Diante de seus olhos a história recente passou. Mas, Paulo Neves não foi um mero espectador de acontecimentos. Antes de tudo, foi – e ainda é – um construtor atento, por vezes solitário, de sonhos, palcos e letras.

Grande parte da história vivida e construída ao longo dos últimos anos foi documentada pelo próprio Paulo com anotações e arquivos de imagens, jornais e documentos. Diante da riqueza desse material, tanto para história cultural quanto política de Bauru e região, surgiu por iniciativa de seus filhos – Talita e Thiago Neves – o “projeto-territórios”.

Realizado por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC Expresso Lab), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e do Governo Federal – Lei Aldir Blanc, o “projeto-territórios” prevê para as próximas semanas uma série de lançamentos.

Primeiramente, o livro de memórias “Palco de memórias – 50 anos de teatro e luta, autobiografia comentada de Paulo Neves” (Editora Mireveja).

Posteriormente, a temporada online do experimento cênico “#Errar_e_humanum_e”, uma criação coletiva feita por artistas que passaram pelo Curso Livre de Teatro Paulo Neves tendo como base texto “Errare Humanum Est”, encenada por Paulo na década de 1970, que marcou a estreia de Celulari nos palcos. Além do “Precário Poético”, um minidocumentário audiovisual.

“Com o projeto, será possível conhecer um pouco como foram importantes acontecimentos culturais, políticos e sociais dos últimos 70 anos. Entre eles o teatro amador no interior do estado, a Ditadura Militar e diferentes ações culturais que contribuíram para a formação de público e espaços de cultura em Bauru”, destaca Talita.

Personagens: passado, presente

Nascido em Bauru, no dia 13 de maio de 1948, filho de Eurico Camargo Neves e Celina Lourdes Alves Neves, Paulo testemunhou de perto o desenvolvimento da cidade, em diferentes aspectos. Seu avô, por exemplo, além de jornalista, foi agente ferroviário da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB).

Dos primeiros anos, das brincadeiras entre vizinhos pelas ruas do centro de Bauru, ficaram as lembranças da efervescência da cidade que se expandia seguindo os trilhos do trem. E, com a morte repentina do pai, foram os avós e a mãe os grandes responsáveis por sua formação enquanto artista e – principalmente – cidadão.

“Recordo-me intensamente dessa grande mulher, grande mestra, diretora de teatro, exímia professora de datilografia, taquigrafia, caligrafia, conhecimentos gerais, política”, conta Paulo sobre a mãe, Celina, que hoje dá nome ao Teatro Municipal da Cidade.

Além dos familiares, a trajetória de Paulo é repleta de encontros com outras figuras ilustres que também nasceram ou fizeram de Bauru um lar. Entre eles, Pelé (que foi aluno de Celina), Mauro Rasi, o ex-prefeito Osvaldo Sbeghen, o editor Nilson Costa, o educador e empresário Gerson Trevisani (Duda), o jornalista João Jabbour, o músico e professor Roberto Magalhães, entre outros.

Relações estabelecidas pela vida e ofício, seja como diretor de teatro, professor de História e jornalista – com passagem pelo Jornal da Cidade, onde passou a colaborar aos 25 anos de idade. Além disso, também formou milhares de alunos e levou aos palcos gerações de atores; entre eles, nomes de destaque nacional, como Adriano Garib, Arieta Corrêa e Edson Celulari.

Edson Celulari no ensaio de “Errare Humanum Est” (Foto: arquivo pessoal)

“Meu filho, Thiago, fez um levantamento – dirigi 87 espetáculos, em 53 anos como diretor, de 1968 até hoje”, conta Paulo em sua recém autobiografia lançada.

Para conhecer mais sobre o “projeto-territórios” e as ações previstas basta acessar os perfis oficiais nas redes sociais: @um_projeto_de_paulo_neves.

Lançamento do projeto sobre Paulo Neves

O “projeto-territórios” acontecerá em três etapas. A primeira delas é o lançamento do livro “Palco de memórias – 50 anos de teatro e luta, autobiografia comentada de Paulo Neves” (Editora Miraveja), no dia 23 de junho, às 20h, em evento online com a participação do autor e convidados. Informações sobre esse evento serão divulgadas em breve.

O livro já está em pré-venda no site da Editora Mireveja (editoramireveja.com) por preço promocional.

A segunda etapa do projeto, acontece de 26 e 27 de junho e 03 e 04 de julho, sábados, às 20h, e domingos, às 19h, com a temporada online e gratuita do experimento cênico “#Errar_e_humanum_e”.

Por fim, em agosto, em data a ser definida, será lançado o mini documentário audiovisual. “Precário Poético”.

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