O capixaba Iarley Bermudes nasceu com uma fissura craniofacial rara e é paciente do Centrinho de Bauru desde que é bebê.

Iarley já realizou 18 cirurgias e após sofrer cyberbullying decidiu se voltar contra essa situação que é enfrentada por milhares de crianças todos os dias.

Hoje, com 13 anos, ele já realizou mais de 300 palestras conscientizando sobre o bullying, sendo algumas delas realizadas de forma online para escolas de Bauru, enquanto estava aqui para realizar seu tratamento.

Stop bullying

O bullying, que vem do termo americano “bully” (valentão), acontece quando um agressor comete atos de violência física ou verbal contra uma vítima.

“Existem diversos tipos de bullying, ele se divide em oito tipos no total. Tem o bullying escrito, por exemplo, que são aquelas famosas cartinhas, tem o bullying verbal, o físico, o psicológico, o moral, tem o material, quando a pessoa quebra o material da outra e o cyberbullying”, explica Iarley.

De acordo com o capixaba, essa violência é preocupante já que pode afetar o desempenho das crianças na escola, trazer consequências emocionais e até físicas, dependendo do caso.

Assim, incentivado pelos pais e buscando uma forma de parar o bullying, Iarley começou a dar palestras motivacionais em escolas, tendo como foco as crianças que fazem esse tipo de prática.

Eu aprendi isso com o diretor do filme ‘Extraordinário’, porque ele fala que aprendeu, durante os anos, que toda história tem sempre dois lados. Então eu sempre exploro essa questão do bullie [agressor], que temos que auxiliar ele, afinal ele pode fazer aquilo com mais de uma criança. Então temos que ajudar ele a superar e parar, porque geralmente ele faz isso por causa de uma frustração. E, claro, também ajudar a vítima, que foi a mais afetada naquela situação, a superar aquilo psicologicamente”, conta.

De Vitória para Bauru

Apesar de vir constantemente a Bauru realizar seu tratamento no Centrinho, Iarley sempre morou em Vitória, no Espírito Santo. No entanto, isso mudou ano passado, quando ele veio morar na cidade e ficou aqui durante um mês com sua mãe.

Um dos principais motivos pelos quais fui para Bauru era para adiantar meu tratamento e também para mais possibilidades. Porque, por mais que eu faça muitas palestras aqui no Espírito Santo, ainda há a questão de Bauru ser em São Paulo e ter muito mais chances de crescer. O Centrinho hoje é um hospital de referência no tratamento de fissuras craniofaciais e por isso eu digo que Bauru é minha segunda casa, mas claro que a cidade tem outros significados que a tornam especial. A nossa estadia aqui durou um mês, contudo, devido a alguns problemas da casa que a gente alugou tivemos que voltar para o Espírito Santo”, comenta.

Embora tenha deixado Bauru momentaneamente, o tratamento de Iarley está previsto para terminar quando ele tiver 30 anos. Portanto, ele afirma que tem muitos planos a serem realizados por aqui.

Eu pretendo voltar para Bauru, a gente ainda está programando. Quem sabe a gente já volta com uma casa nossa, para não ter outros problemas. Eu adoro Bauru e faria sim palestras na cidade se fosse convidado e se a situação da pandemia permitir”, completa.

Um apelo às escolas

O adolescente salienta que, apesar de alguns adultos falarem que isso é frescura e que na época deles era apenas uma brincadeira, hoje o bullying afeta muito mais as vítimas por ser um ato intensivo e repetitivo que faz algumas crianças até terem medo de ir à escola.

Por isso, Iarley faz um apelo a todas as escolas e aos professores para que fiquem atentos com esta violência, visto que a pandemia alavancou o cyberbullying, que é realizado por meio da internet.

Eu queria que a escola participasse mais desse processo. Não que a escola não participe, eu acho que é algo importante de se frisar. Na pandemia, o que antes era cartinha pode vir pelo chat do meet, porque as pessoas conversam mais durante as aulas. Então o bullying pode acontecer e o professor nem ver. Desse modo, o professor e a escola devem estar atentos a essa questão e sempre reforçar o movimento ‘stop bullying’. Pode ser criando projetos ou tendo até um professor próprio para estar sempre incentivando os alunos a combater o bullying”, finaliza.

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