Durante a pandemia, para evitar o consumo nos estabelecimentos e que as pessoas saíssem de casa, o número de lugares que oferecem a opção de delivery aumentou e, com isso, a demanda do serviço dos motoboys cresceu.

Segundo Luiz Fernando de Souza, diretor financeiro do Sindimoto de Bauru, houve um aumento de mais de 60% no número de motoboys trabalhando de forma autônoma na cidade.

Vale lembrar que os motoboys, que realizam diversas entregas, também fazem parte de uma profissão que está na linha de frente na pandemia, já que estão em contato direto com outras pessoas. Além disso, a profissão se tornou uma das principais saídas para aqueles que perderam seus empregos neste período.

Assim, para conhecer um pouco da atuação dos motoboys e como é a sua rotina conversamos com 3 bauruenses que atuam nessa área.

Ferramenta de trabalho

O bauruense Vinícius Moreira Pinheiro conseguiu comprar sua primeira moto em 2014.

Três anos depois, em 2017, o veículo passou a ser sua ferramenta de trabalho, quando ele ficou desempregado.

Portanto, já são quatro anos de uma trajetória cheia de experiências trabalhando como motoboy.

Primeiro fiz entregas para uma marmitaria. Fiquei pouco tempo, mas já deu para pegar uma experiência. Em seguida, consegui um trabalho em uma distribuidora de bebidas como ajudante de motorista, ali eu fazia entregas em Bauru e em grande parte do interior paulista. Depois, em 2018, fui atrás de um ‘bico’ para fazer uma renda extra e como eu já tinha a moto, a usei para trabalhar em aplicativos como Ifood, Mobby e Box, que são plataformas onde os estabelecimento solicitam motoboys para realizar coletas e entregas”, conta o bauruense.

Quando a pandemia chegou, Vinícius foi dispensado da distribuidora em que trabalhava, mas ao mesmo tempo as demandas de entregas cresceram.

Nessa época o bauruense teve uma ideia: por que não criar sua própria empresa para oferecer serviços de entrega?

Desse modo criou a Motoboy Vini’s Express em que se dedica inteiramente à profissão, realizando serviços de delivery para restaurantes, serviços bancários, coletas e entregas e transporte de documentos.

Além disso, Vinícius continua trabalhando com aplicativos e afirma que a correria e a velocidade são as características principais de sua rotina.


Vinícius criou a Motoboy Vini’s Express. Foto: Arquivo pessoal

As vantagens de ser motoboy

Observando a flexibilidade de horário e a possibilidade de ganhar mais renda do que ganhava em seus trabalhos anteriores, o bauruense Silvio Petelinkar de Camargo decidiu sair de seu emprego fixo para se tornar mototaxista.

Eu trabalhava em outra área, sempre atuei na construção civil, auxiliar de estoque, essas coisas. Um dia fiz a comparação da flexibilidade de horário e de quanto ganhava um mototaxista e me espantei. Então decidi unir o útil ao agradável, porque eu já era apaixonado por moto e amava andar neste veículo”, conta.

Em 2012, quando começou a trabalhar com sua moto, Silvio conta que o cenário era bem diferente do que encontramos hoje.

Naquela época dificilmente a gente trabalhava com outra coisa a não ser transporte de passageiros. Raramente a gente pegava para trabalhar como motoboy no sentido de entrega e delivery. Foi só depois que isso ficou em alta, porque quando eu comecei a gente recusava muito, porque não se pagava bem. Eu me lembro que os donos de pizzaria, marmitarias, ligavam desesperados atrás de entregadores e ninguém queria ir porque eles não pagavam bem. Hoje é o contrário, a gente que fica atrás de estabelecimentos para poder trabalhar com entregas”.

Atualmente, Silvio trabalha como motoboy em lugares fixos, atuando na entrega de deliveries.

Unindo paixão e profissão

Para alguns, a moto pode ser apenas um veículo, mas para outros pode ser uma verdadeira paixão.

O bauruense Lucas Scriptore se enquadra nesse último caso e trabalha como motoboy simplesmente por amar essa profissão.

Antes de eu tirar minha habilitação trabalhei em outra área, mas hoje exercendo essa profissão tenho amor pelo que faço”, afirma.

Para ele, que trabalha em deliveries de restaurantes, apesar da profissão ter um certo risco, é bom demais fazer a felicidade das pessoas levando para elas os seus pedidos.


Lucas Scriptore. Foto: Arquivo pessoal

A valorização dos motoboys em meio à pandemia

Como qualquer profissional, o motoboy também tem suas dificuldades.

Apesar de enxergar diversas vantagens em sua profissão, Silvio afirma que o dia a dia de um motoboy não é para qualquer um.

Isso porque, embora tenha sido mais valorizada agora no período de pandemia, a atuação dos entregadores ainda não é reconhecida como deveria.

Infelizmente a gente ainda não tem o valor merecido por estar fazendo esse serviço de tamanha importância. A pessoa recebe o alimento dela debaixo de chuva, no frio, no sol. Para gente não tem tempo ruim, mas muitas vezes acontece de sermos mal tratados. Temos que sempre ter um jogo de cintura para lidar com esse tipo de situação”, revela.

Além disso, o perigo de acidentes e a própria pandemia estão na lista dos riscos que os profissionais correm.

A gente tem que se prevenir da melhor forma, evitar ficar muito próximo, usar máscara e álcool em gel. Tem lugar que eu vejo que tem muita gente e eu não entro, peço para a pessoa ir na porta retirar. Explico para a pessoa que é por conta do risco. Sou casado, tenho dois filhos pequenos, um menino de cinco anos e uma menina de um ano, então meu maior medo é esse. É eu ter que trabalhar para trazer o alimento para casa e trazer o vírus junto comigo”, conta Silvio Petelinkar.

Dessa maneira, os entrevistados entram em consenso quando falam que a valorização e o respeito pela profissão é essencial, principalmente neste momento em que o trabalho dos motoboys se mostrou tão importante em nossas vidas.

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