Com a pandemia e a premissa de evitar aglomerações, a cena musical de Bauru foi completamente afetada já que shows e apresentações tiveram que ser cancelados. Em consequência disso, muitos músicos da cidade perderam sua principal fonte de renda e tiveram que se adaptar para passar por este momento, aderindo até à alternativas diferentes da música.

Desse modo, para saber um pouco mais dos caminhos seguidos pelos artistas neste momento atípico que estamos vivendo, a equipe do Social Bauru conversou com quatro músicos da cidade.

Pizza e Rock

Para Euler Silva, baterista da banda Calibrados, que costumava rodar o estado de São Paulo com shows, a pandemia foi um divisor de águas. Isso, porque os shows presenciais, passaram a ser virtuais, eventos foram cancelados e a renda proveniente da música foi afetada significativamente.

Para lidar com a crise, além de vaquinhas online e contribuições voluntárias, Euler criou um negócio que uniu duas paixões: mexer com comida e o Rock & Roll. Dessa forma, o músico que teve sua trajetória inteira ligada a esse estilo musical criou uma pizzaria chamada Rock Zap Pizza, que, como o próprio nome diz, foi idealizada com a temática do rock.

A minha vida foi totalmente dedicada ao rock e à música. E é como as pessoas me identificam na cidade, elas me conhecem pelo rock. Então a ideia foi associar este tema à pizza, para que quando as pessoas pensassem na pizza do rock soubessem que era minha”, explica o bauruense.

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Na trilha do churrasco

Jay Alves, da banda Aurora Summer, foi outro músico que aproveitou a quarentena para colocar um plano no ramo gastronômico em prática.

Sem a correria dos ensaios e shows, Jay teve o tempo necessário para criar o Don Smoked, um restaurante de American BBQ (nome popular para o tipo de churrasco que nasceu na região do Texas – EUA).

Eu sempre achei legal esse lance de American BBQ e nessa pandemia, trabalhando com delivery, conseguimos tirar esse projeto do papel”, revela.

No entanto, apesar do novo empreendimento, o bauruense conta que sente saudades da sua rotina antes da quarentena:

Estávamos com a agenda cheia até 2021! Ficamos parados e tivemos que reagendar muita coisa. Recebemos o apoio de uma galera, pois foi tudo do nada, em um dia a gente tava tocando, no outro todo mundo trancado dentro de casa. Estamos sempre inventando algum vídeo ou versão, mas não é a mesma coisa. Eu sinto falta de tudo, até dos ensaios! Estar com meus amigos de banda, viajar, ver a casa lotada, todo mundo cantando, não tem nada que pague. Para quem tinha uma rotina louca como a gente, a saudade dói”.

Lives solidárias

Assim como diversos músicos da cidade, o músico Daniel Cecci também mergulhou fundo no mundo das lives, transmissões ao vivo realizadas por meio de plataformas digitais.

Depois de sua experiência inicial em uma live solidária organizada pelo diretor da Biombo Produções, Daniel começou a realizar shows virtuais periodicamente.

Depois da live solidária comecei a me acostumar com a ideia e realizei diversas lives na minha conta do Instagram, onde até realizei um sorteio e recebi convidados. Foi uma experiência nova e que demorei pra me adaptar. Serviu como aprendizado, foi divertido, mas não trocaria pela experiência de tocar ao vivo num palco para um público”, constata.

As apresentações virtuais, que nunca estiveram em tanta evidência como estão atualmente, foram uma maneira de continuar em contato com o público e contar com sua solidariedade para a arrecadação de fundos.

Foi por meio dos shows virtuais e doações provenientes de seus admiradores, que o músico conseguiu se manter até que o auxílio emergencial chegasse. Ademais, mediante às transmissões, Daniel pôde conhecer outros músicos, fazer novas amizades e mostrar seu trabalho para além das fronteiras de Bauru.

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Foto: Bruna Mereu

Cursos online

Observando a alta procura por cursos online e especializações a distância na quarentena, o músico Leonard Couto da banda 12 Cordas começou a promover a venda de cursos desta modalidade.

Esta empreitada bem diferente da área musical trouxe para o bauruense mais estabilidade financeira e emocional neste período.

Vendi cursos através de anúncios patrocinados no Google Ads e Bing Ads. Tinha de vários assuntos: de barbeiro, de desenho, de violão, de after effects, de manicure, de maquiagem, de Reiki e até de linguiça artesanal. Foi algo que gostei bastante, mas que demandou tempo para ter um bom desempenho. Isso me ajudou, não só na parte da renda, mas também a manter minha mente saudável aprendendo algo novo”, conta o músico.

Mas, mesmo ocupando a mente com a venda de cursos, Léo conta que a quarentena afetou completamente sua vida profissional já que adiou vários de seus planos, incluindo viagens e ideias que queria colocar em prática.

Profissionalmente falando, tem sido complicado. Eu estava em um ótimo momento antes de tudo isso, é como se eu tivesse que começar tudo novamente. Mas olhando por outro lado, consegui adiantar coisas que estavam andando devagar antes pela falta de tempo e dar uma atenção especial para as minhas composições. Isso trouxe um certo equilíbrio emocional para mim, já que é a coisa que mais amo fazer, compor e gravar”, analisa.

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O futuro da música e dos músicos em Bauru

À medida que o número de casos de Covid-19 vai diminuindo, as atividades culturais vão retornando e a música volta aos poucos a preencher a noite da cidade.

Assim, de acordo com Euler, depois dessa fase difícil, podemos esperar da cena musical de Bauru um recomeço cheio de novidades.

Na pandemia cada fase gerou um sentimento diferente, mas todos eles levam ao crescimento, pois estamos aqui para evoluir. Desse modo, imagino o futuro da música em Bauru como um recomeço em alguns aspectos: novas parcerias, novos projetos nascendo… Mostrando que a gente consegue tirar o lado bom de tudo, das coisas boas e das coisas ruins também”, finaliza.

 

 

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