São Paulo – Bauru é um trecho comumente percorrido pelos bauruenses. Porém, Lucas Pires, empresário de 25 anos, saiu do comum ao decidir percorrer o caminho andando. Serão 450km, distância maior devido às rotas alternativas, escolhas que levarão Lucas a conhecer fazendas, riachos, brejos, grutas, cachoeiras, montes e trilhas.

Aliás, esse é um dos motivos que incentivou o bauruense a ingressar na aventura, fazer a viagem, que já era de costume, agora, de uma outra perspectiva, com outro olhar. Porém, ao perguntar sobre o intuito da peregrinação, Lucas foi enfático ao dizer que a resposta engloba momentos de sua vida inteira.

“Essa viagem, pra mim, faz parte de um processo que eu já tinha começado. Faz parte de uma mudança de vida que eu quero ter. Não quero fazer mal a ninguém, não quero pessoas ruins ao meu lado. Não quero futilidade, máscaras, status sociais, etc. Quero ser uma pessoa melhor, ter mais conhecimento, ser completo e não parcial. Quero depender só de coisas boas, pessoas, energias, lugares para viver, sem nada ruim, tenta resumir. 

25 dias de viagem a pé

A viagem começou no dia 04 de abril, um domingo, com previsão de chegada no destino, Bauru, 25 dias depois. Junto a Lucas, somente a carriola que leva seus pertences, itens essenciais para a trajetória, tais como cabana, roupas, água e produtos de higiene. Além de objetos que, segundo ele, são de sobrevivência, como lanterna, isqueiro e uma mini frigideira.

Mas por que uma carriola? Lucas explica que a escolheu após perguntar em grupos de viagens. A primeira ideia era colocar rodinhas em uma mochila, pensamento que logo foi abandonado. Incentivado por um mochileiro que viaja o mundo com rodinhas, ele pensou em comprar uma carriola, alternativa mais rápida e viável a um carrinho de mão.

Da decisão de cair na estrada a organizar tudo e dar o primeiro passo, foram três dias. Ao começar os preparativos, Lucas percebeu que o sentimento de angústia dava espaço para a alegria. Agora, ele passa pela cidade de Salto-SP e espera chegar na cidade sem limites cumprindo cinco metas: chegar em Bauru, não gastar dinheiro, começar e finalizar com a carriola, não pegar nenhum tipo de carona e dormir somente na barraca.

Alegrias e perrengues

Durante a entrevista é possível perceber a voz embargado do bauruense ao relatar acontecimentos que lhe trazem emoção. Entre eles, a solidariedade das pessoas que encontra no caminho.

As rotas são ‘vivas’, não dá pra saber o que te espera. Eu só projeto coisa boa em oração e isso aparece no caminho depois de 20km. Fiquei dois dias sem comer mistura, quando tive vontade, me ofereceram. Eu amo café e eu acordei hoje com o irmão dizendo: ‘vou fazer um café ali pro cê mano‘. Eu tenho vontade de chorar todas as vezes que isso acontece, me seguro, porque percebo que estou no caminho certo, que Deus vai prover o meu caminho e que a única coisa que eu preciso é confiar nele”, relata. 

Assim como após caminhar por duas horas e meia, a fim de achar uma bica de água antes de escurecer, ele se encontrou frente a uma casa iluminada no meio da escuridão. Chamou por alguém algumas vezes para pedir permissão de montar sua barraca e quando já estava desistindo, o dono da casa respondeu ao chamado. Ali Lucas foi recebido com um prato de arroz, feijão, farofa, calabresa acebolada e suco de limão do mato.O sabor é diferente, comenta. 

Mas o caminho não deixa de ter os seus perrengues. Entre eles, a própria carriola que foi feita para pequenas distâncias e sobrecarregam o peso nos ombros. A vez que quase caiu de uma ribanceira e de uma noite em que fez muito frio.

Entre acontecimentos bons e ruins, Lucas ressalta a generosidade das pessoas. “Me oferecem emprego, moradia, carona, jantares e presentes. Mas eu só aceito o necessário para a minha próxima parada, dois litros de água, pão ou bananas. Não tem porque eu pegar mais, só me trará peso extra para a viagem”, relata. É difícil eu descrever o que estou vivendo. O caminho é repleto de momentos marcantes.”

Os próximos passos do bauruense

Energia é uma palavra constante nas falas de Lucas e uma definitiva na hora de escolher quando voltar para a estrada ou ficar na cidade. Assim, ele revela que conhecer locais diferentes está sendo encantador.  

“Eu tinha uma meta de fazer a viagem em 20 dias, mas é muito lugar legal e conhecê-los está me fazendo muito feliz. O povo local é muito receptivo e está da hora”, admite.

Os próximos destinos certos são as cidades de Três Corações e de Piracicaba. Após passar por elas, Lucas definirá qual o ponto seguinte, e assim, vai chegando cada vez mais perto de Bauru. Quando isso acontecer, ele se prepara para o que sempre faz quando chega em uma cidade nova: tira o sapato, arma a barraca e se alimenta. 

Quer acompanhá-lo nesta viagem a pé? Siga-o no Instagram @lucasdecoco.

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