Você, provavelmente, já está com a cartilha de prevenção ao coronavírus – que inclui o álcool em gel, lavar constantemente as mãos com água e sabão, cobrir o rosto ao tossir ou espirrar, evitar locais aglomerados e higienizar superfícies – na ponta da língua. 

Caso ainda não esteja tão familiarizado com o assunto, você pode encontrar mais dicas para evitar o contágio do novo vírus aqui. No entanto, apesar de parecerem medidas simples para muitos, devido às muitas realidades dentro do Brasil, isso não é unanimidade. 

Enquanto muitos puderam comprar álcool em gel – ainda que não recomendado o estoque do produto – outros sequer têm poder aquisitivo para isto. Ou então, pior, não estão a par do vírus, sua fácil transmissão e letalidade.

Porém, não estar informado sobre isso não impede que pessoas em situação de vulnerabilidade social estejam imunes à doença. Portanto, iniciativas em Bauru estão recolhendo doações de itens que auxiliem essa população a proteger-se neste momento. 

Para quem está na rua

Uma delas é realizada pelo Fatos da Rua, jornal feito em conjunto entre estudantes de Jornalismo e moradores e ex-moradores de rua da cidade. A jornalista Paula Betelli, que é parte da equipe do veículo, pontua que a ideia de arrecadação surgiu por um motivo óbvio: a população que está mais vulnerável ao coronavírus é a que está em situação de rua. 

Isso, sem falar daquelas que também são parte do grupo de risco. “Por não terem local fixo para ficar durante o período de quarentena, essas pessoas ficam expostas ao contágio e sem produtos higiênicos suficientes para atenderem as recomendações do Ministério da Saúde. Por esses motivos decidimos organizar a campanha, com o objetivo de mobilizar a população para a importância de auxiliarmos pessoas em situação de rua da cidade através da troca de informações e recomendações e também por meio de doações”, acrescenta a profissional. 

Dessa forma, percebendo a velocidade de avanço do vírus, o jornal decidiu lançar a campanha o quanto antes. Para isso, os profissionais buscaram saber as maiores necessidades da população em situação de rua neste momento e também pesquisaram quais itens eram os mais importantes para reduzir a possibilidade de contágio. 

“Assim, lançamos a campanha de arrecadação de produtos de higiene e alimentos não-perecíveis. As divulgações estão acontecendo por meio das redes sociais, Instagram e Facebook, com a ajuda também de quem compartilha”, explica Paula. 

Portanto, qualquer pessoa que tenha interesse em fazer doações pode entrar em contato com a equipe do jornal pelas redes sociais. Entre os itens necessários estão sabonete, detergente, álcool 70, álcool gel, e alimentos não perecíveis. De acordo com a jornalista, a campanha irá até o fim da crise causada pelo vírus. 

Para quem está em assentamentos 

Enquanto isso, outra iniciativa também está auxiliando bauruenses em situação de vulnerabilidade social a passarem por esse momento crítico.  A assistente de administração na Sindicato dos Ferroviários, Tatiana Calmon, está recolhendo itens de limpeza que serão doados ao Assentamento Primavera e ao assentamento próximo ao Tangarás e Horto.

Tatiana conta que a ideia de ajudar não é nova, uma vez que a fome, a miséria e a vulnerabilidade sempre ocorreram. Ainda, ela menciona que já atua em algumas frentes de forma permanente. 

“O trabalho junto aos assentamentos, faço há alguns anos, junto com algumas pessoas que sabem da situação de pobreza nesses locais, e também da dificuldade de conseguir doações, pois há preconceito em ajudar ‘sem terras’.  Além disso, atuo junto ao tricoteiras do face, que arrecada lãs, linhas, fraldas, para confecção de enxovais para bebês pobres, e sou voluntária também no Esquadrão do Bem, coordenado pela maria Inês Faneco que arrecada alimentos e outras coisas para distribuir nas favelas e bairros mais pobres de Bauru”. 

No entanto, o aumento da pobreza por conta da pandemia do COVID-19 a inspirou na criação de uma campanha específica. Em um primeiro momento, Tatiana estava realizando a campanha “Chocoiate com Amor”, que arrecada Bis para a Páscoa das crianças dos assentamentos. 

Contudo, após as arrecadações diminuírem, ela passou a pedir para quem tivesse interesse em doar, que levassem, em vez de chocolates, produtos de limpeza, sabão, sabonete e água sanitária. 

Neste caso, assim como a ação promovida pelo jornal Fatos da Rua, qualquer pessoa pode ajudar. Porém, para evitar contato com os doadores, os itens de limpeza podem ser deixados na porta do seguinte endereço: Rua Cussy Júnior, 3-40. 

“Essa é uma forma de evitar contato. Quem não puder levar, me liga. Tenho me programado para saídas breves, com o mínimo de contato físico possível”, acrescenta. Ademais, a assistente administrativa pontua que, caso os doadores prefiram, também é possível realizar transferências bancárias. 

Sobre a duração, Tatiana ainda não estipulou uma data final para a campanha. Todavia, afirma: “Gostaria que fosse uma campanha curta, mas temo que a pandemia nos atinja muito fortemente”.

Solidariedade que contagia  

A jornalista do Fatos da Rua destaca que a principal importância de iniciativas como esta neste momento é de salvar as vidas que mais estão em risco. Além disso, Tatiana também salienta a relevância que as pessoas mantenham, dentro do possível, as doações que já faziam. 

“Contribuam com os grupos que sempre fizeram alimentos para distribuir nos locais de concentração de moradores de rua. Ontem, centenas de moradores de rua perambulavam perto da Estação Ferroviária esperando pelos grupos que distribui comida. Todos estão com dificuldade de arrecadar e também de distribuição, e muitos ficaram sem nada pra comer”, descreve

Além das arrecadações para os assentamentos, Tatiana também pede doações de ração para Esso Maciel, um idoso de 80 anos que é tutor de mais de 20 cães. Ela disponibiliza seu contato para quem quiser entrar em contato para ajudar ou saber mais: (14) 991324759.

A expectativa é que ações como estas e também a adesão do público bauruense sejam tão contagiantes quanto o vírus. Até porque, assim como Tatiana ressalta: “somente a solidariedade pode diminuir a dor dos que mais precisam”. 

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