Com o passar das décadas e a conquista da liberdade sexual das mulheres, o uso de contraceptivos se popularizou. Isto é, antes, para quem não sabe, uma mulher não podia escolher se teria filhos e quantos seriam, essa era uma escolha que ficava a cargo de seu marido. 

Recentemente, com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, tornou-se possível optar pela maternidade ou não, e também escolher quando gostariam de fazer isso. Por isso, como forma de prevenção e programação de seu futuro, muita mulheres optam por contraceptivos. 

Porém, você já parou para pensar que eles talvez não sejam todos iguais? E também já pensou em como você chegou ao seu método? Foram feitos exames, análises? Ficou com dúvida? Vem saber mais sobre algumas questões que envolvem esse assunto.

Tipos de contraceptivos

Primeiramente, contraceptivo significa evitar uma gravidez e, para isso, existem vários métodos. Eles variam entre  medicamentos, procedimentos, dispositivos e comportamentos e podem ser divididos entre métodos de barreira, métodos hormonais, procedimentos reversíveis e irreversíveis. Aqui estão alguns métodos e sua eficácia:

Hormonais 

  • Pílula: é composto por diferentes tipos de hormônios que servem para inibir a ovulação e evitar a gravidez. (Eficácia 91%/é necessário tomar todos os dias);
  • Injeções: contêm hormônios que impedem o corpo de liberar óvulos e tornam espesso o muco no colo uterino. (Eficácia 94%/dura de um a três meses);
  • Implante: é do tamanho de um palito e é colocado abaixo da pele, na parte superior do braço, onde, a partir de um reservatório, libera continuamente na corrente sanguínea o hormônio progesterona em pequenas doses. (Eficácia superior a 99%/dura até três anos);
  • DIU de hormônio: atua por meio da liberação contínua de uma dose baixa de progesterona no útero. (Eficácia 99%/ dura de três a cinco anos); 
  • Anel: contém hormônios como estrogênio e progesterona, que são absorvidos para a circulação e levam à inibição da ovulação. (Eficácia de 91%/ é necessário trocar todo o mês)
  • Adesivos cutâneos são pequenos selos que contêm estrogênio e progesterona. (Eficácia 91% e precisa trocar toda a semana)

Método de barreira

  • Espermicida: cria um ambiente que dificulta a movimentação do esperma. (Eficácia de 72% e precisa usar todas as vezes)
  • Camisinha feminina: cria uma barreira entre de onde vem o esperma e para onde ele quer ir. (Eficácia de 79% e deve ser utilizado todas as vezes)
  • Camisinha masculina: captura o esperma quando ele é liberado, impedindo que entre na vagina. (Eficácia de 82%  e deve ser utilizado todas as vezes)
  • Diafragma: é inserido na vagina antes da relação sexual, impedindo a entrada do esperma no útero. (Eficácia de 88% e dura até 3 anos, mas precisa ser retirado 12 horas após a relação sexual)
  • DIU de cobre: o cobre repele o espermatozoide e não deixa que ele chegue até a trompa, que é onde ocorre a ovulação.(Eficácia de 99% e dura de 5 a 10 anos). 
  • Capuz cervical: ele se encaixa no cérvix e bloqueia a entrada do esperma no trato reprodutor feminino. Até um dia antes da relação sexual o capuz cervical deve ser preenchido com espermicida e inserido para dentro da vagina acima do cérvice. (Eficácia de 84% e dura até 48h).

Irreversíveis

  • Laqueadura e a vasectomia: métodos cirúrgicos para esterilização permanente. (Eficácia 95%)

Em geral, as opções hormonais impedem os ovários de liberarem óvulos e tornam o muco cervical mais espesso, dificultando que o esperma se desloque até o útero e fertilize dos óvulos. Enquanto as opções de barreira impedem, de forma física, que o esperma alcance o útero. 

É importante frisar que, apesar de evitarem a gravidez, apenas a camisinha barra o contato com IST’s (Infecções sexualmente transmissíveis)! Então, para um sexo seguro é indispensável o uso do preservativo! 

E os exames?

Apesar da diversas opções, segundo o IBGE, 61,6% das mulheres utilizam a pílula regularmente para evitar uma gravidez. Esse dado pode causar preocupação porque, comprovadamente, os anticoncepcionais hormonais podem causar inúmeras reações ao organismo. 


Foto: Reprodução/Robin Higgins 

Por isso, antes de serem recomendados, a OMS aconselha a realização de uma anamnese. Isto é, análises, exames e uma consulta sobre todos os hábitos da paciente. 

Especialmente, porque, no caso dos anticoncepcionais hormonais, hábitos como tabagismo, sedentarismo, hipertensão, entre outros, podem levar a quadros clínicos perigosos, como trombose.

A professora do curso de Enfermagem do UNISAGRADO, a Prof.ª M.ª Maria Fernanda Leite, pontua a importância da realização de exames, principalmente no caso de introdução de contraceptivos de uso hormonal. 

Muitos fatores contraindicam a utilização de hormônio, como problemas vasculares, alguns tipos de antecedentes familiares. Então, algumas doenças e alguns problemas de saúde interferem na utilização de contraceptivos e devem ser avaliados através de exames”, explica a docente. 

Ademais, em uma análise prévia, algumas questões devem ser levadas em consideração antes de receitar o contraceptivo. Maria pontua a necessidade de compreender qual o objetivo do paciente em relação ao medicamento e também de mostrar as vantagens e desvantagens do tipo de método a ser utilizado. 

Além disso, as preferências pessoais de cada paciente também devem ser ouvidas. “Cada mulher pode e deve escolher o método que é mais adequado para ela. Conforme a sua necessidade ou aquilo que ele sente mais confortável de usar, desde que tenha ciência que o sexo desprotegido, sem a camisinha, pode levar à contração de determinadas doenças”, explica a professora.

Atenção aos riscos 

Portanto, os contraceptivos hormonais, assim como qualquer medicamento, possuem contraindicações e riscos a alguns grupos de pessoas. Entre eles, mulheres com: 

  • Histórico familiar de trombose venosa e embolia pulmonar; 
  • Doenças cardíacas; 
  • Hipertensão;
  • Diabetes; 
  • Obesidade;
  • Distúrbios alimentares; 
  • Tabagistas.

Mulheres com essas condições e que utilizam a pílula estão mais suscetíveis a desenvolver trombose venosa. A doença é causada pela formação de coágulos no interior das veias profundas e pode levar à embolia pulmonar. 

Até pouco tempo, os riscos dos contraceptivos não eram muito conhecidos, porém isso mudou com a internet. Várias mulheres passaram a compartilhar relatos de problemas de saúde causados ou potencializados pelos medicamentos, o que fez com que muitas abandonassem o método. 

Mudando o método

A bauruense Juliana Formenti Rodrigues Mendes, de 24 anos, é uma delas. Após nove anos utilizando a pílula anticoncepcional, deparou-se com relatos de câncer de mama e trombose relacionados ao uso do remédio. 

“Comecei a ficar preocupada por ser muito hormônio e muitos anos tomando. Então, conversei com a minha ginecologista sobre a minha vontade de parar de tomar anticoncepcional, e ela me mostrou as outras opções que existem”, conta a corretora de seguros. 

Por isso, atualmente Juliana utiliza o DIU Mirena. A mudança ocorreu, principalmente, pelo fato dele liberar hormônio somente no local, e não na corrente sanguínea. 

Ela conta que antes da adoção do novo método, sua médica recomendou a realização de exames de rotina, e que, até o momento, não teve problemas. “Tirando o fato de ter me dado muita acne e ter voltado toda oleosidade pelo fato de ter parado com o anticoncepcional, o DIU nunca me trouxe nada de negativo”, explica.

Vida em risco

No entanto, Edivânia Oliveira, de 41 anos, não teve a mesma sorte. Ela, sem a realização prévia de exames, foi orientada a utilizar Nordette, uma pílula anticoncepcional, aos 19 anos. 

O medicamento logo lhe causou dores de cabeça e enjoos, o que a levou a procurar seu médico para mudar de método. Assim, foi instruída a adotar a pílula Ciclo 21, que utilizou durante 20 anos, até que mais problemas começaram a aparecer.

“Eu era regulada mas começaram a surgir alguns problemas. Eu vivia muito inchada, sentia muita dor de cabeça e também dores na perna. Mas minha rotina era muito corrida, então eu achava que era cansaço. Porém, um dia aumentou essa dor e eu acabei descobrindo que eu adquiri uma trombose”, explica Edivânia.  

Ela conta que, após realizar vários exames, seu médico constatou que a maior causa da trombose foi o anticoncepcional. Além disso, atualmente Edivânia parou com o medicamento e está em um tratamento muito rigoroso. 

“Durante um tempo ele foi bom pra mim, mas depois me fez ficar doente. Estou em recuperação e não pretendo nunca mais voltar a usar o anticoncepcional. Além disso, eu aconselho todo mundo a não tomar, falo sempre para procurar um outro método para se prevenir”, finaliza. 

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