A partir desta quarta-feira, 9 de junho, o Sesc Bauru recebe itinerância da mostra “Gold – Mina de Ouro Serra Pelada”. A exposição é do fotógrafo Sebastião Salgado, um dos nomes mais proeminentes da contemporaneidade.

Os mais de 50 registros que compõem a mostra, todos feitos na década de 1980, trazem ao público a realidade do que foi o maior garimpo a céu aberto do mundo, na região da Amazônia Paraense.

O público poderá visitar a exposição de forma gratuita, de terça a sexta, das 8h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h, mediante agendamento prévio pelo site sescsp.org.br/bauru. As visitas têm duração máxima de 60 minutos, a cada 1h15, e máximo de 10 pessoas. O uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas, durante todo o período.

A exposição, que teve a sua estreia no Sesc Avenida Paulista, tem curadoria e design de Lélia Wanick Salgado. Ela é responsável pela editoria e organização de todo o trabalho de Sebastião Salgado, co-fundadora da agência Amazonas Images e do Instituto Terra.

Na abertura da mostra na cidade, o Sesc Bauru promove um bate-papo online, às 19h30, no canal do YouTube entre o garimpeiro e agricultor Etevaldo da Cruz Arantes e o fotógrafo e antropólogo indígena Edgar Kanaykõ Xakriabá. O encontro, que é mediado pela geógrafa e educadora Flora Pidner, aborda questões relacionadas ao garimpo, sustentabilidade e fotografia.

Segundo Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do Sesc São Paulo, “Ao apresentar a exposição Gold – Mina de Ouro Serra Pelada, o Sesc reitera o seu compromisso com uma agenda cultural que revela relações entre habitantes e o planeta, e que, aliadas a pulsões distintas compõem o temperamento humano e servem como semeadura para terrenos geopolíticos e expressivos. Assim, corrobora com o propósito de exercitar olhares éticos e críticos, sobre acontecimentos fundamentais de uma história recente e que se relaciona intimamente com ambos, presente e futuro, que avistamos diante de nós”.

Serra Pelada presente

A descoberta acidental de ouro em uma remota encosta do morro do Pará atraiu milhares de garimpeiros autônomos de diversas partes do país em busca do mesmo sonho: enriquecer. Serra Pelada, como a mina foi batizada, se tornou um imenso buraco de cerca de 200 metros de diâmetro e profundidade. Lá, em torno de 80 mil homens tinham um fluxo intenso de trabalho em condições precárias. Tudo o que era retirado da terra tinha destino e, cada metro quadrado, um dono.

Os primeiros a chegar ao local receberam lotes de 2×3 metros para explorar e contratar peões para fazer o trabalho pesado, que envolvia cavar e juntar terra e depois carregar morro acima sacos de cerca de 40 quilos. No topo, a terra era peneirada em busca de ouro sob os olhos do proprietário do lote.

Os peões, homens de todas as idades, raças e classes sociais eram supervisionados pela polícia federal, enviados para conter a violência. Entretanto, a maior tensão ocorria justamente entre os oficiais e os garimpeiros.

Em meio a este ambiente de esperança e aflições, Sebastião Salgado registrou as trilhas encravadas na cratera, os garimpeiros com sacos de terra nas escadas de madeira (apelidadas sugestivamente de “adeus mamãe”), o sobe e desce de corpos cobertos de lama e suor, o desapontamento em cada vão aberto sem uma pepita achada e a euforia do encontro com um lampejo dourado.

Suas fotografias revelam anseios e alegrias de homens que largaram suas vidas e famílias para desbravar uma terra com condições inóspitas e de futuro incerto.

As obras resultantes da expedição do fotógrafo são expostas em Gold – Mina de Ouro Serra Pelada. O conjunto propõe a reflexão e o olhar crítico sobre a história da mina, que configura um passado recente possível relacionado com o presente e o futuro da humanidade e do planeta.

Sobre Sebastião Salgado

Nascido em 1944, em Minas Gerais, Brasil, Sebastião Salgado atualmente vive em Paris, na França. É casado com Lélia Wanick Salgado, com quem tem dois filhos e dois netos. Formado em economia, Salgado começou sua carreira como fotógrafo profissional em 1973, na capital francesa, e trabalhou com agências de fotografia – dentre as quais a Magnum Photos – até 1994, época que ele e Lélia Wanick Salgado fundaram a Amazonas Images, dedicada exclusivamente à sua obra.

Sebastião Salgado e sua esposa Lélia Wanick Salgado (Crédito: Philippe Petit)

Salgado já viajou por mais de 100 países para desenvolver seus projetos fotográficos. Além das publicações na imprensa, sua obra foi apresentada em livros como Other Americas [Outras Américas] (1986), Sahel: l’homme en détresse (1986), Sahel: el fin del camino (1988), Workers [Trabalhadores] (1993), Terra (1997), Migrations [Êxodos] e Portraits [Retratos de crianças do êxodo] (2000), Africa (2007), Genesis (2013), The Scent of a Dream [Perfume de sonho] (2015), Kuwait, a desert on fire (2016) e Gold (2019). Todos esses livros foram editados, concebidos e tiveram seu projeto gráfico elaborado por Lélia Wanick Salgado.

Atualmente, Sebastião trabalha em um projeto fotográfico sobre a Amazônia brasileira, seus habitantes e as comunidades indígenas. Seu objetivo é ampliar a conscientização sobre as ameaças que elas enfrentam em consequência da exploração ilegal da madeira, da mineração do ouro, da construção de represas, da criação de gado e do cultivo de soja e, cada vez mais, das mudanças climáticas.

Desde 1990, Lélia e Sebastião vêm trabalhando juntos na recuperação de parte da Mata Atlântica brasileira, no estado de Minas Gerais. Em 1998, conseguiram tornar essa área uma reserva natural e criaram o Instituto Terra. A missão do Instituto é voltada ao reflorestamento, à conservação e à educação ambiental.

Orientações de segurança para visitantes

O Sesc São Paulo retoma, de maneira gradual e somente por agendamento prévio online, a visitação gratuita e presencial a exposições em suas unidades na capital, na Grande São Paulo, no interior e no litoral. Para tanto, foram estabelecidos protocolos de atendimento em acordo com as recomendações de segurança do governo estadual e da prefeitura municipal.

Para diminuição do risco de contágio e propagação do novo coronavírus, conforme as orientações do poder público, foram estabelecidos rígidos processos de higienização dos ambientes e adotados suportes com álcool em gel nas entradas e saídas dos espaços. A capacidade de atendimento das exposições foi reduzida para até 5 pessoas para cada 100 m², com uma distância mínima de 2 metros entre os visitantes e sinalizações com orientações de segurança foram distribuídas pelo local.

A entrada na unidade será permitida apenas após confirmação do agendamento feito no portal do Sesc Bauru. A utilização de máscara cobrindo boca e nariz durante toda a visita, assim como a medição de temperatura dos visitantes na entrada da unidade serão obrigatórias. Não será permitida a entrada de acompanhantes sem agendamento. Seguindo os protocolos das autoridades sanitárias, os fraldários das unidades seguem fechados nesse momento e, portanto, indisponíveis aos visitantes.

Serviço
Mostra: Gold – Mina de Ouro Serra Pelada
Local: Sesc Bauru (Av. Aureliano Cardia, 6-71)
Período expositivo: 10 de junho a 30 de outubro de 2021
Horário de visitação: terça a sexta, das 8h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h
Visita apenas com agendamento pelo link: sescsp.org.br/bauru

Compartilhe!
Carregar mais em Cultura

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verifique também

Capital Inicial abre Facilpa 2024 na quinta-feira (25); Confira programação

Nesta quinta-feira (25), a banda Capital Inicial abre a 44ª edição da @facilpa (Feira Agro…