Você sabia que aproximadamente 15% da população brasileira pode obter a cidadania italiana? Segundo o embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, em entrevista ao R7, são quase 30 milhões de brasileiros descendentes de italianos.

O número expressivo se deve à onda migratória por conta de dificuldades econômicas e socioculturais na Itália durante 1860 e 1920. Neste período, de acordo com o IBGE, cerca de sete milhões de italianos vieram para o Brasil. Um deles era o bisavô de Éber Moscheto.

Éber morou em Bauru durante dez anos e agora vive na província de Bolonha, na Itália. Por conta do seu antenato (do italiano, ancestral), conseguiu a dupla cidadania, sendo considerado italiano, além de brasileiro. Ele explica que a cidadania, a grosso modo, nada mais é do que a transcrição da certidão de nascimento para italiano.

“A cidadania atesta que você tem sangue italiano, é proveniente de uma família italiana e nasceu no lugar errado. Então você tem uma outra certidão de nascimento e passa a ter todos os direitos de cidadão. A Itália entende que eu nasci no Brasil por um acidente, mas que eu sou italiano e isso é muito bonito”, esclarece.

Embora tenha sido um processo longo e burocrático, Éber disse que aprendeu muito durante o processo para conseguir o documento. Além disso, ele revela que se apaixonou pelo trabalho de procurar e conhecer seus antepassados, tanto que agora ajuda outras pessoas a obterem a cidadania italiana.

“Tenho bastantes clientes em Bauru e alguns deles são gratos, porque ser um cidadão italiano está além da simples manobra de se obter um passaporte e tirar vantagem sobre isso. Mas o gostoso é descobrir suas origens, porque o seu antepassado saiu da Itália. Existe muita história por trás disso”, revela Éber.

Quem pode ter cidadania italiana

Para se tornar um cidadão italiano é necessário ter um antenato italiano, embora não exista uma regra em relação ao número de gerações. O único detalhe é a diferença de processos para antenatos homens e mulheres, caso for uma mulher, é preciso observar o ano de nascimento da segunda geração dela.

O motivo é a abrangência de direitos para as italianas, que se deu apenas em 1948, quando a Itália deixou de ser monarquia e passou a ser república. “Então antes a mulher não tinha tanto direito, por isso, ela não transmitia o reconhecimento da cidadania. Entretanto já é jurisprudência no Tribunal de Roma conceder o direito à cidadania, mesmo para ascendentes de mulheres nascidas antes de 48”, explicita Éber.

Nestes casos, o processo é realizado inteiramente pelo Tribunal de Roma. Quando o direito da cidadania é por via paterna, é possível escolher realizar o processo pelo consulado em São Paulo ou na Itália. A diferença está no custo e no tempo do processo. Ao fazer aqui no Brasil pode demorar até dez anos para o documento ficar pronto, por outro lado, o custo é bem mais baixo. Já na Itália será necessário morar lá durante todo o período, embora o processo demore de 90 a cem dias.

O primeiro passo do processo

Depois de descobrir se há uma descendência italiana, o próximo passo é montar uma pasta de documentos. Éber se especializou nessa fase do processo, segundo ele, fundamental para as etapas futuras. Além de reunir todas as documentações, ainda é necessário realizar um estudo da árvore genealógica da família.

“Você não consegue fazer absolutamente nada se não tiver esta pasta. Eu estudo a árvore genealógica, faço pesquisas no Brasil e aqui na Itália para finalizar toda a linha da árvore da pessoa. Aí sim consigo montar um relatório explicando os possíveis erros em certidões que precisam ser retificadas e qual a melhor forma de retificar o tipo de erro”, ressalta.

Pode parecer fácil, mas reunir a documentação é uma parte trabalhosa e tempo que leva para finalizar depende de cada pessoa. Éber conta que já ajudou pessoas que não tinham poucos e até nenhum documento que comprovasse a descendência italiana.

“Já tive casos de pessoas que falaram ‘Éber eu acho que minha vó falou que meu bisavô era italiano e eu não tenho o documento de ninguém, só o meu RG e a certidão de casamento dos meus pais’. Só com estes documentos eu consigo fazer a árvore genealógica, todos os estudos de todos os cartórios no Brasil e de todos os ‘comune’ na Itália. É um trabalho investigativo delicioso, eu amo fazer isso”, conta.

A partir disso, com a pasta já pronta e todos os documentos de acordo com a legislação, é possível dar início ao processo.

Bauruense com a cidadania italiana

Matheus na Itália  (Foto: arquivo pessoal) 

O bauruense Matheus José Grigio de Oliveira obteve a cidadania italiana no começo de 2019. Tudo começou ao encontrar a certidão do bisavô deles. Apenas com esse documento, Éber ajudou Matheus a montar a pasta para dar início ao processo da cidadania.

Marco Antonio de Oliveira, pai de Matheus, conta como a ajuda de Éber foi fundamental. “Toda a documentação pedida foi conduzida pelo Éber, ele montou a pasta inteira, correu atrás de todos documentos necessários. Foi muito fantástico por conta da forma como ele montou, pois é mandado uma cópia para a Itália para ver se estava correto, passado um tempo deu o sinal positivo para entrar com o pedido de cidadania. Eu e o Matheus fomos para Bolonha e o Éber me orientou em tudo, desde o processo, o tempo que fiquei na Itália, foi de uma presteza enorme”, aponta.

Mesmo morando na Itália, Éber conta com parceiros em Bauru para continuar ajudando brasileiros a tirar a cidadania italiana. Para entrar em contato, basta enviar um e-mail para [email protected] ou pela página no Facebook: /cidadaniamoscheto.

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