Mesmo sendo basicamente uma banda de rock ‘n roll, ou mais especificamente, de surf music instrumental, esses gêneros ainda parecem não contemplar todos os timbres que a The Zombrain transmite em seu álbum de lançamento, o “Surfin’ at Bauru River”.

Segundo o guitarrista Amil Mauad, a banda adentrou em um universo de “timbres fantasmagóricos das guitarras afogadas em reverb, da cultura vintage, dos filmes de horror, sci-fi e westerns de baixo orçamento, das atmosferas psicodélicas”. Além de Amil, The Zombrain ainda conta com Gabriel Corrêa (sax) e Paulo Sampieri (bateria).

De uma forma mais simplista, as nove faixas do primeiro álbum da banda bauruense, traz o estilo musical das praias californianas para o interior. Para entender o que estamos falando, nada melhor do que colocar o som na caixa, certo? A banda está em todas as plataformas digitais para ouvir de forma gratuita.

Para conferir o álbum, clique aqui.

Além de guitarrista da The Zombrain, Amil ainda conta que possui outro projeto, nomeado Dying Melah-hel. O Social Bauru bateu um papo com o bauruense para saber mais sobre os dois trabalhos. Confira:

– Há quanto tempo é músico?

Comecei a estudar música aos 9 anos, minha primeira banda foi aos 14 e com 15 anos toquei pela primeira vez profissionalmente. Essa estréia felizmente foi no Armazém Bar, tradicional casa do Rock ‘n Roll de Bauru. Desde então, essa sempre foi minha atividade preferida.

– Por que escolheu esse nome para a banda, The Zombrain?

The Zombrain é uma referência aos filmes de zumbis comedores de cérebros (Zombie+Brain) de diretores pioneiros no gênero como George A. Romero e Dan O’Bannon que tanto assisti na infância e adolescência, hoje considerados filmes “cults”.

– Mesmo morando em uma cidade do interior, sem mar, por que trouxeram o surf music para a banda?

Essa é uma boa pergunta e que eu me faço desde que criei essa banda. Basicamente, surf music é um estilo musical nascido e popularizado na Califórnia, nos anos 60, tendo o guitarrista Dick Dale como seu maior representante dentro da surf music “instrumental” (quem nunca dançou em uma festa ao som de “Misirlou”?).

Seguindo esse segmento da surf music instrumental dos timbres limpos, cheios de reverb e ritmos alucinantes que eu me apaixonei profundamente e comecei a compor com a intenção de alcançar esta sonoridade. E justamente por Bauru não ser uma cidade litorânea, que eu batizei este primeiro trabalho como “Surfando no Rio Bauru”, fazendo assim uma sátira, crítica e homenagem ao nosso querido Rio Bauru, onde meu pai conta histórias de quando ele e seus amigos nadavam e brincavam no rio. Mas tenho certeza que quem for aos shows do The Zombrain se sentirá pegando uma onda em Malibu, ou mesmo, tomando um caldo das super ondas de Nazaré (risos).

– Este é o primeiro álbum, o que poderia falar dele?

É um álbum muito Rock ‘n Roll, duvido alguém escutá-lo e não bater o pezinho pelo menos uma vez ao longo das 9 faixas contidas nele. A energia passada está incrível, a capa, temática e músicas estão muito divertidas e não vejo a hora de sairmos dessa situação de pandemia para que eu possa, juntamente com meus parceiros musicais, apresentá-lo ao vivo.

– Qual o sentimento de ver um trabalho finalizado?

Extrema satisfação. O álbum “Surfin’ at Bauru River” do The Zombrain e o “Hopeless” do Dying Melah-hel são os primeiros álbuns que compus sozinho. Pensei na temática, nas capas, nos títulos das músicas, com exceção da letra “Every life full of Horror”, que ficou a cargo de Luis “Satan” Salazar, e das baterias dos dois álbuns.

Toquei todos os instrumentos de cordas, arrisquei nos teclados, inclusive no álbum Hopeless, tive a oportunidade de gravar com meu contrabaixo vertical, utilizando arco que é um instrumento não muito utilizado nesse âmbito musical. Também são os primeiros álbuns que lanço fora da cena independente, pois fechei contrato com a gravadora PISCES e o selo Rotthenness para o lançamento dos dois trabalhos simultaneamente o que me trouxe mais satisfação ainda, pois não esperava que uma gravadora se interessasse pelos trabalhos.

– Sobre o Dying Melah-hel, como surgiu esse trabalho?

Dying Melah-hel é um projeto experimental onde tive a pretensão de fazer um som dentro do heavy metal e buscar o peso característico do estilo utilizando apenas instrumentos acústicos, como o violão de nylon e o contrabaixo vertical. Acabei colocando um toque de guitarra elétrica, mas o mínimo possível. O propósito do álbum Hopeless foi transmitir uma ideia mais sombria da vida, explorando o negativismo como fonte de criação, seria o outro lado da moeda se for comparar com o álbum da The Zombrain.

– O que vocês estão lançando?

O álbum de estreia intitulado “Hopeless” contém 6 faixas onde procurei explorar o lado pessimista da vida. Com temas sombrios e de certa forma depressivo, criei uma atmosfera inicialmente tranquila. Porém, no decorrer das faixas, vai ficando carregada e que leva o ouvinte a uma experiência interessante.

Ao contrário do The Zombrain, que é divertido, para ouvir este álbum aconselho que a pessoa ouça sozinha ou em silêncio, que coloque um fone ou num som de qualidade, isolando-se do mundo, em uma posição confortável e escutando do começo ao fim. Se possível, no escuro ou de olhos fechados, prometo que será um momento de reflexão misturado a sentimentos singulares.

– Qual o gênero da banda?

Especificamente falando seria um “Experimental Progressive Doom Black Metal”, ou simplesmente um álbum de heavy metal acústico.

– Como foi fazer dois trabalhos quase ao mesmo tempo?

Foi um desafio, várias sessões de estúdio, muitos parceiros envolvidos, muitas decisões a serem tomadas, horas e horas dedicadas a estes projetos, mas muito satisfatório e animador, amo o que eu faço.

Aproveito o espaço para agradecer aos colaboradores: Gabriel Côrrea que acreditou no meu som desde o início e gravou o saxofone em duas faixas. Paulo Sampieri que gravou a bateria, e Cassiano Campos, desenhista. Eles são peças fundamentais para finalizar o álbum do The Zombrain.

Reinaldo Moreira e Rafael Graziani nas baterias de Hopeless. Luis “Satan” Salazar vocalista da única faixa cantada do álbum. RMS estúdio, pela paciência, e ao meu amigo londrino Pete Arie McCrindle, pela revisão ortográfica no inglês. Sem eles estes trabalhos não sairiam desse maneira, todos foram muito parceiros.

Veja o primeiro clipe da The Zombrain:

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