Quem gosta de escrever já passou pelo momento de tentar transformar os sentimentos em palavras e, logo depois, descartar tudo. Isso é comum, principalmente, no começo, quando escrever ainda está se tornando um hábito. Há quem diga que, para ser escritor, é necessário dom e há quem afirme que a técnica é ponto importante na hora de escrever.

Para a jornalista e escritora Carol Bataier é um pouco dos dois. “No campo técnico, é necessário o domínio da língua, porque é uma ferramenta de trabalho. Claro que vai haver dúvidas, mas pelo menos temos que estar confortável com ela. E bastante leitura para ter um repertório bom, fortalecer o trabalho da escrita. No campo subjetivo, é necessário ter um olhar atento e aberto para perceber o cotidiano, as pessoas, as histórias que podem ser escritas”, aponta.

Tendo em vista essas duas características, basta começar a colocar todos os pensamentos no papel. O professor de português e escritor de Bauru, Sinuhe Preto, explica que para ser escritor é necessário 10% de inspiração e 90% transpiração.

“Eu tive o prazer de conversar com alguns escritores como Luís Fernando Veríssimo e ele contou que até no banho ele tinha um bloquinho. Por exemplo, se ele via uma aranha no azulejo, ele anotava ‘aranha no banho’, e ia juntando peças, um verdadeiro quebra-cabeças, e virava uma crônica”, comenta Sinuhe.

Ter técnica, conhecimento da língua, inspiração e muito trabalho são alguns pontos para escrever. Mas por onde começar? A resposta é óbvia, mas se encaixa no contexto: comece pelo começo.

Leitura é fundamental

O primeiro passo é ler muito! Por isso, a escritora Juliana Daglio indica: “abasteça a mente com muitas histórias, faça coisas que despertem sua criatividade, seja ouvir uma boa música, ler um livro ou ver filmes inspiradores.”

A bauruense ainda afirma que é importante praticar o ato de escrever. “Tirar um tempo para escrever de forma sistemática, criando condições confortáveis para que a mente flua. Desafie-se. Busque novas formas de compor frases. Encontre seu estilo. E não fique ansioso para publicar. Um bom texto precisa de descanso, reescrita, revisão. Um bom texto é avesso à ansiedade. A publicação virá naturalmente depois que escritor e texto estiverem prontos”, diz Juliana.

Aprimorando a escrita

Depois de começar a escrever, é importante se atentar a formas de aprimorar a escrita. Para isso, Carol conta que existem diversos cursos de escrita, que podem servir de base para quem quer ser escritor. “Existem cursos gratuitos, workshops, oficinas de escrita criativa, de técnicas. Tem cursos pagos também, mas é legal estar atento e realmente conhecer para saber se vale a pena. É legal usar o que a internet tem a oferecer, ela oferece espaços de escritas como as redes sociais, onde a gente pode treinar”, afirma.

Ao mesmo tempo que publicar os textos, é importante estar aberto às críticas, pois esse retorno ajuda a construir a confiança do autor. “Quando a pessoa já está confiante com a escrita e vendo que esse é o caminho, é legal começar a procurar publicações. Existem revistas online que publicam crônicas, portais que publicam textos e procuram colaboradores”, esclarece Carol.

O segredo de um bom escritor

Para Juliana, que escreve há dez anos, para ser um bom escritor é fundamental ter um repertório de leitura. “É primordial ler. Ler muito. Ler de tudo, até o que tira você da zona de conforto. Sem uma boa base de leitura não há como saber o que é um livro, tampouco saber o tem num bom livro. As técnicas e estudos são de suma importância, assim como conhecer a língua portuguesa e buscar ferramentas de como utilizá-la das melhores e mais diversas formas. Porém, antes de tudo, há de se ter o hábito da leitura”, afirma.

Já Carol, acredita que não existe uma receita, mas características que facilitam. “O segredo eu não sei, eu não posso te falar que é a temática. Muitos autores falam do banal com maestria. Mas talvez todo ponto comum entre os bons escritores seja um olhar aberto, atento e próximo do cotidiano para conseguir extrair as boas histórias. O saber identificar boas histórias, somado à criatividade para contá-las da melhor forma”, indica.

Segundo Sinuhe, acima de tudo, o segredo para ser um escritor é ter coragem! “O grande medo que a pessoa vai enfrentar é que ela fica pensando no que vão falar. Se você tem segredos e pensamentos, através da exteriorização nos textos, você fica vulnerável à descoberta. Mas nem sempre o que o escritor escreve, é o que ele pensa. Não é porque tem ‘Angústia’ de Graciliano Ramos que ele sofreu angústia. Não é porque tem “Memórias de Cárcere” que alguém foi preso. Não sei se Machado morreu Casmurro. Mas como diz mestre José Saramago, ‘somos todos escritores, a diferença é que alguns escrevem e outros não’, finaliza.

Para conhecer mais sobre os escritores desta matéria:

  • Carol Bataier

Jornalista, escritora e autora do livro “O pôr do sol dos astronautas“. Possui textos entre os mais lidos da plataforma Medium Brasil. Instagram: @carominholas.

  • Juliana Daglio

Autora dos livros: Uma Canção para a Libélula; O Lago Negro; Submersão; Profundezas Sombrias e Lacrymosa.

  • Sinuhe Preto

Professor de Língua Portuguesa, colunista no Social Bauru e autor dos livros: Cartas Descartadas e Os 7 Recados Capitais.

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