianças que estão na fase dos porquês. Já imaginou 20 crianças fazendo um milhão de perguntas todos os dias?

Embora pareça caótico, ela diz que, como profissional, é muito bom ver as crianças perguntando tudo! Isso é sinal de que elas estão querendo conhecer o mundo em que vivem.

“Com elas, eu lido da mesma forma que lido com a Marina! Respondo o que sei e o que não sei digo que vou pesquisar!”, finaliza a professora.

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