Como já sabemos, a Covid-19 é uma doença que tem como uma de suas principais características o fácil e rápido contágio. Sendo assim, no dia 13 de setembro o país contabilizava 4,33 milhões de casos, de acordo com a Agência Brasil.
Dentre esses, já são mais de 3,57 milhões brasileiros recuperados! No entanto, uma dúvida que pode surgir é: o que os pacientes devem fazer após terem a doença? Já é possível retornar à vida normal ou ainda são necessários cuidados específicos?
Por isso, conversamos com profissionais do Grupo São Francisco/Sistema Hapvida para entender mais sobre a questão.
Fim dos sintomas ou fim do vírus?
A maior dúvida que paira sobre o assunto está relacionada ao fato de que, até o momento, nada garante que quem já se contaminou está completamente imune. Além disso, por ser uma doença nova, os efeitos do vírus a médio e longo prazo não são totalmente conhecidos.
Portanto, mesmo após a infecção, é necessário o cumprimento de distanciamento social, uso de máscara e também atenção à higienização de mãos, objetos e superfícies.
Apesar disso, os pacientes podem ser considerados relativamente recuperados após constatada “cura clínica”, que é quando não há mais sintomas da doença. Outra opção é a constatação da “cura microbiológica”, quando o organismo elimina totalmente o vírus.
Esta última pode ser verificada após a realização do exame RT-PCR, responsável pela detecção da presença de anticorpos.
Ainda, o infectologista do Grupo São Francisco/Sistema Hapvida, João Paulo Poli, explica que o tempo para uma recuperação total pode variar muito.
“O processo de recuperação depende da gravidade da doença. Quadros mais leves se recuperam mais rapidamente, enquanto casos mais graves ou críticos (que precisam de oxigênio e UTI) podem demorar bastante tempo pra se recuperar. Isso acontece por causa do dano pulmonar causado pela COVID ou outras complicações, como a insuficiência renal”, pontua.
De olho nas complicações
Assim como o especialista explica, as complicações da Covid-19 também variam de acordo com a gravidade do caso. Dessa forma, após experienciar quadros graves, muitos pacientes apresentam falta de ar, e têm órgãos, como o coração e rins, comprometidos.
Além disso, também é comum que, após a alta, apareçam sintomas da Síndrome da Fadiga Crônica. A disfunção é caracterizada pelo cansaço excessivo e pode causar alteração na pressão, na frequência cardíaca e insônia.
Dessa forma, justamente por não haver uma regra quanto às complicações, é necessário – mesmo após a cura – manter o acompanhamento. Isso é indicado para avaliar os riscos e a melhor forma de obter uma recuperação completa, acrescenta o infectologista.
“Para uma total recuperação, o paciente deve tratar adequadamente as complicações que podem ter ocorrido devido a gravidade do caso. Por exemplo, a perda de massa muscular decorrente da internação prolongada; a insuficiência renal, que pode ser causada em decorrência de infecções; ou complicações cardiovasculares. Então, pode ser necessário acompanhamento com nefrologista, cardiologista, pneumologista, fisioterapeuta, etc”, destaca João.
Após a UTI
Já no caso de pacientes que passaram pela internação em unidades de terapia intensiva (UTIs), em decorrência do comprometimento do pulmão, é recomendado realizar acompanhamento com um fisioterapeuta após a alta.
Contudo, a fisioterapeuta Juliana Marinho Antoniucci pontua que, apesar da necessidade e eficácia do tratamento, a reabilitação fisioterapêutica de pacientes que tiveram a doença ainda é pouco “receitada”.
“Muitas vezes, a procura pelos serviços é espontânea, o que pode ser um fator limitante à estruturação de um protocolo de abordagem pós-Covid, que atenda as necessidades de toda a população”, explica.
Ainda, a especialista frisa que para um acompanhamento efetivo, é necessário considerar qual e como foi a evolução durante a doença.
“Há pacientes que tiveram a doença e ficaram em casa. Outros foram para o hospital ou foram atendidos em ambulatórios e enfermarias, e não necessitaram de cuidados intensivos. Ainda, tem aqueles que foram para UTI, utilizaram ventilação não invasiva e até mesmo ventilação invasiva. O que se tem observado é que todos estes irão em algum momento precisar de reabilitação pós-Covid, isso porque podem apresentar um comprometimento funcional específico, ou sequelas que repercutirão na rotina diária”, acrescenta.
Nesses casos, de acordo com a fisioterapeuta, as estratégias terapêuticas devem estar direcionadas ao aumento da capacidade pulmonar; melhoramento da mobilidade de tórax; favorecimento de condicionamento cardiorrespiratório; otimização de força e resistência muscular.
Além disso, é necessário monitorar o impacto desta abordagem no desempenho de atividades de rotina. Ela também destaca que é relevante avaliar a necessidade de acompanhamento psicológico e fonoaudiológico.
Recuperação em Bauru
Aqui em Bauru, a FIB (Faculdades Integradas de Bauru) está oferecendo atendimento fisioterápico gratuito para reabilitação cardiopulmonar de pessoas que tiveram Covid-19.
Os interessados podem verificar disponibilidade de vagas de segunda a quinta-feira, das 8h às 11h30 e das 14h30 às 22h pelo telefone: (14) 2109-6214.
Ainda, à redação do Social Bauru, a Secretaria de Saúde do município informou que o Ambulatório Municipal de Fisioterapia ainda está se preparando para receber os casos de pacientes que já tiveram coronavírus e precisam de reabilitação.
No mais, os cuidados ainda não podem ser deixados de lado! “Enquanto não sabemos exatamente a probabilidade de alguém se reinfectar, e considerando que isso é possível, devemos manter os protocolos de segurança, como o uso de máscaras, distanciamento social, higiene constante das mãos, evitar locais fechados e pouco ventilados e evitar aglomerações”, finaliza o infectologista.
Consultoria com profissionais do Grupo São Francisco/Sistema Hapvida:
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Dra. Juliana Marinho Antoniucci – Fisioterapeuta (CREFITO 3: 128884-F)
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Dr. João Paulo Poli – Infectologista (CRM 134.535)