Uma relação, seja ela de amizade ou amorosa, é uma via de mão dupla. Essa é uma lição que aprendemos ao longo do tempo, e, ainda assim, podemos magoar as pessoas por intenções, expectativas e até planos diferentes. 

Quem nunca sentiu que fez papel de trouxa? Isso, muitas vezes, pode ser causado pela falta de comunicação e gerar muito sofrimento. É exatamente nesse contexto que emerge o termo responsabilidade afetiva

Antes de tudo, é importante frisar que o termo não significa reciprocidade amorosa, até porque ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Porém, muito diferente disso, são as situações nas quais não há honestidade, fazendo com que uma das partes possa se iludir e, consequentemente, se magoar. 

Essencialmente, responsabilidade afetiva é um exercício de empatia. De acordo com a psicóloga Márcia Rossi Robis, apesar de sermos livres para pensar e emitir opinião sobre qualquer assunto, também precisamos ser cautelosos para não ferir os outros, principalmente aqueles com quem nos relacionamos. 

O psicólogo Marlon F. dos Santos também complementa: “Responsabilidade afetiva é um termo que se refere, a grosso modo, como uma pessoa se relaciona com a outra, devendo essa ter em consideração os sentimentos, emoções e afetos que pode despertar nesse sujeito”.

Além disso, Márcia esclarece que a responsabilidade afetiva não se limita a relações amorosas ou amizades. Precisamos ampliá-la para todos os tipos de relação, sejam elas amorosas ou de trabalho. No ambiente de trabalho é onde podemos observar maior dificuldade nos relacionamentos com ausência de responsabilidade afetiva, até mesmo pela cultura de líder e subordinado”, explica.

De quem é a culpa?

Assim, às vezes, podemos entrar de cabeça em uma relação e não sermos correspondidos. No entanto, essa situação é composta por duas pessoas e Marlon reflete sobre um ponto importante relacionado à responsabilidade afetiva: os dois lados devem ter compromisso! 

“Não sei se podemos entregar esse fardo apenas a um sujeito na relação, afinal, aquele que afeta fica com a responsabilidade, mas a pessoa afetada também não deveria ser responsável por suas escolhas, expectativas, desejos e anseios? É um termo que abre uma discussão bastante ampla”, pontua o especialista. 

Apesar disso, Márcia ressalta a importância de conscientizar as pessoas sobre a sensatez em relação aos sentimentos alheios. 

“Em alguns casos, os indivíduos não têm a consciência de que suas atitudes podem adoecer o outro com quem está se relacionando. Neste sentido, é fundamental que divulguemos o quão importante é a fala na nossa vida. A fala ou a comunicação assertiva pode salvar vidas, assim como a fala abusiva pode adoecer. Um tratamento gentil e respeitoso é importante para manter a saúde mental”, acrescenta a psicóloga.

Então, mesmo que possa parecer difícil, é importante vencer e o medo e o comodismo. Até porque, é preciso refletir se vale a pena relacionar-se com alguém que não tem os mesmos planos, objetivos e princípios que você. A máxima é ser honesto.

Ego ego ego

No entanto, essa máxima é um pouco diferente quando uma das partes alimenta sentimentos apenas por egocentrismo. Ok, nós sabemos que aquele clima de paquera e conquista é gostoso e dá um friozinho na barriga. Porém, alimentar isso em alguém sem a intenção de ficar, apenas para exaltar uma “vitória” é, além de infantil, muito cruel. 

Essa situação em que o ego pode se sobressair também se aplica a casais que já estão juntos algum tempo. Ela é verificada, principalmente, em casos que a relação acaba se desgastando por conta do tempo e toda aquela paixão do começo começar a esvair. 

Com isso, surge a falta de comprometimento com muitas coisas, inclusive com as emoções do outro. E, sem a comunicação e o cuidado adequados, as intenções e expectativas passam a ser divergentes, até que um dos dois se magoe. 

Esse pode, inclusive, ser um indicativo do que pode vir a ser um relacionamento abusivo, então fique de olho! O Ministério Público do Estado de São Paulo lançou o #NamoroLegal, uma cartilha extremamente informativa que ajuda a identificar atitudes abusivas do parceiro.

E aí, o que fazer?

A recomendação, neste caso, para ambas as partes, de acordo com a psicóloga, é atentar-se à importância da comunicação nos relacionamentos. Márcia ainda cita alguns critérios para tornar a fala mais saudável, como:

  • O que você vai falar precisa realmente ser dito?
  • Qual a utilidade disso que você vai falar?
  • Isso pode ofender alguém?
  • É um palpite ou você tem certeza?
  • Você gostaria de ouvir isso de outra pessoa?

“Se você consegue responder a essas questões com a certeza de que ninguém sairá magoado deste diálogo, fale amorosamente, caso contrário guarde este assunto para você”, acrescenta a especialista.

Marlon Santos também sugere uma alternativa para quem quer se tornar mais atento ao seu próprio comportamento dentro de um relacionamento. “Se essa pessoa se preocupa com o modo com que tem se relacionado com o outro, a terapia é um caminho que auxiliará esse sujeito a repensar esses comportamentos, tanto conscientes quanto inconscientes”, pontua.

Além disso, manter máximas como não prometer o que não pode entregar, não iludir e nem se prender ao ego também são interessantes. Ademais, a responsabilidade afetiva também inclui a franqueza consigo mesmo para saber o que realmente está procurando em um novo relacionamento. 

Por fim, estar pronto para falar e também ouvir a verdade, qualquer que seja ela!

Consultoria:

Psicólogo Marlon F. dos Santos – CRP 06/14.4136
Psicóloga Márcia Rossi Robis – CRP 06/91.824

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