A paixão do mineiro Rodolfo Nogueira pelos dinossauros começou quando ele tinha apenas seis anos.

Com essa idade, ele visitou o Museu dos Dinossauros da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), onde segundo suas próprias palavras, descobriu um mundo mágico incrível:

Haviam ruínas antigas, cachoeiras cristalinas, florestas encantadas, dragões gigantescos, chamados dinossauros, e caçadores de dragões, que se intitulavam de paleontólogos. Aquele lugar me causou algo maravilhoso e eu sempre o visitei depois disso”, revela.

Ansioso e hiperativo, com traços de autismo, Rodolfo conta que na esperança de que ele melhorasse, sua mãe o colocou em um curso de desenho artístico quando tinha 11 anos.

Assim, ele descobriu que o que queria para sua vida era “fotografar dragões”, ou seja, desenhar os dinossauros para que as pessoas soubessem como eles eram.

A Unesp de Bauru e a realização de um sonho

Como dito, Rodolfo cresceu amando os dinossauros e, sendo assim, esse era o tema de todos os seus trabalhos escolares.

E não foi diferente quando ele entrou na faculdade de Desenho Industrial da Unesp-Bauru, onde ele continuou utilizando o tema que mais gostava para aprender o que precisava para desenvolver suas técnicas de desenho.

Com os conhecimentos adquiridos na universidade em Bauru, ele conta que desenvolveu uma metodologia para ilustrar da forma mais fidedigna possível um animal extinto, um procedimento que apelidou de “Paleodesign”.

Junto com a pesquisa em que desenvolveu esse método, começaram a aparecer diversos pedidos para que Rodolfo reconstruísse dinossauros e, de repente, ele estava trabalhando inteiramente como paleoartista.

A Unesp-Bauru foi o útero onde minha profissão foi gerada. As disciplinas do curso de Design aumentaram meus horizontes de possibilidades criativas. Toda a estrutura física e acolhimento que tive por parte dos professores, não só me permitiu, mas incentivou que eu estudasse uma área tão nova e rara”, comenta.


Rodolfo é formado em Desenho Industrial (Design) pela Unesp-Bauru. Foto: Arquivo pessoal

O trabalho de um paleoartista

Desenhar um ser que foi extinto há milhares de anos não é moleza não.

Para que a ilustração de um dinossauro seja fiel e possa ajudar os cientistas a inferir sobre padrões evolutivos e acontecimentos geológicos, é necessária uma técnica bem complexa.

Primeiramente reconstruímos o esqueleto. Observando as marcas nesses ossos e comparando com animais viventes, conseguimos recriar tecidos moles como músculos e pele. Eu parto sempre da utilização dos softwares de escultura e animação digital. No final, esse modelo pode ser programado para se mover da forma correta com contrações musculares e ângulos biomecânicos adequados. Construo então um cenário virtual com as plantas da época e, por último, simulo os movimentos como se fossem marionetes”, explica Rodolfo.

Todo esse trabalho existe porque a arte é a única forma de trazer à vida a história do passado de nosso planeta e transformá-la em informações didáticas, informativas e atraentes para o público.


Ilustração: Rodolfo Nogueira

Reconhecimento do trabalho

Atuando com o que sempre amou, o paleoartista conquistou, em diversas ocasiões, o reconhecimento de seu trabalho. Sua conquista mais recente foi ter uma de suas ilustrações na capa da Revista Nature, uma das revistas científicas mais conceituadas mundialmente.

A ilustração, que retrata um Ixalerpeton polisinensis, foi feita para um estudo de uma equipe de cientistas que envolvia 18 pesquisadores de vários países.

Rodolfo conta que a publicação de sua obra na capa foi uma surpresa:

Todos os artigos de cada edição da revista concorrem a capa, então na verdade ficamos sabendo que meu desenho havia sido escolhido apenas uma semana antes da publicação. Foi um marco de reconhecimento não só do meu trabalho, mas também para os ilustradores científicos brasileiros e, ouso dizer, que para toda a comunidade científica do país. Praticamente todos os pesquisadores do planeta viram meu trabalho e souberam o resultado desse estudo, isso reforça nossa ciência no mapa do mundo.

Além disso, o mineiro já recebeu anteriormente 12 prêmios internacionais incluindo alguns da National Geographic e um Prêmio Jabuti como melhor livro infantil pela obra “O Brasil dos Dinossauros”.

Retribuindo o apoio da Unesp

De acordo com Rodolfo, na época em que fazia faculdade em Bauru, a profissão de paleoartista não era tão conhecida.

Com curiosidade sobre o assunto, seu ponto de partida nesta carreira foi uma pesquisa de iniciação científica com os professores Milton Nakata, de ilustração no curso de design, e Renato Ghilard, de paleontologia no curso de ciências biológicas.

Assim, o paleoartista visa retribuir o apoio da universidade que o ajudou a conquistar tantos sonhos e tem diversos planos futuros que envolvem ensino, novas tecnologias aplicadas à Paleontologia e a divulgação científica no Brasil.


Rodolfo e equipe do Museu Dante Alighieri, junto a um de seus novos projetos: o maior desenho da pré-história já feito (com mais de 100 m²). Foto: Arquivo pessoal.
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