A moda agênero é uma proposta que cada vez mais vem tomando as passarelas do mundo. O conceito desse estilo é de que a roupa veste a pessoa e não o contrário. Por isso, as peças são mais neutras e sóbrias, podendo ser usadas tanto para homens quanto para mulheres.

Marcas como a Zara, Gucci, Ocksa e até mesmo a C&A já apresentaram linhas agêneros. Mas você sabia que existe em Bauru uma marca própria de roupas no gender? Ela se chama REV Street e foi criada pelo bauruense Renan Vital, técnico em produção de moda pelo Senac de Bauru.

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Renan Vital, criador da marca REV Street. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Conversamos com Renan para conhecer suas inspiração e como surgiu a ideia de entrar no mundo da moda e criar a própria linha agênero. Confira:

– Você pode contar um pouco sobre sua trajetória dentro da moda?

Comecei a me interessar por moda desde muito cedo, ainda na infância. Sempre tive um espírito criativo e idéias que deviam ser colocadas em prática de imediato, mesmo algumas não dando muito certo (risos). Porém, nunca tive muito incentivo e ficou uma vontade meio que esquecida. Em 2013, tive certeza e iniciei a minha graduação em moda na FIB , fiz dois semestres e tive que trancar por dificuldades financeiras. Só em 2017 consegui retornar pelo programa de bolsas do Senac Bauru para o curso de produção de moda, que foi onde realmente me encontrei. Foi lá onde também fiz outros cursos mais específicos e complementares de corte, costura e modelagem. Foi com essa carga de conhecimento que fez com que eu me tornasse apto para desenvolver o que desenvolvo hoje.

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Foto: Reprodução

– Como surgiu a REV Street?

A REV surgiu da minha própria necessidade de ter uma coisa minha e autoral. Da vontade de colocar em prática todo meu repertório construído ao longo da vida acadêmica e conseguir unir coisas que eu acho fundamentais hoje no contexto da moda brasileira. Conseguir frisar a igualdade de gênero, processos de produção sustentável, mão de obra justa, entre outros.

– Por que trabalhar com moda agênero?

Principalmente por ter a percepção que hoje tudo o que acontece na sociedade reflete em vários outros segmentos. Na moda não é diferente. Hoje, a moda é comportamento e as pessoas, mesmo que sem querer, se expressam através do que estão vestindo. Ou seja, o no gender para mim seria uma forma de não rotular e deixar apenas a pessoa se identificar com as informações de moda que tento transmitir através das peças.

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Foto: Reprodução

– Quando foi lançada a primeira coleção?

A primeira coleção foi lançada em abril desse ano (2019), com desfile no MIA FESTIVAL, evento idealizado pela turma do curso de produção de moda do Senac Bauru. Turma na qual eu também me formei.

– De lá para cá, como vem sendo a repercussão e aceitação das roupas?

Depois do desfile e apoio de toda mídia presente, deu impulso muito significativo pra uma marca nova como a REV. Muita gente entrou em contato para saber mais da marca e poder consumir as peças. Porém, as vendas só iniciaram três meses depois do desfile por eu ter, como umas das principais características da marca, um processo de produção slow fashion. As peças não são produzidas em larga escala e algumas são até exclusivas, principalmente por demandarem alguns processos totalmente manuais.

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Foto: Reprodução

– O que você busca imprimir nas roupas?

Eu busco imprimir nas minhas roupas, acima de tudo, originalidade, pois acho que isso desperta o desejo de consumo. Todo público-alvo gosta de novidade, então, busco imprimir também minha essência como criador.

– Na sua opinião, qual a importância da moda agênero para quebrar paradigmas?

Os gêneros foram criados para separar as pessoas pelo sexo feminino ou pelo sexo masculino. Essa separação fez com que objetos, roupas e atividades começassem a ser designadas como sendo mais adequadas às mulheres por serem mais “delicadas”, ou ideais para os homens por serem mais “brutos”. Mas hoje, já existe um movimento na sociedade que procura quebrar esses paradigmas e uma parte disso faz parte da moda agênero. Com o passar do tempo e com o conhecimento ficando cada vez mais acessível para as pessoas, designações de gênero como essas foram caindo por terra. É claro que ainda existem brinquedos “de menino” e “de menina”, e que esse conceito de comportamento feminino e masculino ainda é muito forte, mas a moda, principalmente, tem ajudado a quebrar vários desses padrões.

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