Segundo uma pesquisa do Instituto Pró-Livro, realizada em 2015, as mulheres constituem a maior parte dos leitores no Brasil, embora a presença delas no mercado editorial ainda seja escassa.

Uma prova disso, é que se formos analisar o número de ganhadores de um dos principais prêmios de literatura, o Prêmio Nobel, dos 114 autores que foram premiados, apenas 14 são mulheres. Isso também aponta para a problemática da falta de reconhecimento de mulheres nesse meio.

Baseada nesses dados e buscando, de alguma forma, revertê-los, em 2014 a escritora britânica Joanna Walsh levantou no twitter a hashtag #readwomen2014 (#leiamulheres2014) com o objetivo de incentivar as pessoas a lerem mais livros de escritoras.

No embalo dessa campanha, como forma de apoiar mulheres no meio literário, em 2015 as amigas Juliana Gomes, Juliana Leuenroth e Michelle Henriques criaram em São Paulo o clube de leitura “Leia Mulheres”.

A partir daquele ano, o grupo começou a se expandir e acabou se espalhando para outras cidades. Por conta disso, atualmente o Leia Mulheres já alcançou todos os estados do Brasil e está presente também em Portugal.  E o projeto até já lançou uma coleção de contos!

Leia Mulheres em Bauru

Como Bauru não poderia ficar de fora dessa iniciativa, em dezembro de 2018, Thálatta Monteiro entrou em contato com as mediadoras do projeto nacional e conseguiu a permissão para instituir o clube de leitura por aqui.

Depois que a instituição do projeto foi aprovada, ela entrou em contato com alguns grupos de ativistas mulheres existentes na cidade para divulgar a iniciativa.

Dessa forma, ela conheceu Yngrid Silva, Rayra Pinto, Luana Nayhara e Jéssica Ravanini da Frente Feminina de Hip Hop, que a ajudaram a organizar o primeiro evento e começaram a mediar os encontros.

Com a Yngrid como mediadora e a ajuda da Rayra, da Luana e da Jéssica (que foi mediadora até maio), organizamos nosso primeiro encontro na Casa do Hip Hop em Janeiro, com o Livro Frankenstein”, relembra Thálatta.

Encontros literários

Mas como funcionam esses encontros?

Bom, todo mês é escolhido um livro de uma escritora diferente e é marcada uma roda de conversa onde a obra é debatida.

É um bate-papo guiado, mas bastante tranquilo pra todo mundo expor o que pensa sobre o livro, a autora e o contexto da história. Sempre discutimos tudo que se relaciona ao livro. Na edição de junho que foi do livro ‘Kindred’ da Octávia Butler, por exemplo, discutimos sobre racismo a viagens no tempo”, explica Thálatta.

No primeiro ano do projeto por aqui, Thálatta conta que as mediadoras optaram por seguir um desafio do Leia Mulheres Nacional, que fazia sugestões de temas a serem seguidos em cada mês, como, por exemplo, ler uma autora negra em novembro, um clássico em janeiro, e assim por diante.

Assim, desde o surgimento do grupo em Bauru, já foram realizados oito encontros e os livros já discutidos foram:

  • “Frankstein” de Mary Shelley
  • “Persépolis” de Marjane Satrapi
  • “Enterre seus mortos” de Ana Paula Maia
  • “Por favor cuide da Mamãe” de Kyung Sook Shin
  • “Kindred” de Octavia Butler
  • “Coletânea Leia Mulheres Contos” de mediadoras e autoras convidadas do projeto
  • “O diário de Nisha” de Veera Hiranandani e “Harry Potter e a Pedra Filosofal” de J.K Rowling.
  • “Becos da memória” de Conceição Evaristo

Como participar?

Os encontros estão sendo realizados sempre no último domingo do mês na Let’s English School Bauru, na Rua Alfredo Frontão, 2-49, Jardim Paulista. A entrada é gratuita e os eventos são abertos para todos que queiram participar!

Só aparecer e se puder trazer um prato de salgado ou doce, sempre fazemos um café da tarde coletivo”, convida Thálatta.

Por conta das festividades, o encontro de dezembro será realizado dia 22 e será sobre o livro “Com amor, Simon” da autora Becky Albertalli.

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