Há 43 anos, completados no dia 13 de agosto, a avenida mais famosa de Bauru passou por dois eventos inusitados. Primeiro, a passagem do presidente Geisel, que visitava a cidade. E segundo, uma explosão na Avenida Nações Unidas, que chegou a ser considerada como um atentado ao general.
Pouco tempo depois, porém, descobriram que a explosão era decorrente de um acidente sofrido por um caminhão que transportava gasolina, no Altos da Cidade. A colisão fez com que o líquido vazasse para a tubulação da cidade, até chegar à avenida.
O que, de fato, causou a combustão ainda é um mistério. Porém, a memória do dia permanece viva entre muitos bauruenses que vivenciaram o ocorrido.
Eternizando a história em formato de documentário
O fato marcante instigou o jornalista recém-formado pela Unesp Bauru, Luis Henrique Negrelli. Assim, ele escolheu abordar o tema em seu Trabalho de Conclusão de Curso em formato de documentário.
Luís conta que o interesse pela história surgiu durante o estágio que fez em uma emissora de televisão da região. Lá, ele teve conhecimento do episódio durante a produção de uma reportagem.
“Assim que a reportagem foi exibida, percebi o potencial jornalístico para explorar mais a fala dos entrevistados e o acervo histórico de fotos e vídeos”, conta Luis.
Em busca de materiais
A produção intitulada “Do barulho ao silêncio: vozes caladas em meio à explosão” reconta o acontecimento de forma mais detalhada. Para isso, foram necessárias muitas entrevistas e pesquisas aprofundadas em acervos.
Além disso, Luis também optou por contar o lado da história de um personagem que não teve destaque na época: o motorista do caminhão que tombou e derrubou o combustível. Ele nunca chegou a ser ouvido pela imprensa para dar sua versão da história.
“Entrevistei Edneia Turini, a filha de Aidanor Turini, o motorista do caminhão que tombou e que, na época, foi chamado até de terrorista. Ela contou como o acidente aconteceu e como tudo afetou fortemente seu pai na época”, conta Luis.
Foi justamente essa abordagem que inspirou o nome da produção audiovisual. “Aquela sexta-feira 13 foi do barulho da explosão ao silêncio das vozes que não foram ouvidas até hoje”, esclarece Luis.
Sem divulgação, a história morre
Apesar de um marco na história da cidade, a explosão não é muito conhecida por quem não a vivenciou. Isso ocorre pois a maior parte do material, como fotos, vídeos e documentos sobre o evento, encontram-se em acervos físicos, pouco acessados pela população.
“Transformar em um documentário e compartilhar na internet acredito que ajuda na democratização da informação e no compartilhamento daquilo que é um fato que marcou a cidade e muitas pessoas nem sabem que aconteceu”, ressalta Luis.
Sendo assim, entre os principais objetivos do idealizador do projeto, destaca-se a intenção de levar informação acessível ao público.
Dessa forma, Luis frisa que esse tipo de resgate, além de informar, ajuda também no exercício da cidadania e no conhecimento da própria cidade em que se vive.
O documentário está disponível no Youtube e você pode assisti-lo logo abaixo.