Se antes o legal era ter o modelo de tênis do momento, agora o bom é ter um par que ninguém tem. Pelo menos é o que dizem os amantes dos sneakers, que em português significa tênis, mas na prática representa todo um mercado de peças exclusivas.

Esse ramo de sneakers no mundo é estimado em US$ 100 bilhões, segundo pesquisa divulgada pela Cowen Equity Research, uma agência financeira dos EUA. Nesse setor, os tênis são produzidos em poucas quantidades, aumentando o valor devido à raridade de cada peça, e focados no visual e no estilo, inclusive com estilistas assinando alguns modelos.

Ou seja, deixa de ser um produto de vestuário para virar uma peça da moda como uma forma de arte contemporânea.

Esse é o pensamento que guia a loja bauruense No Rules, na Av. Getúlio Vargas. O balcão do local parece uma exposição artística de produtos da Supreme, uma das marcas mais famosas no setor, reunidos ao longo do tempo por um dos donos. 

O local é uma criação da dupla Matheus Zappitelli e Luiz Henrique Patrocínio. Por lá, a ideia é vender sneakers exclusivos que integram coleções limitadas de marcas conhecidas. Em alguns modelos, eles mesmo pegam filas para garantir alguns pares e vender aqui em Bauru.

Faz parte da proposta de exclusividade desse mercado. “Tem marcas que distribuem uns 200 pares para o Brasil, mas com cerca de 40 mil pessoas esperando para comprar. Então é menos de 1% da oferta para a demanda”, explica Matheus. 

Exclusividade é o ponto principal

Portanto, a raridade é a direção do negócio. A sensação de exclusividade é o diferencial de quem atua nesse mercado. Na No Rules, por exemplo, é uma exigência dos empresários. “Nós não costumamos repetir peças. Portanto, se você não leva em um dia, pode ser que no dia seguinte já não tenha mais”, diz Luiz Henrique. 

Quem compra na loja deles, tem quase a certeza de que ninguém mais na cidade terá um igual. Além disso, as peças viram itens de coleção, considerando o ritmo de lançamento das marcas. Inclusive celebridades como Marcos Mion, John Mayer e Kylie Jenner possuem grandes closets apenas para os tênis.

Portanto, nesse conceito de exclusividade, conseguir um produto torna-se um desafio. Daí surge outra experiência tradicional para os amantes dos sneakers: a fila. Quando acontecem os drops, nome dado aos lançamentos de um modelo, elas viram o cenário na frente das lojas.

“E várias são por ordem de chegada. Então, você fica lá dois, três dias, uma semana até. Você coloca uma cadeira e dorme por lá mesmo. Eu mesmo já peguei algumas filas assim, como na Artwalk, na Guadalupe”, comenta Luiz Henrique. 

Quase peças de arte

Outro ponto trazido pela limitação de produtos é conseguir transformar um tênis em uma forma de expressão. Na NBA, liga de basquete dos EUA, os atletas mandam produzir ou escrevem nos sneakers como forma de se representar ou passar mensagens. 

Além disso, atletas e artistas começaram a assinar coleções. Um tênis marcado pelo cantor Travis Scott, por exemplo, pode custar até R$ 20 mil.

Nesse sentido, os preços de alguns modelos chegam a variar, como se fosse uma avaliação de peça artística. “Tem sneakers que podem hypar daqui a um ano, e dobrar ou triplicar o valor. Então nós precisamos estudar essa probabilidade”, diz Luiz Henrique.

Por isso, a loja da dupla tenta, para algumas peças, fazer o hold, ou seja, segurar um par na esperança dele valer mais futuramente. “Pode ser que um tênis que valha 900 reais hoje, esteja valendo 4 mil daqui a dois anos. Para isso, ficamos de olho em especialistas para acompanhar”, explica Matheus.

Primeira loja de sneakers de Bauru

A No Rules, que prega a mensagem de “sem regras no jeito de se vestir”, como diz Matheus, traz já na decoração o estilo urbano que combina com esse universo, da entrada com a marca escrita no estilo grafiti até dentro da loja, com as peças expostas quase como peças de arte.

A loja tem mais de 130 pares disponíveis à venda, das marcas mais conhecidas Nike, incluindo Air Jordan, Supreme, Burberry e Balenciaga, e das mais populares, como DGK, Diamond, Champion, Adidas Originals, V-Lone e Vans, além da paulista Guadalupe, que tem investido nesse tipo de produto.

Os preços no local variam de R$ 380 a R$ 5 mil. Entretanto, eles também recebem encomendas, tanto para quem busca um tênis específico quanto para quem quer um modelo em outro tamanho. Nesse caso, o preço não é definido. “Tem tênis que custam até R$ 20 mil. Então aí vai até o quanto a pessoa estiver disposta a gastar”, brinca Matheus.

Ademais, eles disponibilizam outros produtos comuns em loja de roupas, como camisetas, acessórios, calças, blusas de frio e bonés, todos relacionados às marcas de tênis.

A loja é parte da cultura dos sneakers

Com o fortalecimento do e-commerce, diversas lojas de sneakers migraram para a internet ou abriram direto em redes sociais, reduzindo o número dos espaços físicos. Mas para Matheus e Luiz Henrique, é importante manter o mercado offline, pois sentir o produto na mão faz diferença para as pessoas. 

“A loja física se torna um convite para as pessoas virem ver, principalmente para as pessoas que não conhecem bem os nossos produtos. A galera vem, gosta, pega na mão. E a pessoa sentindo é outra coisa, é diferente de ver na tela do celular”, diz Matheus. 

Essa é a primeira loja física de sneakers exclusivos em Bauru. E a dupla já começa a sentir os efeitos da decisão, chamando a atenção de jovens que ficam impressionados com os tênis. Ou seja, funciona também como uma forma de ensinar sobre essa cultura.

“Eles vêm aqui, tomam um café. Eles piram nos nossos tênis, perguntam, elogiam. Alguns nunca viram um produto nesse estilo. E aí, com o tempo, gera expectativa sobre os novos produtos. Eles ficam interessados sobre quais tênis estão chegando na loja”, comenta Matheus.

Das filas ao negócio

Desde a primeira impressão ao conhecer Matheus e Luiz Henrique, é visível o quanto eles fazem parte dessa cultura dos sneakers e produtos exclusivos. Para a entrevista, do boné ao tênis, passando pela pochete nos ombros, eles tornam-se modelos do estilo urbano proposto pela loja.

Os dois se conhecem desde 2010, quando começaram a dividir esse gosto por esse estilo. “Nós sempre gostamos das mesmas coisas, basicamente. O primeiro boné de marca que eu tive, da marca que nós dois mais gostamos, a Supreme, foi o Luiz que me deu. E foi meu primeiro contato com esse tipo de produto”, conta Matheus. 

Ele veio de São Paulo com dois anos, e morou a vida inteira em Bauru. Já Luiz Henrique é de São Paulo, se mudou para o interior em 2013 e atualmente mora aqui. Aqui se conheceram e formaram uma amizade que virou negócio em 2020.

Zappitelli já tinha uma loja online no ramo desde 2017, e quando decidiu abrir o espaço físico pensou em trazer o amigo que o introduziu a esse mundo. Inclusive, Patrocínio carrega a bagagem de viver uma das principais experiências desse universo: dormir em filas.

“A primeira que eu peguei foi da Supreme, em 2016, em Nova York. Minha primeira loucura, e era uma fila imensa. É legal ir porque você conhece muita gente, que curte as mesmas coisas, faz networking. Também já fui para uma na Califórnia… A da Bape e a da Supreme foram as mais difíceis”, conta Luiz Henrique.

É o esforço que vale a pena depois que ele consegue ter o produto em mãos. “Tenho uma sensação de prazer, de ter um tênis exclusivo no pé”, comenta Luiz Henrique. “É um sentimento de conquista”, completa Matheus. Agora com a loja, o objetivo deles é estender essa alegria para os bauruenses.

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Serviço
No Rules
Endereço: Av. Getúlio Vargas, 9-18
Horário de funcionamento: De segunda a sábado, das 11h às 20h.
Instagram: @norules.store/

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